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A GUERRA INVERTE OS ANEXINS. – Pequenos reparos.

A GUERRA INVERTE OS ANEXINS. – Pequenos reparos.

Universalmente aceitos, propõem conceitos amplos que trazem generalizações conformes. Diz um anexim: Antes tarde do que nunca, e outro: Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura. E ainda diz outro: Os últimos serão os primeiros. Pois nada disso é válido em guerra.

Antes tarde do que nunca.

O timing, o tempo em ação de uma guerra exige prontidão. Diligência que se expressa num espaço temporal admitido como o que resulta para sua atuação. Depois ou se está morto, prisioneiro, ou fica invalidada a ação por ineficaz. Quando tardia qualquer ação em guerra cobra seu preço, posto que se torna ineficaz, anula, ou inutiliza a própria ação pretendida, o momento da ação numa guerra é tudo.

Agua mole em pedra dura…

Ainda que a insistência continuada possa trazer solução vantajosa, na esmagadora maioria dos casos peca por se tornar tardia, e por cobrar altíssimos preços, em estratégia, em tática e em vidas, porque sem o fator surpresa, tantas vezes determinante, decisivo, definitivo mesmo, no cenário das operações, vemos que muita da vantagem se perde, dando margem a respostas, reposicionamentos e outras múltiplas ações que degeneram a efetividade da ação global. Ainda que muitas vezes se opte pela guerra de atrito, onde o dito se irá encaixar bem, esta sempre cobra alto preço para as partes envolvidas, e, se não for empregue a muito breve trecho, qualquer vantagem que se possa inferir em seu emprego, ou seja que venha mesmo a ‘furar’, a vantagem ver-se-á logo anulada pelas perdas que sua obtenção terão gerado.

Os últimos serão os primeiros.

Muito raramente se verá comprovado esse anexim em cenário beligerante. Em guerra os últimos são os últimos mesmo, e sua primazia é inexistente, e não se verá realizada, uma vez que toda a ação, e todo o processo do desenvolver da ação, exigem presteza, e efetividade, situação em que os primeiros desempenharão sempre os atos misteres à consecução dos objetivos, e os últimos são peças de eventual reposição, em caso de neutralização dos primeiros pelo inimigo. A ação é na linha da frente.

Assim é, se te parece.

Em situação beligerante mesmo o que não parece, deve ser tratado como algo que já seja, que já é, posto que se dermos espaço para o que não parecendo possa efetivamente não ser, se por eventualidade o for, será tarde demais quando nos dermos efetiva conta daquilo que é. Eis aqui uma dupla inversão, muito perigosa nos dois sentidos. E com especial licença de Pirandello anulemos o título de sua peça que converteu-se em popular anexim.

Raio não dá em pau caído.

Expressão cabocla, para evidenciar que só o que está de pé, aquilo que é efetivo, é fruto de ataque e de ação contrária, ficando todo o resto isento de ação destruidora, portanto fora do campo de ataque. Na guerra não há situação que valha uma excessão, tudo que se encontre no perímetro bélico é alvo, e por mais defensiva que possa ser a trincheira, sempre estará exposta a ataque.

Muito ajuda, quem não atrapalha.

Não há margem para inoperacionalidade em cenário de guerra, mesmo os feridos devem continuar a combater, ainda que mortos os combatentes, seus corpos, melhor dizendo, desempenham um papel no processo beligerante, sendo utilizáveis como elementos de defesa, ou para atrapalhar de alguma maneira ao inimigo. A não ação que proclama esse dito é, no contexto, uma disfuncionalidade, posto que tudo exige ação quando em guerra, não há hipótese de inoperância. Ninguém pode atrapalhar. Todos são efetivos. Não atrapalhar é como não existir.

Mais vale um covarde vivo, que um herói morto.

A não ação que possa implicar covardia, talvez aceitável em alguns momentos da vida, que esse dito pretende justificar, é absolutamente intolerável em beligerância. Não há espaço para covardes na guerra.

E ainda há muitos mais anexins, válidos em tempo de paz, que não têm validade em tempos de guerra. Donde devemos concluir o quão excepcional é o tempo de guerra, mudando tudo. E quão enganador podem ser suas informações.

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