“A novela é uma ferramenta de transformação social”, lemos num folheto. Será que ainda procede?


Dirigido pelo mesmo realizador da ótima comédia “TOC: Transtornada Obsessiva Compulsiva” (2017), “A Vilã das Nove” (2024) conta a história de uma preparadora vocal chamada Roberta (Karina Teles, ótima como sempre) que, durante um passeio num aquário público com a sua filha Nara (Laura Pessoa), é chamada de Eugênia, por uma mulher que alega desconhecer. Ao ajudar um ator pernambucano (vivido por Rodrigo Garcia, que parece compartilhar um dilema que aconteceu consigo) a perder o seu sotaque característico, ela é convidada para a festa de lançamento de uma telenovela chamada “A Má Mãe”, e fica espantada ao acompanhar o enredo da mesma…
“Toda guerra é lutada duas vezes: a primeira vez é no campo de batalha; a segunda, na memória”: elogio emergencial a uma ótima minissérie subestimada!


Em razão de a minissérie “O Simpatizante” ter obtido uma audiência diametralmente oposta à qualidade de sua realização, esperamos convencer alguns leitores a mergulharem nas valiosas reflexões proporcionadas por este magno produto televisivo, cujo roteiro está a cargo do cineasta sul-coreano Park Chan-Wook (que também dirige os três primeiros episódios) e do escritor canadense Don McKellar.
“Pode-se conhecer as pessoas de diversas maneiras, além do sexo” (qual o seu filme favorito de 2021?)


No mesmo ano em que realizou “Drive My Car” (2021), Ryûsuke Hamaguchi recebeu o Grande Prêmio do Júri no Festival de Cinema de Berlim por seu longa-metragem anterior, “Roda do Destino” (2021), subdivido em três episódios independentes, em que as coincidências relacionais também determinam o tom emocional. Para o diretor, as conseqüências dos encontros sexuais são bastante relevantes, de modo que, apesar de seus enredos se destacarem pela ternura, há também manifestações traumáticas em seu escopo.
As más notícias ficam menos intranquilas em árabe? ‘la, lkn min aldrwryi altwasl!’


Conforme já foi enfatizado em mais de uma oportunidade, enquanto incentivo quarentenário para que o CoronaVírus não espalhe-se ainda mais pelas ruas, diversas plataformas fílmicas estão oferecendo catálogos maravilhosos de produções não tão acessíveis ao grande público. Um exemplo bastante aplaudível é a edição virtual da 2ª Mostra de Cinema Egípcio Contemporâneo, disponibilizada entre os dias 29 de julho e 23 de agosto de 2020. Vale a pena conferir!
“O Brasil é um sonho!” [ou o pesadelo de muitos!]


Na tarde do dia 30 de maio de 2020, começaram a abundar ciberneticamente os elogios intensificados ao curta-metragem “República” (2020), dirigido, escrito e protagonizado pela extraordinária atriz, com a colaboração técnica de Wilssa Esser, responsável pela fotografia, som e montagem do filme em pauta. Em pouco mais de quinze minutos, configura-se um dos melhores e mais impactantes filmes do ano!
Por fora, o embate; por dentro, a simbiose. Ou o dilema de um gênio, para além da apoteose de sua criatura…


Nesta entrevista, o diretor é confrontado por uma das perguntas mais recorrentes (e mal-intencionadas) de sua vida: “quem é mais importante, José Mojica Marins ou Zé do Caixão?”. Como se fosse possível dissociar um de outro, e vice-versa. Para atender aos propósitos fílmicos, José Mojica Marins, o personagem, responde que ele, o criador, seria o mais importante. Será o pressuposto para uma brilhante persecução entre criatura e criador, num roteiro com múltiplos pontos de fuga horroríficos.
Quando o DNA do Estado e o DNA do Cinema não se coadunam…


Em lugar do quase arquetípico protagonismo feminino, temos aqui uma reflexão sobre as interdições produtivas sofridas pela diretora Ana Carolina. Mas sem apelar para a tentação do alter-ego: aquele que aparece no filme como “o diretor” tem pouco a ver com a cineasta. Desgosta de cinema brasileiro, por mais paradoxal que pareça!