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Nova declaração de princípios, ou: uma vez jornalista, a voz não se cala. Discorda-se, abafa-se, renega-se, mas a voz não se cala!

Nova declaração de princípios, ou: uma vez jornalista, a voz não se cala. Discorda-se, abafa-se, renega-se, mas a voz não se cala!

Peço a permissão para escrever em primeira pessoa, ao longo de alguns parágrafos. Fui colunista de A Pátria, por diversos meses, e, após uma sobrecarga de atividades, relacionadas à necessidade de recomeçar a vida presencial — após a quarentena imposta pela pandemia da COVID-19, tema recorrente de meus artigos —, precisei de uma pausa. Publiquei um texto de despedida provisória (disponível aqui) e, agora, tenho gana de voltar a escrever sobre Cinema e, a partir disso, sobre Política e a vida como um tudo: todos os assuntos se relacionam, afinal!

Após um alvissareiro contato com os editores deste jornal, voltado à Comunidade Científica de Língua Portuguesa, fui prontamente reacolhido, e estou novamente apto a compartilhar as minhas impressões sobre alguns títulos e eventos, no afã por somar-me à luta diuturna pela defesa de nossos direitos humanos. Através de nosso acesso aos produtos culturais, aprendemos mais, podemos encontrar afetos e ressonâncias em relação àquilo que pensamos e sentimos. Dissonâncias também: pois discordar com respeito à essencial. É o dissenso que permite a transmissão e proliferação de idéias. Como diz a anedota: quando temos um pão e o dividimos com alguém, cada um fica com meio-pão. Quando temos uma idéia e a compartilhamos com outrem, estas se multiplicam…

Presumo que, a esta altura, seja fato conhecido que meu filme favorito é “Cidadão Kane” (1941, de Orson Welles. Em Portugal, “O Mundo a Seus Pés”). Não apenas porque ele é o suprassumo da técnica cinematográfica, numa época em que Hollywood percebeu que precisava se modernizar para sobreviver, mas também porque esta obra-prima sobre a impotência associada ao poder, paroxismo dos paroxismos, orienta-nos a não julgar apenas pelas aparências, a não circunscrever os indivíduos em fórmulas limitadas de encaixe. Como conclui alguém, ao término da obra, “nenhuma palavra é capaz de explicar toda a vida de um homem”!

Num dos momentos mais importantes do filme, o protagonista (vivido pelo próprio diretor) redige uma “declaração de princípios”, ao adquirir um pequeno estabelecimento de imprensa, que logo transformar-se-á num conglomerado. É patente que o personagem foi inspirado no polêmico empresário editorial William Randolph Hearst [1863–1951], mas não é uma alobiografia, e sim uma metonímia: as reviravoltas dramáticas do oscarizado roteiro têm a ver com todos nós. É o meu filme de cabeceira, aquele que faço questão de rever sempre que possível. Caso alguém ainda não o tenha enfrentado, fica a recomendação emergencial!

Tendo escrito isso, declaro que, às sextas-feiras, terei a honra de ser novamente publicado neste consagrado veículo, versando sobre Cinema e assuntos correlatos. A edição do Eurovision 2024, por exemplo, merece alguns comentários (no que tange à excessiva indulgência quanto aos crimes de guerra israelenses, visto que o país pôde participar do concurso como se nada estivesse acontecendo), bem como os novos filmes do português Miguel Gomes e do brasileiro Karim Aïnouz [respectivamente, “Grand Tour” (2024) e “Motel Destino” (2024)], ambos em competição no Festival Internacional de Cinema de Cannes. Assuntos não nos faltarão: a voz de um jornalista não se cala, ratifico. Obrigado por me aceitarem de volta. Vamos conversar?

Wesley Pereira de Castro.

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