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Fica por saber.

Fica por saber.

30/4/1914    30/4/2014

                                          (Seriam 107, há gente que não devia morrer.)                                                                                

Foi quase um século de paz.

Que conquista!

Com a calma que a brisa traz

E uma vida de artista.

Era quase sempre você, o seu violão e sua voz,

Raras parcerias, só você era mais que suficiente

Não há dúvidas, de que era pleno, para todos nós

Em sua rítmica prenhe, rica, pungente.

Numa batida única, própria, untuosa, e singular

Dizia tudo, do mais puro sentimento à uma receita culinária

Sem pretensão, muito simples, mas nunca vulgar

Com uma cadência mágica extraordinária.

Dói-me você não existir mais, meu grande babalorixá…

Parece que ainda o vejo como o conheci: todo de branco,

Até o cabelo, com seu imenso estatuto, permitiu-me  achegá           

E deixou-me sempre prisioneiro desse seu sorriso franco        

Fiquei impressionado quando soube que só nos deixou 104 canções,

parecem muitas mil, 104 sucessos sem exceção, nem uma só escapa

Sente-se assim porque todas despertam muitas mais emoções

o que multiplica nelas sua expressão, e tudo muito à socapa

Era sua forma depurada de fazer, fazer devagar, fazer com alma

Bahianamente, docemente, humanamente, como só você

Eu não consegui aprender, sempre aflito e sem calma

Que saudades sinto de não mais lhe poder ver.

” Ai, ai que saudades eu sinto da Bahia”

d'”A terra de Nosso Senhor”

De sua voz  que era nossa companhia

Que cantava o povo, seus gostos e seu amor

” Ai, esta saudade dentro do meu peito”

” Que carrega com a gente”

” Eu pelo menos mereço o direito”

De encontrar alguém clemente

Que me ‘acalante’ e que me acalente

Bahiano burro nasce morto, diz o povo

E quão certo estão, podemos crer

Você então é que deveria renascer

Pra nos poder cantar tudo de novo

Muitas são como cantigas de rodas

Do mais puro que o povo tem

São eternas e são modas

Que vivem no ontem, no hoje e no mais além

“Um peixe bom eu vou trazer.”

Pro Four men on a raftt de Orson Welles.

Ninguém nem nada os faria esquecer

Nem mesmo se quisessem, ou pudessem eles

Imagino Você entre as núvens com os arcanjos

E lá no céu todos começam a cantar

Cantam mulheres, crianças, cantam marmanjos

Já ninguém os consegue calar

E aguardamos aqui longe, longe dos anjos

Que por si, o pessoal não fica ‘cansado de esperar’.

Não, não…

Antológicas, página 31.

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