As religiões são sempre fruto de um conjunto de influências e de contextos. A religião de Roma foi também um resultado dos hábitos, práticas e crenças dos povos com que conjuntamente ocuparam a península itálica.
Numa primeira fase (700-509 a.C.), destaca-se o legado Etrusco que consistiu na interpretação dos prodígios e nas práticas de adivinhação, tradicionalmente designado por “disciplina etrusca”. As principais fontes sobre este tema foram os três grupos de livros que codificavam as revelações respeitantes a cada uma dessas especialidades: os libri haruspicini (técnicas adivinhatórias); libri fulgurales (significado transcendente dos relâmpagos); libri rituales (mortos, prodígios e outros múltiplos aspectos tocantes à vida pública e privada).
Nesta primeira fase também a herança dos povos latinos determinou a visão religiosa dos romanos, legando-lhes um panteão de deuses que se tornariam característicos da civilização romana, tais como Diana, Júpiter, Penates, Vesta, alguns rituais, nomeadamente o culto prestado em templos, e a atitude perante o sagrado. É de salientar que o povo romano tinha uma aliança com o povo latino, denominada Liga Latina, cujo propósito religioso era estabelecer um período de trégua aquando da celebração colectiva das feriae latinae, e também durante o culto prestado a Diana no santuário do bosque de Nemi, junto a Arícia (Diana Nemorensis).
Numa segunda fase (século V-II a.C.) é a influência religiosa da Grécia que predomina sobre Roma, por intermédio da colonização da península. Desta civilização os romanos herdaram o hábito de tecer complexas narrativas mitológicas em torno dos seus deuses, e que se projectam na arte e na literatura. Ao mesmo tempo gerava-se uma tendência para uma familiarização e antropomorfização dessas divindades, isto é, adaptam-nas ao seu contexto e atribuem-lhes outras designações, através do processo da interpretatio, tal como aconteceu com Apolo e Héracles, e projectam-nas com forma humana.
Os cultos de origem grega foram sujeitos a controlo religioso pelos romanos, através da entidade decemuiri sacris faciundis. Esta entidade tolerava e aprovava os novos cultos, mas também se responsabilizava pela sua organização. Os cultos báquicos foram uma das heranças principais dos gregos aos romanos.
CENTENO, Rui Manuel Sobral (coord.) – Civilizações Clássicas II. Roma. Documento pdf. Manual de História das Civilizações Clássicas. 1º ciclo de Estudos em História. Acessível na Plataforma de E-Learning da Universidade Aberta.
Imagem da Pixabay:
https://pixabay.com/pt/photos/diya-diwali-laranja-chama-fogo-3819414/
