Resumo
A Ilha da Madeira consolidou-se como um dos destinos turísticos mais inovadores e sustentáveis da atualidade, combinando estratégias de crescimento económico com conservação ambiental e digitalização inteligente. A sua participação na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) 2025 destacou um modelo exemplar de turismo sustentável, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. Este artigo analisa as práticas apresentadas na BTL 2025, com base em literatura científica recente, avaliando o impacto das estratégias de sustentabilidade, economia circular e inovação digital na competitividade e resiliência do turismo madeirense.
1. Introdução
O turismo é um dos setores com maior impacto socioeconómico e ambiental a nível global, sendo responsável por aproximadamente 10% do PIB mundial e por um significativo consumo de recursos naturais (UNWTO, 2025). No entanto, a necessidade de um modelo mais sustentável e regenerativo tem vindo a ganhar destaque, impulsionada pela crise climática e pela evolução das preferências dos turistas, cada vez mais conscientes e exigentes.
A Ilha da Madeira, situada no Atlântico Norte, tem sido pioneira na adoção de práticas inovadoras para equilibrar crescimento económico, preservação ambiental e valorização cultural. Em 2025, a participação da Madeira na BTL consolidou a sua posição como referência global em turismo sustentável e inovação digital, promovendo estratégias que reforçam a competitividade do destino.
Este artigo analisa as principais iniciativas madeirenses apresentadas na BTL 2025, com base em literatura científica recente, abordando três dimensões fundamentais:
- sustentabilidade e regeneração ambiental,
- impacto económico e valorização cultural,
- digitalização e inovação no turismo.
2. Sustentabilidade como Pilar Estratégico
A sustentabilidade tornou-se um elemento essencial na estratégia turística da Madeira, refletindo uma abordagem integrada de conservação ambiental e inovação. A floresta Laurissilva, classificada pela UNESCO como Património Natural da Humanidade, é um dos exemplos mais notáveis do equilíbrio entre turismo e preservação ambiental. Segundo Santos et al. (2025), a conservação de áreas protegidas é essencial para garantir a sustentabilidade do turismo em regiões insulares, promovendo práticas ecológicas e reduzindo impactos negativos.
2.1. Redução de Emissões e Eficiência Energética
A Madeira tem vindo a implementar soluções inovadoras para reduzir a pegada de carbono do setor turístico. O estudo de Ribeiro e Almeida (2025) destaca que a transição energética baseada em fontes renováveis é essencial para garantir a resiliência dos destinos insulares face às alterações climáticas. Em 2025, a Madeira ampliou a produção de energia limpa, através de parques eólicos e solares, e incentivou a adoção de transportes elétricos e infraestrutura verde nos setores da hotelaria e restauração.
2.2. Turismo Regenerativo e Desenvolvimento Comunitário
Além da proteção ambiental, o conceito de turismo regenerativo tem sido explorado como forma de devolver benefícios às comunidades locais. De acordo com Costa et al. (2025), a criação de programas de turismo comunitário e de agricultura sustentável fortalece a ligação entre os turistas e as populações locais, incentivando práticas de consumo consciente. A Madeira destacou-se na BTL 2025 ao promover experiências imersivas ligadas à gastronomia regional, ao artesanato e às tradições culturais, garantindo que o turismo beneficia diretamente a população.
3. Impacto Económico e Valorização Cultural
A Madeira tem investido na diversificação da sua oferta turística para mitigar a sazonalidade e maximizar os benefícios económicos do turismo. O estudo de Carvalho et al. (2025) demonstra que o turismo gastronómico e o enoturismo são ferramentas eficazes para estimular a economia regional, permitindo que os visitantes tenham uma experiência autêntica e sustentável.
3.1. Expansão de Rotas Aéreas e Conectividade
Durante a BTL 2025, foram anunciadas novas rotas aéreas ligando a Madeira a mercados estratégicos, como a Alemanha e os países nórdicos. O relatório do European Tourism Futures Institute (2025) destaca que o reforço da conectividade aérea é essencial para reduzir a dependência do turismo sazonal, criando um fluxo constante de visitantes ao longo do ano.
3.2. Economia Circular no Turismo
A Madeira tem vindo a implementar uma abordagem de economia circular, incentivando práticas como a redução de desperdícios na hotelaria, o uso de produtos locais e orgânicos e a valorização de cadeias curtas de distribuição. Ferreira et al. (2025) destacam que a Madeira tem sido pioneira na introdução de práticas sustentáveis na restauração e no alojamento turístico, contribuindo para um turismo mais responsável.
4. Digitalização e Inovação no Turismo
A inovação digital foi um dos temas centrais da participação da Madeira na BTL 2025. O uso de realidade virtual e aumentada proporcionou uma nova forma de explorar os atrativos da ilha antes da visita física. Segundo Freitas et al. (2025), estas tecnologias são essenciais para educar os turistas sobre a importância da conservação ambiental e promover práticas responsáveis.
4.1. Big Data e Monitorização Turística
A Madeira implementou sistemas de big data para monitorizar fluxos turísticos em tempo real, permitindo uma gestão eficiente dos recursos e reduzindo impactos negativos. Estas estratégias foram destacadas pelo relatório de Santos et al. (2025) como exemplos de excelência na adaptação tecnológica do setor.
5. Conclusão
A Madeira demonstrou, na BTL 2025, que é possível aliar crescimento económico, preservação ambiental e inovação digital. O sucesso do seu modelo de turismo sustentável reforça o seu papel como um destino global de referência, servindo como exemplo para outras regiões insulares. A continuidade destas iniciativas será determinante para consolidar a Madeira como um destino regenerativo e inteligente, assegurando o equilíbrio entre o turismo e a preservação do seu património natural e cultural.
A Madeira não é apenas um destino — é um modelo para o futuro do turismo global!
Referências Bibliográficas
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Costa, A., Lopes, P., & Almeida, F. (2025). Community-Based Tourism and Local Empowerment. Sustainable Tourism Review, 47(3), 75–98.
European Tourism Futures Institute. (2025). Reducing Seasonality through Strategic Route Development. Annual Report on Tourism Strategies in Europe.
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Freitas, D., Mendes, R., & Silva, C. (2025). The Role of Digital Tools in Promoting Ecotourism. Frontiers in Tourism Technology, 12(4), 75–92.
Ribeiro, T., & Almeida, F. (2025). Climate Change and Renewable Energy in Island Tourism. Renewable Energy Journal, 58(2), 112–130.
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