O património pertencente à Sociedade Martins Sarmento foi sendo constituído ao longo dos tempos, em parte resultante de doações feitas à instituição, algumas das quais foram sendo noticiadas nos periódicos vimaranenses.
De uma maneira geral, os periódicos, Religião e Pátria, Comércio de Guimarães, Notícias de Guimarães, selecionados para a análise neste trabalho salientam as doações feitas tanto aos museus (arqueológico, etnográfico e numismático) como à biblioteca da instituição, como forma de agradecer publicamente aos autores das doações em questão.
A primeira notícia que importa destacar, relaciona-se com a abertura do museu arqueológico, as de 14 de fevereiro de 1885, no Religião e Pátria, divulgada, dois dias depois, de forma idêntica no Comércio de Guimarães (ano 1, nº68, 16 de fevereiro de 1885, p.1). Em ambos é apontada a lentidão existente em Portugal relativamente a iniciativas culturais, destacando o seu papel na cidade de Guimarães, como uma das cidades do país onde este tipo de investimentos era feito com maior frequência.
Algumas das peças doadas aos museus da Sociedade foram noticiadas e apresentadas aos leitores com maior pormenor, como, com frequência, aparece no Comércio de Guimarães. É o caso da inscrição funerária, de carateres góticos datada do século XIII, que foi oferecida pelo Sr. Sebastião Ribeiro da Silva Guimarães (ano 2, nº135, Sociedade Martins Sarmento, 16 de fevereiro, p.1), noticiada em 1885, ou da doação de machados da Idade da Pedra e de vasilhas encontradas em cemitérios pagãos, assim como de moedas de várias origens e diferentes períodos históricos, doadas pelo Dr. José de Barros Silva, médico em Marco de Canaveses (ano 4, nº319, Sociedade Martins Sarmento, 7 de novembro de 1887, p.2). Outro exemplo é o da oferta da coleção de tijolos e mosaicos romanos encontrados na Termas Romanas de Vizela (ano 10, nº 841, Sociedade Martins Sarmento, 25 de maio de 1993, p.2).
Com o passar dos tempos o número de doações foi aumentando, uma vez que muitos dos colecionadores que investiam na arqueologia, queriam também contribuir para o enriquecimento patrimonial da Sociedade Martins Sarmento.
Apesar das doações serem fundamentais, o papel de Francisco Martins Sarmento, atual patrono da instituição, foi igualmente decisivo para a organização e enriquecimento dos museus arqueológico e numismático. Em 1887, são noticiados no nº 5 do Religião e Pátria (serie 42, Sociedade Martins Sarmento, 16 de julho de 1887, p.2) os trabalhos de organização do museu arqueológico dirigidos pelo arqueólogo vimaranense, após a conclusão das novas galerias do museu. São ainda várias vezes noticiadas as doações, feitas por Martins Sarmento, dos materiais originários das escavações que realizava, como noticia o Comércio (ano 8, nº698, 18 de junho de 1891, p.3), designadamente a oferta de uma pedra com inscrição, encontrada na freguesia de Pedome (Guimarães), ou dos monumentos encontrados em Braga e na freguesia de Santo Estevão de Briteiros (Guimarães) (Comércio de Guimarães, ano 9, nº764, Monumento arqueológico, 1 de agosto de 1892, p.2).
Relativamente às ajudas financeiras dadas por Martins Sarmento à Sociedade, refira-se por exemplo, a aquisição de um monumento arqueológico, devido à curiosidade que despertava na altura, designado por Colosso de Pedralva, ou também a compra de propriedades que possuíam monumentos arqueológicos. Relativamente ao Colosso de Pedralva, adquirido por Sarmento em 1876 apenas em 1929 foi transportando para o museu arqueológico da Sociedade, de acordo com a notícia do Comércio de Guimarães (Ano 45, nº 4267, Sociedade Martins Sarmento, 17 de maio de 1929, p.1). No que toca à aquisição de terrenos, em 1891 (Comércio de Guimarães, ano 8, nº658, 18 de junho de 1891, p.3), é referido que Francisco Martins Sarmento aproveitou uma lei que estava em vigor, que possibilitava a instituições literárias como a Sociedade Martins Sarmento, adquirir bens imóveis destinados a exploração ou conservação, solicitando , solicitando à instituição a autorização em comprar dois terrenos, um localizado em Viana do Castelos e outro em Trás-os-Montes, que possuíam dolmens e as respetivas mamoas.
Após a organização do museu arqueológico, continuou durante vários anos a ser alvo de doações de privados sendo frequentemente referido nos periódicos em questão.
No caso das doações feitas à biblioteca da Sociedade constituída maioritariamente por material bibliográfico originado por este meio, eram também motivo de notícia, publicando os autores das mesmas, como forma de agradecimento público.
Para além das doações de materiais, informações como balanços relativos à quantidade de espólio documental da biblioteca existente de ano em ano e a formação e publicação de catálogos desta e do museu foram temas por várias vezes destacados na imprensa.
Desta forma, é possível afirmar que os periódicos noticiavam os museus e a biblioteca da SMS, através do agradecimento da ajuda de externos (doações, e da exposição da evolução que ao longo dos anos o património teve.