Será realizado nos dias 9 e 10 de maio na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, a Conferência Medievalismos luso-tropicais, orientais e pós-luso-tropicais: encruzilhadas da definição da Idade Média portuguesa como passado do Brasil. c. 1850-c. 1980.
Decorridos mais de 30 anos sobre a morte de Gilberto Freyre, o Instituto de Estudos Medievais (IEM), o Instituto de História Contemporânea (IHC) e a revista Práticas da História abriram um espaço de discussão académica sobre os usos da Idade Média na construção da(s) identidade(s) luso-brasileira(s) nos séculos XIX e XX. Em abril de 2018 foi realizado um primeiro seminário exploratório sobre essas questões.
As propostas para comunicações devem ter um abstract até 300 palavras e uma pequena nota biográfica (até 60 palavras). Elas deverão ser enviadas até ao dia 10 de março de 2019, para medievalismos@fcsh.unl.pt, numa das seguintes línguas: português, inglês, francês ou espanhol. A divulgação das propostas aceites será feita por e-mail no dia 25 de março. Um volume de textos selecionados por arbitragem científica será publicado em 2020.
Produto da colonização portuguesa e dos processos políticos das épocas moderna e contemporânea, o Brasil é uma nação cuja identidade, à semelhança das restantes nações americanas, tem sido construída sobretudo com base num passado pós-medieval. Esta caraterística, porém, não tem impedido que elementos da Idade Média europeia, e especificamente portuguesa, tenham surgido e sido incorporados na cultura histórica brasileira, influenciando a imagem que os brasileiros criaram sobre si próprios.
Particularmente relevante foi a obra de Gilberto Freyre (1900-1987), intelectual cujas teses foram alvo de uma especial apropriação política por parte do Estado Novo em Portugal, mas que também marcaram de forma indelével as narrativas sobre a identidade nacional brasileira.
A ideia do Portugal medieval como “melting pot” de culturas diversas (cristãos, muçulmanos e judeus), embora já defendida por vários autores desde o século XIX, serviria de base para as teorias de Freyre em torno de uma suposta “propensão portuguesa” para o bom relacionamento com os povos tropicais – teorias estas que, na altura da sua produção, foram alvo de fortes polémicas no Brasil e que seriam mais tarde descritas como “luso-tropicalismo”.
Mais informações: https://plataforma9.com/congressos/medievalismos-luso-tropicais-orientais-e-pos-luso-tropicais.htm;jsessionid=FC058A9F301B5057CDC8E0C55CC746EA
Fonte: Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.