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Era uma vez uma Aventura

Era uma vez uma Aventura

A Aventura da escrita é diferente de escritor para escritor. Não há uma fórmula, não há um método, não há uma técnica; o que há é trabalho árduo, estudo, experimentação, aplicação e dedicação. E é daqui que sai a «fórmula mágica» de cada escritor, que não é nem mágica nem aplicável a toda a gente, mas é única e particular; para cada romance.

Quando a pergunta sobre o método de trabalho é formulada a um escritor, ou escritora, reparem que respondem sempre com muitas reticências, com muitas cautelas e – regra geral – sublinhando, quase sempre – também -, que é o que funciona com eles… Eles são os primeiros a darem-nos a ideia de que não há métodos absolutos e mágicos; e é normal que o façam, porque se alguém sabe como é difícil construir uma história e como, por vezes, a abordagem que funcionou para um romance não funcionou para outro, é quem os escreve: os escritores.

Não estou a dizer que um escritor não precisa de técnica ou de método, estou a afirmar que essas técnicas e métodos nascem do trabalho, da experimentação, da aplicação, do estudo, da dedicação e da partilha que poderá haver entre colegas escritores… Por vezes, aquilo que me desafia pode já ter desafiado outra pessoa e posso, pelo que essa pessoa me diz, descobrir como resolver a minha questão; e atenção que digo «descobrir» e não «saber», porque tudo o que posso fazer é entender o método e adaptá-lo a mim…

É claro que todos os escritores têm a suas rotinas de trabalho, coisas que repetem ao longo da vida literária em todos os livros que escrevem e, muitos, até têm rituais que gostam de cumprir; são, na sua essência, aspectos que fazem parte do seu processo de escrita e que, por vezes, até podem ser similares aos de outros escritores, mas não são a magia nem o método que os torna melhores… O que os torna melhores, ou não, está dentro deles, na sua mente, na forma como as suas ideias se formam, no processo mental, e em como tudo isso se transforma em maravilhosa prosa e diálogos; ou em poesia.

Estou a insinuar que um escritor é resultado somente do seu talento; e que esse talento é algo sobrenatural?

Nim… Estou a dizer que a técnica e o método, por si só, permite-nos escrever melhor, mas não nos torna escritores; e estou a dizer que um escritor, ou escritora, talentosos, poderão beneficiar da evolução da sua técnica e método, mas já têm em si aquilo que os distinguirá: uma dinâmica mental única, própria, que lhes permitirá tecer as grandes obras a que estão destinados.

Duvidam?

Perante a quantidade de gente que hoje se intitula como storytellers e professores de escrita criativa seria de esperar que somente agora se escrevessem grandes livros; no entanto, a informação que vem do mercado editorial é que cada vez recebem mais lixo. Porque será?

Como terá sido possível a Eça de Queiroz escrever tão bem, sem quem lhe ensinasse? E que dizer do Raúl Brandão ou do Almeida Garrett; ou do Alexandre Herculano e de Fernando Pessoa?

Não sei… Afinal, coitados, não tinham quem lhes dissesse como se escreviam livros…

Eu tenho cá para mim que escrever livros não se ensina; aprende-se com trabalho árduo, estudo, experimentação, aplicação e dedicação, porque cada escritor tem a sua própria jornada e, em cada romance, o seu desafio. A vida de escritor, como os livros e a própria vida, é uma bonita história de descoberta e superação e, tal como ninguém nos pode ensinar a viver, ninguém nos pode ensinar a escrever um livro.

 

 

Imagem de rawpixel por Pixabay

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