“Se alguém me perguntasse ‘qual é a tua religião?’, eu responderia: ‘a infância’!”


“Saudade Fez Morada Aqui Dentro” (2023, de Haroldo Borges) é um filme que faz jus à potência poética de seu título. A despeito de acontecerem situações que, noutro tipo de desenvolvimento tramático, poderiam desencadear conflitos duradouros (uma briga entre namoradas, a própria cegueira de Bruno, a cena em que ele é abandonado por Ângela num local ermo), o roteiro – escrito pelo diretor e por Paula Gomes – é marcado pelo improviso, por uma impressionante naturalidade nas atuações, a ponto de, em inúmeros momentos, pensarmos tratar-se de um documentário.
“Pai nosso, livrai-nos dos cartéis e das organizações criminosas”: a linguagem documental diz “amém”!


Co-produção entre Alemanha e Brasil, “Lo que Queda en El Camino” (2021) acompanha a jornada da guatemalteca Lilian Florinda Hernández Lopez que, aos vinte e nove anos de idade, mãe de quatro filhos e grávida do quinto, esforça-se para chegar aos Estados Unidos da América, num percurso de quase quatro mil quilômetros.
“Se não fosse a guerra, eu casaria com ela”: mais uma vez, voltaremos a estes assuntos…


Baseado no romance “Sotnikov”, do escritor belarusso Vassil Bykov [1924-2003], “A Ascensão” (1977) permite-nos acompanhar a jornada de dois soldados soviéticos, em meio a um rigoroso inverno e à perseguição inclemente dos nazistas. Na seqüência inicial, alguns aldeões fogem através de uma floresta congelada, quando os protagonistas são escolhidos para buscar comida para as pessoas esfomeadas.
Pois rever é, também, reviver: a importância de (re)encontrar quem está mais à frente, no caminho!


Não obstante a entusiástica aclamação, por parte da crítica internacional, ao filme “Nomadland” (2020, de Chloé Zhao) – que culminou no recebimento do Leão de Ouro no Festival de Cinema de Veneza e nos prêmios Oscar de Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Atriz, entre tantas outras láureas –, foi reclamado que este longa-metragem registraria […]
A política contemporânea é uma trama hitchcockiana invertida?


Sob a égide dos esforços propagandísticos de guerra em Hollywood, Alfred Hitchcock realizou, através de “Sabotador” (1942), uma obra externamente afim às convenções de gênero da época, sem a profusão dos rasgos sumamente autorais que o eternizaram enquanto “mestre do suspense”. Vendo o filme hoje em dia, percebemos que há muitas perspectivas indiciais em meio à sua estrutura enredística convencional.
Rumo ao abismo? Pensando com Edgar Morin sobre mitos e futuro


Vivemos tempos de incertezas e lidamos com a pior delas: a incerteza angustiante do presente isolamento social e projeção do mundo pós pandemia da COVID-19. Quando sempre falamos das inseguranças de uma sociedade cada vez mais conectada, tendo a internet como protagonista nas relações sociais, econômicas, culturais, etc., tratamos de uma incerteza de futuro que […]
Isolamento social preventivo X acolhimento audiovisual curativo: o abraço que provém do olhar…


Contemplado por um projeto governamental de fomento à produção de documentários regionais – infelizmente, não mais vigente na gestão bolsonarista, dolorosamente refratária à cultura –, o longa-metragem “Avenida Brasília Formosa” (2010) segue à risca o jargão do projeto: “quando a realidade parece ficção, é hora de fazer documentários”. Portanto, é um ótimo e contundente filme, sobremaneira adequado para quem encontra-se atualmente em quarentena.