“Não se pode viver a noite inteira e, depois, o dia inteiro”… Ou de quando o livro é melhor que o filme: e daí?

É muito comum que, num primeiro impulso, ao término da sessão, o fã de algum livro adaptado para o cinema irrite-se ao perceber que “o livro é bem melhor”. Em verdade, esta é uma opinião que não respeita as especificidades lingüísticas de cada uma das obras: ainda que seja detectado o aproveitamento de elementos congêneres – a mesmíssima trama, por exemplo –, o livro é o livro e o filme é o filme. Cada um deles funciona por si mesmo, sendo “perdoável” quando a adaptação é mal-sucedida.

“Qual é o formato de teu pénis?” ou de como os (pós)adolescentes norte-americanos tornam-se empreendedores do amor!

Reconfigurando elementos e recursos narrativos que foram adotados em “Embriagado de Amor” (2002) e “Vício Inerente” (2014), obras que alguns cinéfilos consideram atípicas em sua coerente filmografia, “Licorice Pizza” passa-se no Vale de São Fernando, região de Los Angeles em que o diretor cresceu e que ficou famosa pela produção de filmes pornográficos. Estamos em 1973, e os longas-metragens de sexo explícito começam a invadir as salas tradicionais de cinema. É nesse cenário que conhecemos os dois protagonistas.

“É preciso falar seriamente sobre o problema da morte” ou de quando chorar durante uma resenha é indicativo de resistência…

Ainda que pareçam imediatamente disassociados, há pontos de intersecção possíveis entre o primeiro (e magistral) longa-metragem de Júlio Calasso Jr. e a situação desoladora em que encontra-se o Brasil atual: “Longo Caminho da Morte” (1971) revela-se um título profético – porque mui historicizado – para compreendermos a gestação diuturna do ódio político no contexto hodierno. O bolsonarismo advoga a morte; Júlio Calasso Jr. diagnosticou a origem longeva deste processo.