Candura

 CANDURA Ingênuo, ridículo     VERSUS  Puro, inocente Quando a culpa sobrevem a todos Ocorrência desesperada Não se subtrairá Façam suas escolhas Senhores Serem tratados séria mas maculadamente Ou ridícula e puro e verdadeiro O infectado mundo não abre espaço à candura. Da dispersão dos sentimentos página 9. Imagem

Dissipação

Já te destes conta do quão inútil é  Tudo aquilo que machuca  Porque não realiza nada  Só a dor  O sofrimento  Do que mais há por aí A cabeça baixa O concordar forçado O soco, o bofetão A maldade da ofensa O grito O desespero O tempo deve ser empregue em coisas bonitas Só elas […]

Disfarce

Conhecer as coisas  Será como a lembrança de um esquecimento Como uma essência que permanece  Como um perfume   Que alterado o odor intrínseco Dando-nos outro Mantém sempre o nosso  Porque o saber guarda outros meios Outros caminhos Outros modos e outras vias De identificar Da dispersão dos sentimentos Página 6. Imagem

Canção do dez de Junho para as crianças, intitulada: Na alma de todos nós.

O poeta está em nós Imortal como desígnio Com sua eterna voz Genial e fidedigno Com tapa olho qual pirata Vive eterno Camões Em sua lembrança exata Na memória de milhões Que o destacam Como poeta nacional Sendo o nó que os atam Seu dizer sem igual Memória sempre viva Do poeta-soldado E do soldado-poeta […]

Intrínseco.

O sabor de cada um Cada qual conhecerá Especial Intransferível Magia pessoal Expressiva e indizível Inefável, indescritível Sobeja humor Porém para conhecê-lo Exclusivo gotejar Há que bebe-lo Uma vez que é intrínseco. Imagem

Eu serei bem vindo a Elsinore…

Serei eu bem vindo a Elsinore? Ninguém é.Todo mundo é.Uma mentiraUma verdadeUma féTente, tudo pode ser feito. Não existe Elsimore.Há tudo em Elsimore.Tudo é Elsinore.Nada é Elsinore.HelsingorSinal do inferno ouEle vai cantar ou…Uma miragem?Um achado?Uma perda?Sem dúvidas aqui! Elsinore não está em lugar nenhum. Elsinore é tudoElsinore existeElsinore é um portoElsinore é uma cidadeElsinore é […]

De viés.

Que é como sempre me olhasCom medo de encarar a feraE encontras dificuldades zarolhasQue são ciladas, e esperaDe um tempo que já não tenhoEm abismo que já não éComo vou, não venhoPerdição, desengano, falta de féTolice e quimeraDesencontro que é O que não tem soluçãoSolucionado estáDiferentemente do que pensasUm cão nunca se vaiNem tem autocomiseraçãoEstará […]

ESPARGIDA.

A beleza esta espalhada infinitamente Infinitamente dispersa por todo o Universo Verso e reverso de tudo Formosura desde as tórridas dunas dos desertos Até cada búzio, e cada verme colorido no fundo do mar E no universo microscópico, que também é lindo Porque belo? Qual a razão de os vermos e os sentirmos belos? Não […]

‘Momentun es’

Eu sou uma casa escura, vazia Em que o poema vem ter comigo Enche-me de luz E eu sendo assim como abrigo Acolho-o, e ele faz-se, se traduz Rebordo de um sentimento Apresentação de uma possibilidade Fazendo-se de momento Infinita desigualdade Manifestação absoluta No meu eu coxo Falto, incompleto Que por breve instante Torna-se repleto […]

Deutoronômio 5:17.

A ordem é dada em absoluto Não diz como, quando ou o que É simplesmente o mandado bruto Não admite dúvidas ou porque Há que o cumprir resoluto Sem duvidar de que ! Antológicas, página 121. Imagem

Ocasos d’alma.

Sombras longas, sombras outonais De fim de tarde Quando elas se alongam mais E sem alarde Nos restos do meu coração sem umbrais                                     Então guardam Toda a extensão dos meus ais Para que ainda ardam Com meus […]

De ser como é.

Feliz canta a menina A pomba arrulha triste O sabiá já canta alegre Cada qual é como existe. Mas será fado, será sina O que cada um persegue? Antológicas página 7.

O FOTÓGRAFO DE ALMAS.

“A cãibra do Gageiro” diz o J. C. Ary dos Santos em seu poema ‘A máquina fotográfica’, ao falar das imagens, era o homem do cesto a ter cãibras, mas era também o Eduardo. Agora a caminho dos 90 anos. Há sempre um não sei que de ternura De aconchego intemporal Mesmo na mais jornalística […]

Escolha…

Como tudo, são escolhas Estar ou repousar é mais uma, Nada que nos demova Desse impasse, dessa caruma Envolvente, quase invisível. . . Que por mais que nos comova Sendo amável ou risível É estorvo que se remova? Ou é dilema que se promova? Ou é verdade, sendo possível? Antológicas página 120. Imagem: Unsplash

Em sentido contrário.

No fio da navalha Caminha bruta e canalha A fraude existencial do sentir Quando mais se atalha Segue no descaminho a fugir… Só com o neologismo desandança  Tão claro e tão verdadeiro, Você pode voltar a ser criança E se poderá dar por inteiro À verdade total do sentir.             […]

É portuguesa…

Sou poeta numa língua muito estranha Uma língua rude e medonha Em que pouca gente destreza tem Caprichosa, desdenhosa, exigente  Que maltrata toda gente E a poucos costuma querer bem. Seu pouco alcance a arreliou Por querer a todo mundo falar Mas isso não a calou, Quis sempre se expressar! Tem sido minha desdita Tem […]

Diálogo.

Percorrendo a noite imensa Noite de sedução Vamos encontrar a crença Da própria perdição Encontro estropiado no fundo do despropósito Compra de tempo fiado que não se pretende pagar Período que fica finado dentro de um depósito Que guarda as vozes, e as cores de arreliar Por isto com a noite me calo Irei seguir […]

Desejos, balbúrdia e telefonia.

Ter o som a anunciar Tanta coisa que ele talha Tanta alma, tanta tralha Tanto antolho a desatar Tanto entulho a apurar Tanto escolho a ultrapassar Que são gritos, São presságios, São informes, São adágios  – Baladas, Sonatas, Cantatas  – Melodias: É a vida a fervilhar Slap, slap, slap Vzi, vzi Cri, cri, cri Bleng, […]

Descoberta.

No mais fundo de sua alma Há remansos ou cascatas? Há pradarias ou vulcões? Coisas confusas ou exatas? Placidez ou erupções? Sejam quais forem Há que aceitá-las. Às más, ao se proporem, Há que evitá-las Viver é esse misto De vitórias e derrotas Deste sítio onde existo E ir entrando em outras portas Pois mesmo […]

Dadá.

É com sabor Com desamor Rubor e fulgor E le Cabaret, le Cabaret, le Cabaret VOLTAIRE Sem senso Dissensos e contra-sensos  Pura intenção Com amor e sem pão Que sabe-se da coisa mais louca Toca que brota, soa, é oca: “O pensamento se faz na boca.”  Antológicas, página 111. Imagem de capa: Domínio público, por […]