Acabou de ser publicado na revista científica Nature Communications um estudo de um novo modelo animal para estudar o autismo. O trabalho desenvolvido por uma equipa de investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular (CNC) da Universidade de Coimbra, em colaboração com investigadores do Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos, demonstrou em pequenos roedores que a remoção do gene GRASP2 – que faz a reciclagem dos recetores metabotrópicos durante a comunicação neuronal – afeta o funcionamento do cérebro e os comportamentos dos animais.
O espetro do autismo é um transtorno neurológico causado normalmente por mutações de diversos genes, que resultam nas diversas formas da doença. É caraterizado por ações repetitivas designadas estereotipias, alterações na linguagem e nos comportamentos sociais. Algumas alterações, como as modificações nos recetores metabotrópicos de glutamato, são comuns às diferentes formas de autismo. Estes recetores foram a base do estudo do CNC-UC.
João Peça, líder da equipa de investigação, contou que “com este estudo, pretendemos ter um conhecimento mais profundo sobre determinados aspetos importantes da patologia do autismo. O nosso trabalho é o primeiro a olhar para o gene GRASP2 em detalhe. Achamos que este é um alvo interessante, pois poderá ser utilizado na regulação de múltiplas formas desta doença”.
A notícia revela ainda que, através da engenharia genética, foi comprovado que a função de reciclagem é extremamente importante, uma vez que, na sua ausência, há uma menor maturação dos neurónios durante o desenvolvimento cerebral – em particular, na região do hipocampo, a parte do cérebro que possibilita a aprendizagem e a formação de novas memórias.
“Uma semente para novos futuros” de acordo com o investigador mencionado anteriormente, foi financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia, pela Fundação Bial, pela Brain & Behavior Research Foundation e apoiada pelo projeto europeu Marie Curie.
Fonte em PortCom
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