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À complexa área de estudos que convencionamos chamar de “inteligência artificial” podemos atribuir uma ascensão meteórica nos últimos poucos anos. Tão certa quanto a admiração que mantemos por tudo o que ela pode proporcionar é a convicção de que os maiores avanços ainda nem chegaram a nós, o grande público.
Entre sentimentos de apreço e de receio por tudo que nasce e se renova de forma tão veloz, é indiscutível a inutilidade de tentar resistir ao movimento. A humanidade não pode recusar aos tantos benefícios de processamento de dados, auxílio na tomada de decisão, rapidez de respostas, autoatendimento, evolução na segurança pública, entre outros, mesmo a precisar de muita flexibilidade para se adaptar ao turbilhão de mudanças provocado no mercado de trabalho.
E é curioso que uma área tão avançada, de caráter multidisciplinar, atinja a população toda, fazendo com que se pareça com um simples “produto”, certamente presente no cotidiano.
Mas a partir de uma imagem icônica, sobre as tristes enchentes no Rio Grande do Sul, podemos analisar por outros aspectos a tal inteligência.
Todos devem se lembrar que viralizou pelas redes sociais uma imagem, de cunho heroico, de um grande helicóptero (quase de porte militar), com a marca de uma famosa rede varejista, resgatando vítimas das enchentes. Vale ressaltar que a rede de lojas negou prontamente ser a proprietária do equipamento e parece não ter qualquer relação com o caso.
Foi uma criação da inteligência artificial, mas de tão encantados que muitos ficaram com o grau de realismo que o produto conseguiu criar, deixaram de observar a grande falha contextual, em que um helicóptero (muito menos daquele porte) não seria mobilizado para resgatar pessoas com água abaixo dos joelhos, como a imagem retratava. Bastava caminhar!
Por nossos padrões naturais de análise não poderíamos chamar de “inteligência” um erro tão grosseiro.
Em analogia, vamos nos lembrar de que há cerca de uma década chegaram ao mercado brasileiro os primeiros sucos integrais de laranja pasteurizados e engarrafados. No rótulo estava descrito como conteúdo apenas 100% de suco natural de laranja, mas ninguém acreditava porque era quase unânime a opinião de que tinha “gosto de remédio”.
De fato, o suco comercializado é produzido somente com laranjas, mas o sabor de remédio que percebemos vem do processo para conservação. Anos depois, tal sabor de remédio é exatamente o mesmo, mas, em prol da praticidade, preferimos nos adaptar, mudar nossas preferências e adotá-lo massivamente em nossa alimentação, já que a alternativa do suco caseiro é hoje considerada pouco prática.
Voltando ao nosso produto-tema, enquanto notamos a falta de contexto na imagem comentada, também surgem muitos relatos de erros nos queridinhos programas de geração de textos por inteligência artificial, quando submetidos às análises pouco mais criteriosas.
Isso nos faz crer que, à exemplo do suco de laranja, também em prol da praticidade e da redução de custos, temos a tendência em minimizar falhas da inteligência artificial e adotá-la como novo padrão ao que seria correto. Passaremos a moldar nossas pretensões somente ao que o novo produto pode oferecer, no típico “vai com gosto de remédio, mesmo”.
Novamente, não podemos jamais nos recusar a obter o maior proveito possível do que esse grande aparato multidisciplinar pode oferecer, mas me parece bastante pretensiosa a nomenclatura “inteligência”.
Uma resposta
Ricardo Buso fez um artigo oportuno e muito atual. A inteligência artificial ainda dá seus primeiros passos. Vamos acompanhar atentamente a sua evolução e aplicabilidade. Parabéns, mestre Ricardo