“Eu estava muito ocupada. Por isso, desenhei em cinco minutos”, ou: o que esperar de um novo ano?

De que adianta ficarmos quantificando os filmes que vemos, os livros que lemos, ao invés de efetivamente apreciá-los? Tudo bem que, na maior parte das situações, isso advém de exigências externas, vinculadas ao agendamento midiático. Mas… Será mesmo que não dispomos de outras opções procedimentais, na execução daquilo que nos compete funcionalmente, em obrigações hebdomadárias, como a desta coluna, por exemplo? No filme “Look Back” (2024, de Kiyotaka Oshiyama), há uma situação em que uma personagem reclama que está entediada de tanto conceber mangás: “passo o dia inteiro desenhando-os e, mesmo assim, estou sempre longe de terminá-los. Prefiro voltar apenas a lê-los!”. Mais uma vez, não é casual que as interrogações estejam tão abundantes neste texto: elas converter-se-ão em ações.

“Por que utilizar um código antigo para espelhar algo novo?” (ou “o ano termina, e começa outra vez”…)

Repetindo o mesmo procedimento do já clássico filme de 1999, Neo encontra Morpheus, ingere a pílula vermelha e desperta em seu casulo humano, no centro da enorme colméia de alimentação maquínica. Diferentemente da situação anterior, seu corpo não parece irremediavelmente atrofiado e ele consegue movimentar-se com certa desenvoltura, inclusive percebendo que sua amada Trinity (Carrie Anne-Moss) jaz poucos casulos abaixo do seu. É resgatado por algumas máquinas do bem – sim, agora elas existem! – e levado a uma colônia de rebeldes, onde os eventos do segundo e terceiro filmes são repetidos. Por mais que se tente simular algum perigo irreversível, é tudo previsível na condução da narrativa: alguém exclama “precisamos de um milagre” – e é óbvio que ele ocorrerá!