Nos 40, agora 50 anos daquele Abril.
Uma flor em cada arma.
À Florista de Abril.
Uma mulher anônima entra na praça
Onde dois lados de uma nação se enfrentam
Traz consigo cravos, os quais por graça
Põe nos canos dos fuzís dos pelotões que adentram
Cravos vermelhos de um Abril tardio
Que dão a cor e o mote de uma Revolução feliz
Numa Lisboa a por termo a um tempo vazio
Refeita em esperança por si, por nós, pelo país.
Aquela mulher como que enfrenta aqueles homens todos a chegar
Com seus cravos da cor do sangue não derramado entre irmãos
Que ali, irremediavelmente, podiam se matar
Porém confraternizam todos e vão acabar por dar as mãos
Quem será esta mulher de resolução tão certa?
Que eternizada está por seus gestos bem marcantes
Acalmou a incerteza. Tornou a cidade aberta
Tornando todos irmãos naquela hora, como eram dantes
Pois que com a magia que estava no ar
Aquela florista de Abril, da verdade, e do povo
Sem nada dizer, sem nada pleitear…
Trouxe a primavera à Portugal de novo.