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A litania da desesperança: Na rua dos douradores.

A litania da desesperança: Na rua dos douradores.

                                                      (Sugere-se ler após leitura da Litania no
                                                        Livro do desassossego de Bernardo Soares.)                                                                       

Solidão, que em não sendo desassossego, desassossega. Nossas almas clamam por companhia. É como o ser e não ser em nós. ” Tudo que sabemos é uma impressão nossa, e tudo que somos é uma impressão alheia…”. Por isso com um poema busquei definir esse livro de horas descuidadas, ” casual e meditado.” Onde diz o autor que subsiste nulo, talvez por ele fazer “férias das sensações.” E assim corre o poema:

                           Há um desassossego

Imensamente presente

No sossego

Imanente de nossa

Solidão

Que para o mantermos

Com nossa alma lusca

Falseamos termos

Isolamento que busca

Outra inquietação: …

   Ou diz, por nele nada ter a dizer, e, nada tendo-se a dizer, diz-se muito, que é portanto como o que é o mito.

Encontrando-se na Rua dos Douradores Aylton Escobar com Fernando Pessoa, o primeiro pôs música às palavras do segundo, nominando a litania inominada naquilo que ela traduz e não naquilo que ela é em seu croché. “Croché das coisas…Intervalo… Nada…” No som de Ayltom a multiplicidade das coisas, no mutismo de Pessoa, sua esperança e sua unidade, e ademais unidade exclusiva,”Uma inteligência aguda para me destruir” por um ato diferencial: ” o saber escrever”, se não seria o moço de fretes, a costureira, o guarda-livros.

Um desassossego

Permanente

Na alma, no corpo,

Na mente

Que postergo

Entremente

Por não ter solução.

                          Mas volta sempre,

                          Constantemente,

                          Por ser minha vocação.

       Antológicas página 40.

“Sonho e fantasmagoria” “Tanto me basta, ou me não basta, mas serve de alguma maneira, e assim é toda a vida.” Posto sabermos que “Baste a quem basta o que lhe basta/ O bastante de lhe bastar!” e “… o fechar-se-me sempre a vida nesta Rua dos Douradores …” “Tenho fome da extensão do tempo, e quero ser eu sem condições.” Todos queremos essa incondicionalidade, que, entretanto, é sujeita à tantas condições. “Cuido só de que o polegar não falhe o laço que lhe compete.” Somos tão condicionais, e nossa única verdadeira realidade é a esperança, porque quebra a condicionalidade. A esperança é incondicional. “Ter o que me dê para comer e beber, e onde habitar…” e seguir em frente posto que “A vida é breve, e a alma é vasta…” Sempre o croché, “Sim, croché…”

Esvoaça a borboleta de beleza infinita, e uma vez poisada na cabeça determina nossa condição, ridícula condição de possuirmos o mundo, e afirmarmos: “Se eu tivesse o mundo na mão, trocava-o, estou certo, por um bilhete para a Rua dos Douradores.”

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