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Museus e Turismo na Madeira (2001-2020): balanço das duas décadas de relações dissonantes

Museus e Turismo na Madeira (2001-2020): balanço das duas décadas de relações dissonantes

A Região Autónoma da Madeira (RAM), desde 2001, tendo por base os dados disponibilizados pelas fontes de informação (DREM, 2021; INE, 2021), alcançou no ano de 2011 o seu melhor resultado no número de visitantes em museus, nas últimas duas décadas, registando mais de 759 mil visitantes. Face aos impactos causados pela atual realidade pandémica, que fez recuar os resultados dos museus a números de visitantes anteriores a 2001, importa aferir os impactos e resultados alcançados ao longo destas duas décadas e definir uma estratégia para o futuro, de forma a garantir o cumprimento da missão e função dos museus (Goes, 2021a),  inscritas na Lei Quadro dos Museus Portugueses – Lei n.º 47/2004 de 19 de Agosto (Diário da República nº 195/2004; Gonçalves, 2014), nomeadamente, “a promoção da cidadania” – alínea b) do Artigo 2º – e a “democratização da cultura” – alínea b) do Artigo 3º – conforme definição do ICOM (2019) e conceito descrito na Lei Quadro (Goes, 2021b).

Conforme exposto nos recentes artigos “Está tudo controlado!”, publicado na Revista Saber Madeira nº295 (Goes, 2021a), e “Museus e Turismo na Madeira: entre o decadentismo identitário e a cativação de novos públicos”, publicado no Jornal Económico (Goes, 2021b) e “Turismo y museos: una reflexión empírica sobre la Región Autónoma de Madeira” (Goes & Sardinha, 2021), a realidade museológica na RAM confronta-se com relações dissonantes, entre os museus, as comunidades locais e os fluxos turísticos. Este artigo procurará realizar um breve balanço às duas décadas de relações dissonantes entre as realidades das instituições museológicas na Região e a diminuição dos públicos. 

Designadamente no Artigo 9º da Constituição da República Portuguesa – VII Revisão Constitucional [2005], sobre as tarefas fundamentais do Estado – e no Artigo 78º, nº2, fica incumbido o Estado (no sentido lato) da promoção, salvaguarda e valorização do património cultural, tornando-a elemento vivificador da identidade cultural comum [alínea c)] (Miranda, 2006, citado por Campanella & Goes, 2021). Os museus públicos desempenham, por isso, um papel fundamental na “expressão identitária” (Miranda, 2006, citado por Campanella & Goes, 2021) e são um lugar preferencial para o contínuo exercício da crítica sobre o passado na formação identitária contemporânea. 

Em 2012, a RAM registou uma quebra acentuada do número de visitantes dos museus (-80,1% em relação a 2011), verificando-se apenas 151 mil visitantes, o pior resultado até 2020. Além de uma eventual alteração ao critério de contabilização na estatística, as razões possíveis para esta quebra poderão ter sido: a crise económica que assolou o país e a região; o fecho ou a diminuição de três museus considerados nas estatísticas (DREM, 2021; INE, 2021); a forte diminuição dos fluxos turísticos para a Madeira, que quando associada às outras razões, permite demonstrar a forte exposição da realidade museológica ao setor do Turismo (Goes & Sardinha, 2021, citado por Goes, 2021b). Contudo, tais razões não isentam o decisor público da falta de dinamismo na programação e da falta de atualização dos discursos museográficos. Tais faltas poderão ter colocado em causa a atratividade das instituições, a efetivação de direitos constitucionais (Miranda, 2006 citado por Campanella & Goes, 2021) e o cumprimento da missão dos museus (ICOM, 2019). Esta substancial diminuição de públicos em 2012, no número de visitantes estrangeiros nos museus na RAM (-20,6%) em relação a 2011 (DREM, 2021; INE, 2021), estará, provavelmente, associada à diminuição do Turismo na Região, contrariando o crescimento mundial nesse período (IPDT, 2013, citado por Goes, 2021b).

Figura 1. Elaboração própria (2021)

De acordo com a Organização Mundial do Turismo, apesar dos aspetos negativos da economia mundial desde 2008, o Turismo registou um progressivo crescimento, alcançando em 2011 e em 2012, um crescimento mundial de 5% e 4%, respetivamente (IPDT, 2013; Goes, 2021b). Tais números contrastam com a realidade regional, que registou em 2012 um significativo decréscimo acumulado face a 2008: no número de turistas (- 17%), nas taxas de ocupação (- 6%), nas dormidas (- 11,2%), assim como, uma diminuição de mais de dezasseis pontos percentuais nos proveitos (IPDT, 2013), face a 2008 (Goes, 2021b).

De acordo com relatório do IPDT (2013), intitulado“Turismo na RAM –  Contributos para uma Estratégia de Desenvolvimento e Crescimento”, desenvolvido para a Ordem dos Economistas, considerando o período em estudo, afirma-se que “a atividade turística na RAM continua a revelar problemas estruturais que se prendem, sobretudo, com a falta de procura face à capacidade instalada” (IPDT, 2013 citado por Goes, 2021b).

Depois dos decréscimos registados até 2010, quer no número de turistas que visitavam a Região (IPDT, 2017), quer no número de visitantes dos museus (DREM, 2021; INE, 2021), podemos relacionar, a partir de 2013, um progressivo aumento de visitantes nos museus, embora residual, com o crescimento sustentado do turismo até 2019, mensurável a partir dos principais indicadores. É possível aferir um crescimento semelhante, no número de estrangeiros registados nos museus madeirenses (além dos turistas nacionais) no período posterior (Goes, 2021b).

FIGURA 2. Elaboração própria (2021). Fonte: DREM (2021)

Verificou-se, infelizmente, que em quase uma década, os museus da RAM perderam mais de meio milhão de visitantes (546 mil), de 2011 a 2019, sobre os quais se soma o impacto da pandemia, verificando-se que, em 2020 foi registada uma quebra acentuada de 141 mil visitantes (-66%) em relação a 2019 (DREM, 2021; INE, 2020; Goes, 2021b).

Se por um lado as instituições museológicas poderão estar fortemente expostas ao setor do turismo, face aos dados disponíveis não é possível estabelecer uma relação direta, embora provável, entre estes dois setores, entre a perda de visitantes dos museus e a diminuição dos fluxos turísticos.

Uma análise mais aprofundada permitirá também estabelecer uma possível relação entre o decréscimo do número de visitantes dos museus, com a diminuição do número de museus contabilizados na estatística, e/ou devido ao encerramento temporário para obras de consolidação estrutural, reabilitação ou beneficiação. Os sucessivos atrasos na execução dessas obras não terão contribuído para a melhoria dos resultados globais. Contudo, após as respetivas reaberturas, não foi ainda possível demonstrar o esperado aumento da afluência de públicos nos totais globais, mantendo-se o número de visitantes expressivamente baixo. 

Estes foram alguns dos espaços museológicos que estiveram temporariamente encerrados, em distintos períodos, no decurso da última década (2010-2021):

  1. Museu Cidade do Açúcar (tutela pública municipal), encerrado de fevereiro de 2010 a julho de 2016, na sequência da inundação provocada pelo aluvião de 20 de fevereiro de 2010, desenvolvendo-se respetivas obras de remodelação e um novo projeto museográfico. De acordo com a Agência Lusa, citada pela RTP- Madeira (2017), desde julho de 2016, ano da reabertura, este núcleo museológico registou um aumento de 37% de visitantes, em relação aos resultados do ano anterior ao fecho (5.223 visitantes em 2009). Dos mais de 7.000 visitantes registados em 2016, foram mais de 1.600 visitantes nacionais, cerca de 3.000 estrangeiros e 2.600 crianças ou jovens, demonstrativo da aposta na formação de novos públicos, nomeadamente escolares.
  1. Museu de Fotografia da Madeira – Ateliê Vicentes (tutela pública regional), encerrado desde maio de 2014, teve somente em 2017 o efetivo início das obras de requalificação. A reabertura aconteceu em julho de 2019.
  1. Museu Quinta das Cruzes (tutela pública regional), encerrado de 20 de junho a 7 de dezembro de 2018, devido às obras de consolidação estrutural do corpo sul do edifícado principal, nomeadamente da arcaria do século XVII; de 13 de março a 14 abril de 2020, encerrado devido às medidas de contenção ao COVID-19;  de 2 a 22 junho de 2020,  desinfestação periódica; de fevereiro a abril de 2021, obras de beneficiação da fachada (Museu Quinta das Cruzes, 2021).
  1. Museu de História Natural do Funchal (tutela pública municipal), encerrado de agosto de 2019 a agosto de 2021, devido a obras de beneficiação e atualização do projeto museográfico. 
  1. Também a deslocalização do Museu de Arte Contemporânea do Funchal (tutela pública regional), instalado na Fortaleza de São Tiago (Gonçalves, 2014) e que transitou em outubro de 2015 para o espaço do centro cultural Casa da Mudas (Araújo, 2013), adotando a nova designação de MUDAS – Museu de Arte Contemporânea da Madeira, poderá ser uma das razões para a queda de visitantes no ano de 2015. Já neste ano de 2021, o MUDAS foi intervencionado com obras de requalificação com uma duração de cerca de seis meses, tendo sido aproveitado este tempo para o desenvolvimento de serviços educativos, produção e montagem de duas novas exposições temporárias recentemente inauguradas (dezembro de 2021).

A sobreposição do encerramento temporário destes museus, por distintas razões como já vimos, além de ter contribuído para a diminuição substancial do número de públicos, poderá também ter gerado o equívoco da redução da oferta museológica e cultural na Madeira, nomeadamente junto dos turistas.  De notar que, a queda percentual registada nos visitantes estrangeiros é mais expressiva em 2018 (-16%,2%), 2019 (-15%) e 2020 (-72%), quando comparada com o decréscimo registado no número total de hóspedes do mesmo período (-0,8%, -1%, -64,2%, respetivamente). De fazer a ressalva que, perante os dados disponíveis não é feita a diferenciação de públicos locais (residentes) dos nacionais, pelo que, deve ser considerado um diferencial, mesmo que residual para esta análise estatística (uma vez que nos números de visitantes nacionais poderão também ser considerados turistas nacionais, quantificados como hóspedes nos alojamentos turísticos). 

Quando é feita uma análise entre o melhor resultado das últimas duas décadas (759 mil visitantes em 2011), em comparação com o pior resultado (72 mil em 2020), verificamos a forte dependência da oferta museológica dos públicos estrangeiros, em detrimento dos públicos escolares e locais (Goes, 2021b; Goes & Sardinha, 2021). Assim, podemos concluir que, a perda de mais de 687 mil visitantes nos museus regionais, poderá ser demonstrativa de um estado de decadência cultural e de um agravamento do déficit democrático no acesso à Cultura, que poderão colocar em causa a coesão social e a unidade territorial (Miranda, 2006; Goes, 2021b).

Impacto da pandemia provocou queda de 66,2% no número de visitantes em 2020

Uma breve análise aos impactos da pandemia na realidade os museológica regional, permite verificar que os museus na região, registaram em 2020 uma queda brutal do número de visitantes, menos dois terços (-66,2%) dos visitantes registados em 2019. As justificações apontadas para este acentuado decréscimo em 2020 foram “as restrições impostas pelas autoridades nacionais e regionais para controlo e mitigação” da pandemia (DREM, 2021, citada por Goes, 2021a), contudo, não será suficiente para justificar o fracasso dos resultados. Porque, provavelmente, tal fracasso será demonstrativo do quanto o setor museológico esteve e permanece exposto ao setor do Turismo (Goes & Sardinha, 2021), em vez de se abrir à comunidade onde se insere, nomeadamente ao público infantojuvenil (Goes, 2021a).

O desinteresse dos públicos e a fraca aposta na formação dos mais jovens

As razões apontadas em vários inquéritos, teses e relatórios para o desinteresse dos locais são diversas (Antunes, 2013; Araújo, 2013; Goes & Sardinha, 2021; Gouveia, 2009; Silva, 2003), acentuando o distanciamento com a realidade europeia “relação entre os museus e os residentes locais não se compara ao que acontece nas grandes cidades (Araújo, 2013). Enumeram-se alguns das razões: os horários de abertura (Araújo, 2013); a falta de capacidade de atratividade (Araújo, 2013; Gonçalves, 2014), nomeadamente, pela falta de programação regular e diversificada; a falta de dinamismo, demonstrado pela “pouca rotatividade de exposições” (Araújo, 2013) – manutenção de exposições permanentes ou de longa duração (Silva, 2003) – é  uma das razões para o afastamento do público dos museus; a falta de atualização dos discursos museográficos; o incipiente uso das novas tecnologias, quer nas práticas curatoriais, quer na gestão museológica e das coleções (Antunes, 2013; Gouveia, 2009), como também na divulgação de atividades. A não gratuidade de alguns museus é apontada também como uma razão para desencorajar o acesso dos residentes locais. A ausência de vontade política e a alocação de recursos financeiros, dificulta a implementação de novos projetos e a deterioração das coleções (Antunes, 2013; Goes, 2021b; Gouveia, 2009).

O não envolvimento da comunidade local (Araújo, 2013; Gonçalves, 2014) onde o museu se insere, acentua o processo de não identificação dos públicos regionais com as instituições culturais, consideradas elitistas (Goes & Sardinha, 2021). Porque as práticas de gestão museológica  deverão estar “em constante mudança”, os museus deverão saber “cativar e seduzir o seu público para ir de encontro às suas expectativas e interesses” (Araújo, 2013, citado por Goes, 2021b). O número de visitantes inseridos em grupos escolares, face aos dados disponíveis registou em 2020, o valor mais baixo das últimas duas décadas (7.916 visitantes), constituindo uma diminuição de 24,7% face a 2019 (DREM, 2021; INE, 2021). Contudo, se analisarmos os dados anteriores à pandemia (no período 2009-2019) verificamos já uma perda de 18,4% dos públicos inseridos nos serviços educativos, registados nesses dez anos (Goes, 2021a). E, se recuarmos até 2007, encontramos nesse ano o melhor resultado de públicos escolares das últimas duas décadas (43.257). Verificou-se uma consecutiva queda até o ano de 2012 (20.858 visitantes) e uma progressiva recuperação até 2019, quando se registaram cerca de 32.032 visitantes inseridos em grupos escolares ou infantojuvenis. O ano de 2019 registou, por isso, um decréscimo de 18,4% (INE, 2020), quando comparado com 2009, e de 25,9% quando comparado com 2007 (DREM, 2021; Goes, 2021a; INE, 2020, 2021). Precisamos recuar até 2002 para encontrar o segundo valor mais baixo de públicos escolares destas duas décadas (12.289).

Conclusões: uma aproximação às realidades dos Açores e Cabo Verde 

Urge um estudo aprofundado que tenha em conta as especificidades e a diferenciação dos públicos (Araújo, 2013), além da adoção de novas políticas que assegurem a efetivação dos direitos culturais consagrados constitucionalmente (Goes, 2021b; Miranda, 2006). A captação e formação de novos públicos para os museus deverá estar assente no desenvolvimento de projetos de comunidade (Goes & Sardinha, 2021), nomeadamente: a realização de itinerários culturais ou circuitos de interpretativos entre museus e o território envolvente (Vargas, 2003 citado por Carreira, Camacho & Ferreira, 2021); a diversificação da oferta museológica e da programação; o recurso às novas tecnologias (Gonçalves, 2014); e a respetiva afetação de meios e recursos para a implementação dos projetos (Goes, 2021b).

As relações entre os setores do Turismo e os setores culturais e museológicos são inevitáveis face à especificidade cultural e geográfica da RAM e ao paradigma económico vigente, centrado no desenvolvimento turístico. Contudo, a fim de garantir a sustentabilidade do destino e a coesão social, os interlocutores de ambos setores poderão exercer um papel mobilizador da sociedade civil para a realização de projetos comuns, que tenham por objetivo assegurar a sustentabilidade social e económica da Região.

Se por um lado, a excessiva exposição da oferta cultural e museológica às necessidades de entretenimento e de animação turística poderá colocar em causa a função dos museus e constituir razão de afastamento dos públicos locais, originando uma perda do sentimento identitário de uma comunidade, por outro lado, poderão proporcionar ofertas culturais diferenciadas e diversificadas para as comunidade locais que poderão ser amplificadas colhendo a posterior adesão de grupos de turistas (Carreira, Camacho & Ferreira, 2021). A mútua cooperação entre tutelas, instituições museológicas, artistas locais, instituições académicas e sociais, operadores turísticos e empresas de animação turística (Foris, 2014, citado por Carreira, Camacho & Ferreira, 2021) poderá permitir o crescimento do número de visitantes dos museus, o crescimento do setor museológico e a implementação de um modelo de desenvolvimento regional sustentável centrado na Cultura.

Uma breve comparação à realidade museológica de algumas das ilhas atlânticas, da macaronésia, permite concluir que, os museus “de vizinhança” e comunitários – em Cabo Verde – “evidenciam potencialidades susceptíveis de produzir resultados de interesse“, conseguindo cumprir “o propósito de promoção do turismo, no âmbito da museologia” (Gouveia, 2013), e simultaneamente desempenham “um instrumento de intervenção” junto das comunidades mais vulneráveis ou socialmente desfavorecidas (Gouveia, 2013).

Também nos Açores, o turismo cultural quando conjugado com a especificidade da realidade museológica açoriana (Canto, Costa, 2012; Ribeiro, 2019) demonstra como os espaços culturais, nomeadamente os museológicos, se podemdiferenciar no mercado e converter em modelos de atração turística, sem perderem os seus objetivos museológico” (Cunha, 2019). De acordo com Medeiros (2014) um museu insular pode estar no centro do desenvolvimento sustentável de uma comunidade. O respeito pelo território e a salvaguarda das características do edificado, poderão constituir fatores de “aproximação da população local para esse esforço, através do seu conhecimento próprio”. Vários investigadores (Costa, 2012; Cunha, 2019; Medeiros, 2014; Ribeiro, 2019) concordam com a contínua necessidade de tornar os museus “mais apetecíveis”, fazendo com que estes reflitam as dinâmicas das comunidades locais onde se inserem. 

Parafraseando Herreman (2000), citado por Araújo (2003), o turismo é um dos movimentos subjacentes à “mundialização”, que “sacudiu os fundamentos do museu” e que poderá colocar em causa a missão da instituição no seio da comunidade local (Goes & Sardinha, 2021; Gonçalves, 2014). “A inércia das tutelas e a falta de compromisso da decisão política expõe a ausência de uma visão estratégica integrada para os museus e põe em causa a formação cultural das próximas gerações e o nosso futuro coletivo” (Goes, 2021b).

De acordo com Pinheiro, Moura & Antunes (2016), parafraseando Varine (2012), às novas propostas da museologia contemporânea devem exigir-se relações com o território e com a sustentabilidade do mesmo, nomeadamente, estabelecendo relações com a natureza, como forma de valorização e salvaguarda do património natural e cultural. A partir dos conceitos de “museu integral” e “ecomuseu” – ligados a Hugues de Varine (1972) e a Georges-Henri Rivière (1980) – (Pinheiro, Moura, & Alves, 2011; Pinheiro, Moura & Antunes, 2016), aponta-se uma resposta sobre qual o papel que as instituições museológicas devem desempenhar no seio das sociedades onde estão inseridas, nomeadamente em regiões insulares e ultraperiféricas: “actuar de forma crítica e interveniente no desenvolvimento económico, social, político e cultural das comunidades” (Pinheiro, Moura & Antunes, 2016).

“No mundo pós-pandemia, os museus terão de se emancipar do Turismo e serem capazes de antever o futuro ou mitigar um confronto entre o decadentismo identitário e a cativação de novos públicos” (Goes, 2021b).

Referências: 

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Foto de capa: (D.R.) Goes Circus / Ceci n’est pas un Musée!, de Diogo Goes in MAC Funchal;  Fotografia de João Gomes, Cortesia por MAC Funchal (2014);  Disponível em: https://zet.gallery/obra/goes-circus-ceci-nest-pas-un-musee-2897


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