Estamos a caminho de um ponto de ruptura definitivo, aquele do qual não há mais volta. Quem ainda não se deu conta é porque é cego, ou porque não quer ver. E olha que há muitos! Todo o planeta está comprometido, como iremos ver em detalhe. E a inação geral está acelerando o processo (Ver o artigo: ‘Causa e efeito.’ por exemplo.) Se os últimos eventos não foram suficientes para começarmos a agir na intensidade mister, como mostraram não ter sido, nem serem, a evidência de que não se pode esperar mais um minuto, e uma vez que não têm um plano de ação global, que é o único que nos poderá salvar, posto que nenhum país ou continente pode fazer nada sozinho, situação que vem comprovando a falta de noção da dimensão do problema. Ficamos a esperar que aconteça conosco alguma desgraça, ou que alguém que amamos morra, para irmos tomar as atitudes necessárias, até quando? É absoluta falta de previsão e atitude. Situação que também já foi vista em detalhes em textos anteriores, como por exemplo em : ‘Eles estão a matar-nos’. Como nada foi feito além de medidas esparsas e isoladas, muitos mais irão morrer por causa disso, e por toda parte, como veremos. Ficarão listados aqui os indicativos dos pontos mais afetados pela insânia geral, como um mapa planetário da nossa inconsequência.
Sob o título ‘Antes do que pensava’, há dois anos, em Março, fiz o seguinte comentário, que não publicaram:
Com não posso comentar nem meus próprios artigos, escrevo isso aqui, na esperança que não seja censurado.
Há só quatro meses, em 8 de Julho 2022, pp, escrevi o artigo intitulado ‘O homem não sabe parar’, onde afirmava que muitas outras doenças epidêmicas ou pandêmicas viriam a se manifestar, em face da violenta pressão que o homem exerce sobre o meio ambiente. Não demorou nada, e está aí a ‘varíola dos macacos’ a me dar razão. Mas é só o começo. O Inferno virá atrás de nós por termos lhe batido à porta. Ou como quer o Secretário geral da ONU: “Estamos a caminho do inferno, e ainda aceleramos.” Nunca pensei ter razão tão cedo, mas repito: É APENAS O COMEÇO.
Hoje o título deste comentário seria ‘Muito antes do que pensava’. Mas basta ver os noticiários para termos perfeita noção da catástrofe ambiental que provocamos, e que já está instalada. Ela não está batendo às nossas portas, ela está já dentro de nossas casas. Como não em todas ao mesmo tempo, pensamos ainda podermos consertar o estrago, não podemos. É inevitável. O único que podemos é trabalhar para que a catástrofe dure o menos tempo possível, mas para isso é necessário ter olhos de ver. MAS NINGUÉM AINDA VIU ISSO COMO É. => SÓ OS CIENTISTAS. Leiam o tal artigo ‘O homem não sabe parar’. Este ‘homem’ são sobretudo os políticos e industriais que não se deram perfeita conta do problema em que estão metidos. Falta-lhes a consciência de que o que vemos hoje em nosso planeta é resultado de milhões de anos de enterramento e mutações. Temos enterrado bem lá no fundo coisas/eventos/ experiências do passado, feitas pela Natureza, que não foram as melhores, mas que nos fizeram evoluir/mudar, até estabilizarmos no que somos hoje, e o que vemos/víamos é/era o resultado destas inumações e mudanças. Agora que as desenterramos, vamos voltar no tempo, e lidar com coisas muito perigosas. O petróleo é todo um passado enterrado que vamos desenterrando, trazendo o Carbono em excesso de volta, e o libertando de sua prisão no fundo da terra, e com ele o calor, que pôs o mundo a pegar fogo novamente. SERÁ QUE NÃO VIRAM QUE TÊM DE PARAR DE QUEIMAR PETRÓLEO? Não importa o quanto isso custe, a opção de não o fazer é muitíssimo pior.
Vamos olhar então para o problema, para seus pontos quentes, ou seja, onde o aumento da temperatura na superfície do mar é maior atualmente. Comecemos de cima para baixo, o que equivale a dizer de Norte para Sul. Temos portanto as franjas do Círculo Polar Ártico (66º 33′) todas comprometidas, criando enorme degelo na calota polar, e consequente aumento do nível dos Oceanos, bem como o aumento das temperaturas em todos os lugares, porque a ação polar sobre as correntes marinhas, esfriando os oceanos, está diminuindo drasticamente, gerando el Niños por toda parte.
Logo a seguir notamos que a costa atlântica do Canadá tem agora temperaturas muito altas e no outro lado, no Pacífico ocidental, na altura do mar de Okhotsk, e pelas ilhas Curilhas, que são milhares de ilhas, sendo muitas dezenas delas vulcânicas, estendendo-se até Hokkaido, havendo uma grande alteração na temperatura do mar. E na ligação deste oceano com o Ártico, entre o Alasca e a Sibéria, no mar de Behring, há grande concentração de calor à superfície do Oceano Pacífico, criando extensa zona de perigosa alteração ambiental. Já no Ártico, entre a Rússia e a Noruega, vamos ter a mesma alteração muito alta das temperaturas superficiais, como no mar de Barentsz, sendo que neste mar, por ser bastante raso, tem sua camada aquífera toda aquecida, e não só a superfície. Já ao lado, mais ao norte da Sibéria, no mar de Kara, separado, pelo estreito de mesmo nome, do mar de Barentsz, vamos encontrar em ambos as mesmas anomalias, também o mesmo se passando do outro lado do continente, com o problema indo ter ao golfo do Alaska, envolvendo as Aleutas, seguindo para o outro lado, sempre pela costa do Pacífico no Canadá, onde sabemos ter também sua costa atlântica comprometida. Formando aí dois cinturões de calor muito perigosos. Ainda no Ártico vamos encontrar tanto o mar de Chukchi, como o de Beaufort, com altas temperaturas que se espalham tanto aí pelo Ártico, como também do outro lado, no Pacífico, em especial junto à costa, por toda a da América do Norte, a famosa Costa Oeste americana, continuando para Sul até o Chile, com a só interrupção no entorno da costa central da Califórnia (Big Sur) até o Yucatan, estando já todo o resto muito comprometido. Se passando o mesmo no centro do Pacífico, que, sem a ação dos Alísios, evitando a Ressurgência não resfria, impedindo a ação desta fonte de equilíbrio para as populações marinhas, e de aves, com o afloramento das águas frias, que trazem com elas nutrientes, bloqueado. Sem esse fenômeno muito em breve teremos uma grande mortandade neste Oceano, o que desencadeará uma linha de desgraças.
O Atlântico Sul que ainda é o mais preservado dos oceanos, tendo apenas ao Sul dos dois continentes que o delimitam, pontos quentes, desde a altura do Sul do Brasil, seguindo sempre a Sul, pelo Uruguai e Argentina, isso de um lado, e do outro desde a Cidade do Cabo entrando pelo Índico até Durban, e um pouco mais acima por vários pontos em Madagascar, com forte influência climática em Moçambique. Já o Atlântico Norte está todo comprometido, sempre com mais pontos quentes, quanto mais nos dirijamos para Norte.
O Mediterrâneo está todo dominado pelos pontos quentes, com terríveis consequências se manifestando já por todo seu entorno (da seca em Espanha, calor na Grécia, acabando com o ameno clima mediterrânico, até a falta d’água do lado africano, e o derretimento dos glaciares em toda parte.) e com temperaturas a subir.
O Índico também está ainda pouco afetado por enquanto, para além do que já descrevemos na costa do Índico no sul da África, com só alguns pontos quentes, mas não com temperaturas tão altas, franja que segue até a Austrália, crescendo para os lados dos mares do Círculo polar Antártico, onde a situação vai piorando bastante. Ocorrendo pouco aquecimento na Austrália, onde só em poucos pontos do Queensland se verificam anomalias mais intensas, isto já do outro lado, na costa do Pacífico deste país da Oceania, no lado do Índico não há quase pontos quentes na costa australiana. Mas isso não quer significar que as alterações que ocorrem em outros locais distantes não venham a afetar muitas zonas bem distantes deles, já afetando a Austrália, inclusive no seu interior, bem longe da costa.
Está assim neste estado, como descrevemos, a superfície oceânica do planeta hoje, com essas alterações nestes pontos quentes, que ultrapassam aumentos já de nove a dez graus Fahrenheit, com tendência a subir, e subindo, com as evidentes consequências por todo o globo, e que só irão piorar, porque o problema está sendo tratado displicentemente, sem o empenho que uma crise deste tamanho requer.
Todos os desastres climáticos que estamos vendo por toda parte, tufões, ciclones, furacões, secas, tempestades, dilúvios, etcetera, são consequências diretas da subida de temperatura nas superfícies dos oceanos. E vão piorar muito, com resultados muito perigosos para as populações, uma vez que poderão resultar em fome e guerras, pela água e pelos grãos. Muitas cidades, vilas, e cultivos, vão ter de mudar de lugar, porque onde estão passou a ser perigoso e inadequado para as suas atividades e moradia. Nós alertamos há três décadas de uma maneira suave, mas holística, décadas suficientes para evitarmos essa tragédia, quando dizíamos que o bater d’asas de uma borboleta num hemisfério podia causar tempestades noutro. E ninguém fez nada, agora elas estão aí.