Grande astro! O que seria de ti se não fosse o verão? Provavelmente passarias discretamente encoberto pelas nuvens, talvez com ciúmes da tua aura dourada de estrela maior.
É no verão que nos reunimos na praia para te venerar. Junto ao mar, demonstras o teu poder de transmutação das peles brancas, desbotadas, que vestimos nas outras estações do ano, em peles douradas pelos banhos da tua luz.
Não admira, por isso, que a maioria de nós te idolatre. Tu aprecias e retribuis distribuindo vitamina e alegria por todos.
Mas, ó Sol, toma cuidado! Não faltará quem ponha em causa as tuas qualidades de alquimista e procure depreciar a tua luz. Pouco se importam se se queimaram contigo e não por ti. Lembra-te que as nuvens – mais ou menos carregadas –, nunca deixarão de ser cinzentas e suspeitam das intenções das outras cores. Por falta de luz própria, sempre que puderem pronunciarão o fim dos dias dourados, ameaçando com céus escuros e dias sombrios.
É nesses dias que a nostalgia nos invade e mais rogamos por ti e pela tua luz.