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Uma distopia utópica — IV do Assimetria Assintótica.

Uma distopia utópica — IV do Assimetria Assintótica.

O oxímoro utilizado como título, mostra a contradição que é nossa liberdade de pensamento por advir da ditadura cerebral, uma vez que a perfeição irrealizável que é nosso sonho, nosso desejo, é parâmetro desejável, ainda que inalcançável, sendo o melhor padrão que se poderá alguma vez ter. Para o cérebro é indiferente sua consecução efetiva, uma vez que processa só as intenções que ambiciona, e ‘preenche’ todo o resto para as alcançar. Buscando o absoluto, o nível mais elevado, quanto mais se aproximar dele, melhor, terá então feito a aposta mais alta, ainda que perca o jogo, como todo mundo sempre acaba por perder, mas é sempre bom que ambicione a perfeição.

São 2 os cérebros.

Esse fator de duplicidade permite o diálogo, como o que normalmente fazemos conosco. Dialogar é a mística, a função primordial do cérebro. Conversamos com nós mesmos o tempo todo, na permanente avaliação das possibilidades envolvidas na ‘realidade’ com que lidamos, por mais difusa ou equivocada que possa ser, como no caso dos glioblastomas, um tumor de câncer que se integra nas funções cerebrais, estabelecendo um diálogo com o cérebro, como se fossem neurônios parenquimaticos, células cerebrais saudáveis do pensamento e da memória; conversação que irá permitir a progressão dos gliomas que com suas respostas químicas e elétricas não são detetadas, e geram baixa sintomatologia (1). Este caso patológico evidencia que a ‘realidade’ é um conjunto de entendimentos do que consideramos normal, usual, mas pode efetivamente não ser. Esse processo de diálogo é que gera a assimetria que é nossa percepção da ‘realidade’, e que pode ser apenas suposta, somos tantas vezes enganados, não é?

Núcleo accumbens.

É nessa interface onde os dois lados do cérebro conversam. Uma conversa química, elétrica, magnética, e de ultrasons, onde cada coisa canta, grita, fala, reage, ou sei lá o que mais, expressando sua aura e sua razão, ao todo, que a deve entender em pensamento, e unificá-la em entendimento… únicos caminhos para um cérebro, estou em crer. Centro de recompensa, centro de prazer, que, apesar de não dar ideia completa de suas funções, ademais porque não a conhecemos, faz-nos entender que genericamente os processos são de afeto positivo e sensação de recompensa, como meta final de todo o processo de interrelação cerebral.

Correlação não correlata.

Apesar da separação dos dois hemisférios, da autonomia dos diversos corpos que compõem o cérebro, da especialização que há em cada um deles, sua ação é total, global, posto que apesar da independência, há uma correlação, esta que não podemos descrever de outra maneira que não seja evocando esta sua contradição congruente, que é ser não correlata ainda que parelhos os hemisférios, mesmo quando suas projeções sejam invertidas, como uma coisa e seu reflexo, sua imagem ao espelho. E cada um de nós tem de vivenciar suas experiências de natureza emocional, e todas calam, penetram no que chamamos nossa alma, esse ente tão desconhecido quanto acreditado. Obrigando-nos a experiências sempre a nível pessoal, de caráter cultural, filosófico, místico, espiritual, de relacionamento social, sociológico e íntimo, na carne e no entendimento, que permitem outras dimensões da percepção, tornando muita vez congruente tudo que há de inadequado em nós — e o que será adequado? Uma vez que as contradições são o que há de mais profundo em nós, que só determinadas vivências, em diferentes campos as podem apaziguar, e permite seguirmos em frente com elas sempre se manifestando, mas já então com a capa dessas diversas vivências existenciais que suscitam redimensionamentos a nossas contradições. É muito curioso notar só a fricção e a miséria que eventualmente soframos, nos eleva para que possamos ter capacidade de harmonia que nos dê alguma coerência e boa disposição para continuarmos o diálogo interior. Harmonia é a chave da existência.

Assimetria Assintótica.

Como espero ter deixado entendido, só a ação assimétrica permite um diálogo efetivo, posto que se fora simétrico pouco acrescentaria, uma vez que é necessária uma configuração de geometria variável, todo o tempo, para que o diálogo seja irrestrito e inequívoco, e para que possa incluir todas as possibilidades. Por outro lado para que essa ação possa ser efetiva, requer autonomia, e esta só pode ser alcançada mediante independência total, e essa independência em si mesma, em todos os sentidos só pode ser atingida mediante distância e separação total dos elementos envolvidos, sem nenhum toque, sem nenhum ponto de contacto, para que possam ser entidades independentes de facto a dialogarem.

(1) Por isso a sabedoria bíblica ensina que Não se fala com o inimigo.

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