Sem ti quem nos vai mostrar esse caminho longe?
Quem vai dizer com a maciez de teu canto que há um caminho, ou que há sequer uma hipótese?
Quem, como tu, terá voz morna que nos envolva e conduza?
Guardiã de verdades absolutas, custódia de lânguidos e longínquos sentimentos, sei quão longe pode ser o caminho, um que vá do Alentejo a São Tome, que possa ir de teu apelido ao teu país, sem sair do lugar Senhora de muitos lugares . . . Ou que vá de São Vicente a Vila do Conde, do Mindelo ao Mindelo, traço de união.
Com a tua calma absoluta, com teus gestos lentos, teu andar pesado, tua pachorra, tua malemolência, tua modorra mesmo no falar, tão pura e castiça expressão de tua gente, agora quem?
Não sei dizer mais nada além do que nos ensinastes com a profunda melancolia de teu ser, e em que nos deixou a todos mergulhados:
Sodade, sodade, sodade. . .
Antológicas página 83.



