Solução de desamor, labirinto da alma.
A Fernando Pessoa-Bernardo Soares.
Todos os venenos destilados todos
Em sua bolsa inoculadora, que só em si inoculava
Rastejando por todos os inquinados lodos
Mutilado, sem raciocínio e afetividade, andava
Expressão de covardia sem busca de mimos
Serpente exponencial sem harmonia
Dédalo em Knossos a procura por Minos
Seu vazio pleno que ao vazio enchia
Chamava-se Ofélia, Eurídice
E a matéria, quimera
Sossego é não como disse
É o que foi e o que era
Da revista, o nome indicativo, és
Do que sempre quis ser
Com o corpo despedaçado em papéis
Morre-vive em seu poder.
Antológicas, página 15.




2 respostas
Caro Helder, no título, será Ovídio e não “Ofídio”… Mas gostei do poema como, aliás, gosto habitualmente dos seus textos.
Cara Helena,
O Título é mesmo Ofídio, que quer dizer cobra, demorei a responder porque fiquei triste por
você não ter entendido o poema. É sobre o envenenamento diário a que se dedicou Pessoa, até morrer de cirrose.