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Trem Bala

Trem Bala

Passamos tanto tempo a lutar uns com os outros – e connosco próprios -, procurando conquistar isto, insatisfeitos com aquilo, querendo mais, chorando porque não temos e urrando de raiva porque alguém tem que não nos apercebemos de quão longe de nós próprios estamos; e isso significa que vivemos longe daquilo que somos verdadeiramente e iludidos com a ideia de eternidade relativa; que é como quem diz: vivemos sem achar que iremos morrer.

No entanto, há duas ilusões maiores para as quais queria chamar a vossa atenção: a abóbada celeste e a crosta terrestre. O céu azul não é uma redoma inquebrável e a crosta terrestre não é solo sagrado…

No filme Interstelar, há um personagem que se sente acabrunhado com o facto de que tudo aquilo que o separava do espaço ser uma fina fatia de uma liga metálica; pois nós nem isso temos… Para lá do azul lindo e brilhante do céu está o incomensurável, e escuro, espaço sideral com tudo o que de perigoso por lá há.

E quanto à crosta terrestre, ela só esconde da vista o inferno das profundezas do nosso planeta; como sabemos, quando o nosso mundo tem crises gástricas nada o sustém…

Por isso, não devemos esquecer – jamais – que a vida na Terra é muito frágil…

Comecemos por pensar no conjunto de características físicas, químicas e cósmicas que se reuniram para que nós existíssemos… Permitam-me corrigir; o conjunto de características físicas, químicas e cósmicas que permitiram a nossa existência. É importante fazer notar esta diferença; porque a primeira frase poderá dar aso à confabulação – ainda que inconsciente – que nós somos o fim último da criação, enquanto a segunda abre a hipótese – quase certa – de sermos um acidente evolucionário.

Estudos revelaram que diferenças mínimas – ao nosso olhar – na composição da atmosfera de um planeta podem ditar a possibilidade, ou não, de vida como a nossa; por isso, bastaria que uma dessas diferenças tivesse ocorrido na atmosfera da Terra para que nós não tivéssemos surgido. Mas se não quiserem ir por aí, deixem-me recordar-vos que a nossa evolução apenas ocorreu porque houveram cinco grandes extinções massivas na Terra; por cinco vezes, as condições de vida na Terra alteraram-se de tal modo que a vida dominante existente se eclipsou e permitiu que outros seres – até então remetidos para segundo plano – pudessem singrar. A maior parte de nós estar-se-á a lembrar do asteroide que matou os dinossauros; é natural, porque é a mais recente, a mais popular e – evidentemente – aquela que direta e inevitavelmente viria a permitir o nosso aparecimento.

Mas pensemos mais um pouco…

A extinção do cretáceo – há 60 milhões de anos – não foi a maior nem a mais espectacular; há 252 milhões de anos a Terra esteve perto de não recuperar de todo… Nesse tempo, a Terra poderia ter passado a ter uma atmosfera muito semelhante à de Vénus e acabar com outra muito similar à de Marte. O que salvou a Terra terão sido as dinâmicas da nossa atmosfera e as coincidências cósmicas; se quiserem…

Quais?

Não sei. Mas a verdade é simples; por muitos estudos que se façam sobre o que se passou há milhões de anos, nunca saberão o que aconteceu exatamente. Tudo o que se terá serão especulações; suportadas pelos factos científicos que se conhecem, é certo, mas sempre com uma margem considerável de erro que – considerando tudo aquilo que não se sabe e o facto de tudo se ter passado há milhares de milénios – ainda pode ser bem grande. Já li uma quantidade razoável de livros sobre as extinções massivas na Terra e vi vários documentários sobre este assunto – é um tema que me apaixona – e a conclusão a que chego é esta: ninguém sabe ao certo como tudo se passou nem como o ecossistema da Terra reagiu e deu a volta por cima…

«Sabe-se dos Dinossauros!», dirão. Será?

Só há pouco tempo tomei consciência disto… Há quem duvide da teoria do asteroide e há quem diga que o asteroide foi só o golpe de misericórdia para a civilização sáuria – se assim pudermos dizer – que estaria já estar a caminhar para o seu fim, mas por outras razões; menos espectaculares…

Em resumo, o que pretendo assinalar, é que, no meio toda a teoria Física, e Química, e do jargão científico dos paleontólogos, a coisa é bem simples; o facto de a Terra ainda ter vida hoje pode assentar numa coisa bastante corriqueira: sorte. E a sorte foi a simplicidade com que os elementos se rearranjaram…

Mas não me levem mal, os amantes da paleontologia e da física… As grandes extinções na Terra tiveram os seus catalisadores; por hipótese. A maior parte das vezes, consegue-se identificar um «culpado», um agente da destruição ou um hipotético Perses, mas não se sabe nem o como nem o porquê; e tudo aquilo que se avança como justificação não passa de especulação alimentada pelos receios e preocupações de quem especula e, logo, inválida.

Seja como for, nos últimos 500 milhões de anos, a vida acabou e recomeçou várias vezes; quase por milagre. E, agora, há quem fale da sexta extinção; uma – supõe-se – que sejamos nós a causar…

Compreendo as preocupações com o aquecimento global, as alterações climáticas, etc; as coisas estão a acontecer e não há como dizer que não. No entanto, o cenário de uma Terra-forno começa a perder alguma força e só a teimosia de alguns sectores ambientalistas – talvez apoiados, ainda que o ignorem, pelos seus piores inimigos – o mantém; note-se que está calor quando está sol, mas a maioria das vezes, quando o sol se põe, o arrefecimento é drástico… Eu sei pouco destas coisas, mas acredito que isto tenha outras explicações diferentes das que nos querem «vender», até porque sempre achei que isto do Aquecimento Global era um embuste de natureza planetária…

Sempre discordei – ligeiramente – do mito do Aquecimento Global; para mim é, de certa maneira, anedótico e antropocêntrico. Não estou a dizer que não há um relativo aquecimento, nem que o clima está incerto – para dizer o menos – ou que a humanidade não esteja a contribuir de alguma forma para este desacerto; mas poderemos aferir com 100% de certezas que somos só nós os responsáveis?

Basta ir estudar todas as extinções em massa na História da Terra para verem nelas os mesmos sinais que hoje se atribuem ao Aquecimento Global. Onde estava o Homem, então?

Quantas vezes as calotes polares derreteram na História da Terra?

Sabiam que há uns 90 milhões anos, no Ártico, havia clima tropical?

Penso que estejamos todos a ser levados neste embuste por duas razões simples: achamo-nos o fim último da criação e, por isso, tudo anda à nossa roda; e julgamo-nos poderosíssimos. Todavia, a Terra roda sobre o seu eixo e à volta do sol, sempre acompanhada pela Lua, atravessando o cosmos, completamente indiferente a nós… Os ciclos naturais da Terra, glaciação, inversão dos polos, etc, continuarão a ocorrer quando ocorrerem e sem que nós tenhamos qualquer participação nisso. Eu sei que para nós isso é quase inconcebível, reduz-nos a nada, tira-nos o controlo – que nunca tivemos, por sinal; mas as provas estão aí…

O ser humano fala de ciclos naturais como se eles tivessem data marcada: a Idade do Gelo está atrasada, o grande sismo de Lisboa também e, também, o de São Francisco está… Espera-se que a Terra entre em fúria nuns lados, mas ela entra em fúria noutros – como aconteceu com o vulcão de Stromboli… Contudo, se for preciso, é-se capaz de atribuir esta imprecisão e instabilidade ao Aquecimento Global, mas não se é capaz de admitir que se é incapaz de entender e prever como é que a Terra reage ao que quer que seja… A Matemática pode ter sido considerada a linguagem universal, da natureza, mas não nos esqueçamos que fomos nós, os criadores da matemática, que a considerámos isso; por isso, em bom senso, não podemos achar que a matemática explica tudo, pois sendo nossa criação, só pode explicar aquilo que nós sabemos; e nós sabemos tão pouco…

Mas não se fiem nas minhas palavras; vão ver o que já se produziu sobre as extinções massivas e entendam como eu cheguei a esta conclusão.

E por falar em extinções em massa, e para melhor assinalar o que pretendo dizer, relembro que as cinco que ocorreram limparam a vida da superfície da Terra com a precisão de um bisturi; e em todas elas haviam formas de Vida dominantes que – sabemos lá – poderiam ter-se tornado sencientes e inteligentes, como nós… Mas não; tal não aconteceu. E tal não aconteceu porque sucedeu qualquer coisa; qualquer coisa que se quisermos – sem grande imprecisão – poderemos chamar-lhe um capricho da natureza.

Por isso, a humanidade tem muita sorte em estar aqui hoje, neste mundo favorável à sua vida, e deve estar grata por isso. Deve punir pela sua casa cósmica, porque – e por enquanto – não há planeta B, deve evitar poluir, deve procurar viver em harmonia com a natureza e entre si… Mas não precisa viver culpada e preocupada com Aquecimento Global, porque isso é um mito; o que está a acontecer à Terra – provaram-nos as extinções em massa – pode estar a acontecer só porque sim. De todos os eventos que podem destruir a Vida na Terra, a humanidade – na verdade – só tem controlo sobre um: uma guerra nuclear. De resto…

Reparem…

A Terra atravessa a vastidão do espaço para a eternidade e, a qualquer momento, pode ser atingida por uma pedra espacial, por uma descarga energética de uma supernova, por uma tempestade solar, por um cometa, ou por qualquer coisa que ainda não descobrimos; porque nós sabemos tão pouco… Ou até pode dar-se o caso de nada disso nos acontecer, mas sermos engolidos pelos infernos abaixo de nós; não nos esqueçamos que abaixo de nós, a apenas a alguns quilómetros, circulam rios de lava e há mares de rocha liquida que fazem as entranhas de Terra viver em constante mutação, empurrando as placas tectónicas, regurgitando lava e gases fatais através de vulcões, soltando tensões em terramotos, lançando tsunamis sobre terra firme…

A Vida na Terra é muito frágil e pode acabar de um momento para o outro; só porque sim. Vivam-na como a dádiva que ela é e honrem-na sendo todos os dias melhores pessoas… Porque – e inspirado na canção de Luan Santana e Ana Vilela – a Terra é “(…)Trem Bala, parceiro; e a gente é só passageiro, prestes a partir…”

 

 

Imagem de Gerd Altmann por Pixabay

 

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