“A gente não descobre o que é nosso sozinho!”, ou de como tudo o que fazemos resvala na crítica, inclusive em termos não-verbais…

Na tarde do dia 06 de junho de 2025, uma sexta-feira, como parte da programação associada à décima sexta edição do Unimídia, evento anual do curso de Comunicação Social – Midialogia, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), no Estado brasileiro de São Paulo, três críticos reuniram-se num debate sobre as suas atividades profissionais: Juliano Gomes, Marcelo Hessel e Rian Oliveira. Cada um deles possui afinidades com públicos distintos: o primeiro é editor da revista Cinética, e sobremaneira admirado pelos fãs de filmes contra-hegemônicos e de produções advindas de nacionalidades inóspitas e/ou vinculadas a esquemas distributivos paralelos; o segundo é co-fundador do ‘site’ Omelete, e um modelo para quem possui formação universitária e deseja se estabelecer devidamente no mercado de trabalho; e o terceiro é um chamariz neogeracional, famoso por divulgar uma página de chistes cinematográficos, conhecida como Hulk Cinéfilo.

“Diante de tudo aquilo que temos para descobrir, a tua vida realmente importa?”: a pergunta é outra; a ação, idem!

O Capitalismo a tudo apropria e, nalguns casos, os cacoetes de um declarado “cinema independente” convertem-se numa espécie de subgênero, em que os espectadores influenciáveis são atraídos por um “selo de autenticidade” que se revela tão ilusionista quanto as mais gritantes convenções hollywodianas. Podemos citar, como exemplo tipicamente norte-americano, as campanhas de divulgação da produtora e distribuidora A24, que realçam a “estranheza” dos enredos a ela relacionados. Em meio a esta grife, não são raros os produtos esteticamente falaciosos, direcionados àqueles que se deixam convencer pela aparência, em detrimento da essência. Temos a pretensão de afirmar que tu deves pensar num filme deveras específico, enquanto lês estas linhas…

“Todo homem tem direito a algum vício”: um elogio reiterado às atividades cineclubistas

Ponto culminante de uma trilogia sobre terror ecológico, iniciada com “Mangue Negro” (2008), e continuada através de “A Noite do Chupacabras” (2011), “Mar Negro” (2013) surpreende pelo modo como comunga diversos núcleos de personagens, que terminam se encontrando na inauguração do Sururu’s Club, um prostíbulo interiorano comandado pela travesti Madame Úrsula (Cristian Verardi). Na primeira seqüência do filme, dois pescadores lamentam a ausência de peixes, enquanto navegam pelo mar, à noite. De repente, um deles puxa uma rede e percebe que capturou uma arraia contaminada. É apenas o começo de um jorro de sangue…