E quando o pretenso discurso antipropagandístico é também propagandístico, o que a gente faz? [observação: tudo o que fazemos é político!]

Fingindo ser uma realização norte-coreana contrabandeada internacionalmente, “Propaganda” (2012, de Slavko Martinov) serve-se de vasto material de arquivo para expor as limitações democrático-midiáticas ocidentais, a partir de uma crítica incisiva ao modelo imperialista de dominação cultural estadunidense. A fim de hipertrofiar o seu charme denuncista, não há créditos internos, de maneira que o mito da difusão clandestina da produção é reiterado…

A quem pertence “o dedo da mão que aperta o botão”? [um percurso essencialista]

Não obstante transcorrer-se em intimidadoras quatro horas e vinte minutos de duração, o longa-metragem “Luz Nos Trópicos” (2020, de Paula Gaitán) revela-se como um dos mais importantes filmes brasileiros do ano. Ele aborda algumas contradições da sociedade brasileira – e mundial – de maneira poética e desafiadora, sendo uma espécie de derivação mais sensorial e panteísta do clássico “A Idade da Terra” (1980, de Glauber Rocha). Como a realizadora foi casada com o polêmico cinemanovista, esta associação não é nada casual, visto que ela participou diretamente das filmagens e foi diretora de arte do filme em pauta.