“Não se deve combinar ‘crack’ com amor. O efeito bate ruim demais!”: acerca de um filmaço sobre “as idiossincrasias das ruas dominicanas”!

É bastante pitoresco que, em A BACHATA DE BIÔNICO (2024, de Yoel Morales), nas diversas vezes em que o protagonista decide largar o ‘crack’, ele fique preocupado que, com isso, a documentação cinematográfica de sua vida deixe de ser interessante, o que nos leva a pensar no quão ético é o relacionamento entre a equipe técnica – no filme dentro do filme – e os personagens reais, antes que descubramos que não se trata de um documentário efetivo – cujas maiores suspeitas para tal têm a ver justamente com a presença hiperativa e indumentariamente refinada de Calvita. Mas, ainda assim, mesmo em seu auge artificioso, o enredo nos obriga a refletir acerca dos sentimentos de interdependência existentes entre aquelas pessoas…

“Eis o que eu desgosto nas bichas: elas não conseguem ficar apenas na amizade!”: um lamento sobre esnobados do Oscar 2025

Protagonizado pelo astro Daniel Craig, que interpreta uma versão ficcionalizada do escritor William S. Burroughs [1914-1997], autor do romance homônimo original, “Queer” fala sobre um período em William Lee refugiou-se no México, em busca de amor e das possibilidades telepáticas de uma planta alucinógena encontrada no Equador. Viciado em heroína, William Lee passa as tardes flertando com desconhecidos (um deles é o cantor Omar Apollo, que não tem pudor em se desnudar por completo), nas ruas latino-americanas, e fica obcecado por um jovem soldado expatriado, Eugene Allerton (Drew Starkey). Este alega não ser homossexual, mas permite que William lhe faça sexo oral, além de autorizar parcialmente as suas demonstrações excessivas de afeto. Até que o mais velho convida o mais novo para viajar consigo através de alguns países da América do Sul…

“Sabe por que a cocaína é proibida no Brasil?” O filme como um contra-exemplo

Abordar as variáveis – tramáticas ou documentais – referentes às drogas é, uma questão muito delicada, em razão da tendência quase inevitável à criminalização. Sendo assim, o filme “Cracolândia” (2020, de Edu Felistoque) acrescenta alguns aspectos mui problemáticos a esta reflexão. Inclusive, porque uma breve análise da filmografia do diretor faz com que temamos aquilo que confirmar-se-á no primeiro instante: é um filme que escolhe a abordagem policialesca, a defesa das táticas de choque como necessidade emergencial de intervenção!

A toxicomania é um percurso? O cinema oferta uma posologia consciente!

O longa-metragem sul-africano “Barry Fritado” (2020, de Ryan Kruger) é bastante necessário: exibido com muito alarde crítico na décima sexta edição do Fantaspoa – Festival de Cinema Fantástico de Porto Alegre, que, em 2020, foi completamente virtual – este filme oferece-nos uma incursão deveras inusitada na temática toxicômana, assemelhando-se, em lógica discursiva geral, ao conto “O Alienista” (1882), do celebrado escritor brasileiro Machado de Assis [1839-1908].