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Da bondade do superavit

Da bondade do superavit

Como tenho repetidamente afirmado em vários artigos, no mundo financeiro impera a premissa d’aquilo que aparenta é! Assim sendo, é primordial àquele que queira fazer grandes negócios  aparentar que tem dinheiro, suficiente para comprar meia cidade das grandes, fazendo todos pensarem que é com ele que devem negociar, pois pagará o melhor preço, será exato e pontual nos pagamentos, etcetera. Do mesmo modo aquele que recorrer a um empréstimo bancário, deve provar ao banco que tem recursos para comprar o próprio banco, e que pede o empréstimo apenas dentro da lógica financeira, e nada mais, de fato não precisa do dinheiro que pede.

Exageros à parte, o mundo das finanças é um mundo de mentirinha, onde as aparências não enganam, querem ser enganosas, o que é outra coisa.

O Dr. Centeno, ministro da fazenda de Portugal, e presidente do Eurogrupo, sabe perfeitamente disso, conhece as astúcias e os jogos do métier, sabe o quanto valem as aparências. Sabe que para um país superavitário, os empréstimos são, como para o cidadão que citei no primeiro parágrafo, apenas algo da lógica financeira. E há uma certa lógica nisto. Se o seu negócio dá lucro, superavit, terá condição de pagar aos empréstimos, e está tudo dito.

Por isso, e só por essa razão, é tão importante Portugal apresentar excedente orçamental. Ninguém gosta de lidar com falidos, principalmente os investidores e os bancos. Dinheiro que vem, e é só isto que importa! E o povo diz muito bem que o banco só empresta um pernil a quem tenha uma vara de porcos. E o bendito Dr. Centeno, e muito bendito, uma vez que economizou milhares de milhões ao seu país, evitou uma catástrofe, arrumou uma casa na miséria, por isso bendito sim, o Dr. Centeno, que conhece todas as manhas do meio que escolheu como sua especialidade profissional, sendo um dos maiores economistas do mundo, com quem Portugal e o António Costa tiveram a sorte de cruzar, faz questão de terminar sua obra, baixando até o possível os juros da dívida, deixando Portugal nas melhores condições possíveis para gerir sua imensa dívida, que é impagável, sabe ele, e que só se houver um inesperado desenvolvimento económico, que a faça cair, que diminua o  percentual da atual dívida em relação ao PIB, poderá esperar ser resolvida.

Portanto é bom que haja superavit, é hábil que assim seja, joga segundo as regras da alta finanças, cria boas condições para Portugal continuar indo ao mercado, o que terá de fazer nas décadas e décadas que virão, e se não partir de um bom patamar irá sempre pagar mais juros, o que significa menos saúde, pior educação, menos investimentos, ou seja um Portugal pior. O Portugal que querem ver melhor por não haver superavit todos aqueles, os muitos, que se opõem ao que chamam de “obsessão com o déficit” às atitudes do Ministro das finanças, virá! E virá logo, porque terá sido feito o jogo das agências de rating, o daqueles que emprestam dinheiro, e dos que acreditam nisso tudo, resultando em menores taxas de juro, o que irá criar  maior folga orçamental.

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