‘Uma pulga na balança, deu um pulo e foi a França.’
Parlenda folclórica brasileira.
FALTOU O PULO.
Desse ímpeto que faz mover todas as coisas, carecem os estamentos sociais e políticos de nosso tempo, pois, como que entanguidos pela estupidez imperiosa disseminada, soprados por um vento gélido, paralisassem, posto que promovidos pela falta de visão sócio-econômica, onde prevalecendo só a parte econômica, pois apartam o social, entretanto razão única de existir do econômico, que isolado se permite as maiores crueldades e devaneios. Vivemos um tempo de falsidades e de máscaras. Dias de enganos, dias de agonia.
Não se devera buscar o pulo.
Onde o político afasta a civilidade, sua característica intrínseca, rui a civilização, assim como, com o maquiavelismo imperando, restam apenas suas espertezas, astúcias, e oportunismo, império da má-fé, onde a política, relegando sua estrutura nobre e acolhendo sua face prática, pura e dura, a dos interesses que a regem, que naturalmente também fazem parte de eu todo, esses interesses, mas que a eles não se deve restringir. Aí, neste estágio, resta à Justiça o poder de atuar para manter um processo de equidade, cerne da Democracia. Porém quando a Democracia já se encontra no prato da balança da Justiça, é porque faltou, lhe foi retirado, o espaço civil ativo que lhe é mister, falindo seu exercício, uma vez que faltando civilidade não há Democracia. Eis quando temos desregulado, ou restrito, o espaço natural da Democracia, que, necessitando algum refúgio para manter-se, rompe-se e corrompe-se. E este refúgio, por mais digno que seja, uma vez alcançado, faz-nos entrar numa anomalia, numa deformidade do tecido social, onde a Democracia, já sob ataque, fica a mercê de poderes que a querem eliminar. Como é evidente isto é feito à socapa, uma vez que se for dito às pessoas que estão atuando para lhes retirar o único poder que têm, estas, certamente, se oporiam, mas enganadas, alegando aqueles que querem defender seus Direitos, os quais, supostamente, a esse passo, teriam ficado diminuídos, ou não teriam sido sancionados, ou se supõem ameaçados por alguma contingência, de forma que os enganados se alinhem com esses poderes, acreditando em redenção. Essa a raiz de todo golpe; que busca no processo agregar poder para dar-se. Com a manipulação do econômico, vale dizer do social em reflexo, ficam criadas as condições para agregarem as forças misteres.
Nem a balança, ou não.
Se esses interesses referidos, que se movimentam, alcançarem reunir forças efetivas para um golpe, então nada mais poderá ser feito, sendo que buscarão durante o processo dispersar os elementos de civilidade, restando, se perdidos os poderes constituídos ativos, executivo e legislativo, o Judiciário como única possibilidade de resistência ao processo golpista instaurado, o da dita dura.
Tempo e circunstância.
A circunstância no tempo (num certo período temporal) bem como o tempo na circunstância (quando esta qualidade que causa ou acompanha um acontecimento num determinado período de tempo se manifesta) são determinantes da ocorrência ou não de determinado fenômeno, impossíveis de serem separadas do fenômeno. Quando o fenômeno Democracia é submetido à circunstância de ser colocado no prato da balança da Justiça, seu último recurso, temos, nesse tempo, a situação que só depende de sua própria eficácia, ou seja, que os resultados que colha no sentido de restaurar-se, se operem, uma vez que a Democracia já está corrompida, no sentido de sua manutenção, ou no de afastar qualquer ameaça a sua existência já em franca desagregação.
Por toda parte.
Vivemos hoje, por toda parte, esse processo, com menor ou maior salvação, posto que o necessário resgate popular só pode se dar com um encaminhamento, esse mesmo que lhe é negado por ser retorno à Democracia, esta mesma que pretendem suprimir.