Em defesa do documentário: “quando a imprensa se curva perante as autoridades, estas tratam mal os cidadãos”!


Dentre os títulos elegíveis para indicações ao Oscar 2021, o filme romeno “Colectiv” (2019, de Alexander Nanau) desponta como um dos favoritos às categorias Melhor Documentário e Melhor Filme Internacional. Além de ter recebido um dos principais prêmios no 25° Festival Internacional de Documentários É Tudo Verdade, em 2020, recebeu mais uma vintena de láureas em festivais cinematográficos ao redor do mundo, além de variegadas indicações. É, desde já, um dos exemplares mais importantes do gênero neste início de século XXI…
A repetição na arte enquanto artifício político: homenageemos Paula Gaitán!


Além dos novos curtas e longas-metragens de uma geração mui recente de cineastas, há, nesta edição virtual de 2021 da Mostra Tiradentes, uma seleção de filmes destinada a homenagear a cineasta franco-colombiana Paula Gaitán, cuja filmografia condiz perfeitamente com aquilo que é apregoado pelos curadores da Mostra. Francis Vogner dos Reis, o coordenador curatorial da edição deste ano, refere-se costumeiramente a ela como instauradora de processos fílmicos que são contingenciais e intuitivos. São filmes que enfatizam justamente o processo, portanto, que não esgotam-se na filmagem ou posterior expectação. Requerem debate – e carecem disso para que funcionem efetivamente!
Laudo sobre 2020: resistir vai além das “estratégias étnicas para geração de renda”…


Ainda que evite os cacoetes de narrativização (não há qualquer clímax conflitivo em “City Hall”, por exemplo), o modo como Frederick Wiseman monta as suas obras faz com que a fruição do espectador assemelhe-se à percepção ficcional: a rotina da instituição em pauta (a prefeitura) é organizada de forma aparentemente linear, de modo que há um entrecho a desenvolver-se diante de nossos olhos. No caso, a História, com H maiúsculo!
“Eu não estou conseguindo fazer filmes. Por isso, volto a mim mesmo”: não é um documentário, é um drama. Não se excluem, aliás!


Obcecado tematicamente por uma espécie de redenção romântica/sexual que advém de uma via-crúcis sadomasoquista, Kim Ki-Duk iniciou tardiamente as suas atividades cinematográficas, sem ter estudado especificamente para isso, aos 36 anos de idade, com o longa-metragem “Crocodilo” (1996). Nos anos seguintes, converteu-se num cineasta deveras prolífico, às vezes realizando mais de um filme por ano, entre eles, os mui elogiáveis “A Ilha” (2000), “Endereço Desconhecido” (2001) e “Casa Vazia” (2004). Tornou-se igualmente amado e odiado pelos críticos. Até acontecer o acidente que desencadeou a sua renascença pessoal e artística, via “Arirang”. É sobre este filme que falaremos a partir de agora…
“Quando nasce um filme? Às vezes, ele nasce de uma sentença de morte!”


Após estrear no Festival Internacional de Cinema de Veneza, “Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou” (2019, de Bárbara Paz) recebeu o prêmio de Melhor Documentário e um prêmio especial da Crítica Independente, iniciando assim a sua carreira de láureas. Ao ser escolhido pelo Comitê de Seleção da Academia Brasileira de Cinema e Artes Audiovisuais como o representante para a possível indicação ao Oscar de Melhor Internacional em 2021, houve certa celeuma em razão de tratar-se de um documentário, gênero que alguns temem que não seja suficientemente popular (na acepção industrial do termo)…
“O povo não vai embora!”: o testamento combativo de um gênio terceiro-mundista


No dia 06 de novembro de 2020, aos 84 anos de idade, Pino Solanas falece, em decorrência de complicações do CoronaVírus, na capital francesa, Paris. Em seu país, a quantidade de casos e mortos aumenta de forma acachapante, por causa da segunda onda da doença. O mundo atual confirma a impressão de “genocídio neoliberal” que o cineasta diagnosticou em vários de seus filmes, incluindo o recente documentário “Memórias do Saque” (2004). É acerca deste filme que deteremo-nos daqui por diante…
“Sabe por que a cocaína é proibida no Brasil?” O filme como um contra-exemplo


Abordar as variáveis – tramáticas ou documentais – referentes às drogas é, uma questão muito delicada, em razão da tendência quase inevitável à criminalização. Sendo assim, o filme “Cracolândia” (2020, de Edu Felistoque) acrescenta alguns aspectos mui problemáticos a esta reflexão. Inclusive, porque uma breve análise da filmografia do diretor faz com que temamos aquilo que confirmar-se-á no primeiro instante: é um filme que escolhe a abordagem policialesca, a defesa das táticas de choque como necessidade emergencial de intervenção!
Para além da quarentena: a cinefilia orgânica enquanto práxis educativa!


Na introdução do livro “História do Cinema: dos clássicos mudos ao cinema moderno”, publicado internacionalmente em 2004, o crítico irlandês Mark Cousins escreve: “é útil imaginar o cinema evoluindo como uma linguagem ou replicando-se como genes, porque isso ilustra que o filme tem uma gramática e que, em alguns aspectos, ele cresce e sofre mutações”. […]
Sem a prerrogativa da dúvida, “quanto mais se pode ver, mais se pode cometer erros”!


O lançamento de um documentário como “Não Haverá Mais Noite” (2020, de Eléonore Weber) surpreende pela aplicação prática das teorias virilianas, numa conjuntura assaz contemporânea: é o corolário perfeito (e apavorante) do combate de narrativas, convertido em potenciais genocídios, que caracteriza a chegada ao poder das facções de extrema-direita, além de metonimizar a perene atividade destrutiva do imperialismo estadunidense ao redor do mundo.
“O lugar é o mesmo, mas meu pai se foi…”: a vida enquanto documento de resistência!


Sob o comando do cineasta, artista plástico e militante chinês Ai Weiwei, o documentário “CoroNation” (2020) insurge-se como brilhante relato sobre a devastação ocasionada pelo CoronaVírus, cujo primeiro caso foi relatado em primeiro de dezembro de 2019, na cidade de Wuhan.
Documentário celebra 200 anos de expedição alemã na Amazônia


A expedição pelo Brasil que durou três anos, percorreu mais de 10 mil quilômetros e coletou cerca de 10 mil espécies, entre vegetais e animais, durou de 1817 a 1820 e foi realizada pelos exploradores alemães Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Martius. No bicentenário dessa viagem, que deu origem à maior obra em […]
Magia encadernada


Você imagina o que acontece quando todas as luzes se apagam e a noite cai dentro de uma livraria? O diretor de arte Sean Ohlenkamp tentou descobrir: passou quatro noites em claro na livraria Type, localizada em Toronto. Quer saber o que descobriu?
Grandes e inusitadas movimentações!
Isolamento social preventivo X acolhimento audiovisual curativo: o abraço que provém do olhar…


Contemplado por um projeto governamental de fomento à produção de documentários regionais – infelizmente, não mais vigente na gestão bolsonarista, dolorosamente refratária à cultura –, o longa-metragem “Avenida Brasília Formosa” (2010) segue à risca o jargão do projeto: “quando a realidade parece ficção, é hora de fazer documentários”. Portanto, é um ótimo e contundente filme, sobremaneira adequado para quem encontra-se atualmente em quarentena.
Dois filmes, as mazelas da guerra, e o silenciamento daquilo que dói mais…


Em “1917”, as proezas técnicas do fotógrafo Roger Deakins soam gratuitas ou pouco expressivas na nulidade dramática do percurso efetuado por um soldado aparentemente imbatível. Politicamente, isso chega a ser torpe. É neste momento que o documentário “Para Sama” surge como brilhante contra-exemplo.
Das possíveis concatenações entre política e religião


Divergências ideológicas à parte, não é um despautério afirmar que o papa atual demonstra-se bem mais progressista que os seus antecessores, conforme percebemos no documentário “Papa Francisco: Um Homem de Palavra” (2018), dirigido pelo consagrado cineasta alemão Wim Wenders.
A propósito de um ou mais curtas-metragens: um ‘corpus’ filmográfico que desnuda o Brasil atual!


Aloysio Raulino (1947-2013) é um dos mais conceituados diretores de fotografia do cinema brasileiro e possui uma fundamentada carreira no cinema documental de curta-metragem, em relação à qual convém traçarmos alguns dolorosos paralelos com a situação atual do Brasil…