“Eu gostava de ouvir a voz do Armando, em meu ‘headphone’…”: a propósito, quem lembra?


Sobre o que é este filme: como o diretor é sobremaneira ativo nas redes sociais (principalmente, o Twitter) e manifesta-se de maneira ranzinza quanto a opiniões divergentes acerca de sua opulenta produção, arriscamo-nos a tornamo-nos ‘personae non grata’ por manifestarmos nossas insatisfações quanto a alguns aspectos da obra. Arriscaremos ficar sob este ônus: a despeito da excelência técnica da obra e da magistral seleção de atores e músicas, algo na intenção teleológica – recorrente na ótima filmografia do realizador – não funciona tão bem ao amarrar as inúmeras pontas (intencionalmente) soltas do ambicioso roteiro. Nas bordas, referentes à exposição de dramas pontuais, o filme é genial; na totalidade enredística, problemático em suas simplificações e decepções – inclusive, quanto ao seu desfecho, que reitera a mesma conclusão pessimista (mas crente em alguma transformação mediante apelo à nostalgia) que aparece em “Retratos Fantasmas” (2023)…
“Quando passar o estado de choque, será algo atroz!”, ou de como a ansiedade cinéfila provoca atropelos…


Se a trama de “Sirât” aprisiona o potencial desta obra em certas convenções narrativas, no que tange à temática da reconciliação e na lida lisérgica com os sentimentos de luto e perante as injustiças contemporâneas, soa muito problemático que o roteiro – escrito pelo próprio diretor, em parceria com o argentino Santiago Fillol, seu colaborador habitual – acate as justificativas pretensamente despolitizadas daqueles personagens, através do pretexto simplista de que “já estamos vivenciando o fim do mundo”, conforme eles dizem em reação à transmissão apocalíptica de uma emissora de rádio.
