“My English is not good. But my soul is better”: alguns comentários sobre a premiação do Globo de Ouro, em 2025…


A frase aspeada, neste título, foi pronunciada pela atriz brasileira Fernanda Montenegro, em 24 de janeiro de 1999, quando ela manifestou o seu contentamento pelo Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, entregue ao já clássico “Central do Brasil” (1998, de Walter Salles). Mais de vinte e cinco anos depois, na mesma premiação, Fernanda Torres, filha da referida personalidade, recebe, na noite de 05 de janeiro de 2025, o prêmio de Melhor Atriz Dramática pelo filme “Ainda Estou Aqui” (2024, de Walter Salles). O diretor é o mesmo, em ambos os longas-metragens, o que chama a atenção para uma questão referente à influência de determinados cineastas em premiações internacionais.
“Eu pensei que ela fosse virgem!”: quando lembramos das pornochanchadas cariocas, o sexo é mesmo o maior problema?


Dentre os filmes brasileiros que superaram a difícil cifra de meio milhão de espectadores em 1978, o longa-metragem em episódios “Pintando o Sexo” (1977, de Egydio Eccio & Jairo Carlos) aparece entre eles. Trata-se de um filme moralmente ignóbil e associado aos piores aspectos do que hoje entendemos como “machismo estrutural”. O próprio título do filme, com uma menção oportunista ao erotismo, surge como falso problema, no sentido de que a sexualidade, se devidamente exercida e/ou liberada, poderia estimular um proveitoso debate político, no que tange à prerrogativa de interação benfazeja entre os indivíduos.
Diálogo com o público: “Para que o povo lute, ele precisa saber que houve quem lutasse antes”!


Apesar de ser o protagonista do filme que leva seu título, Carlos Marighella não vive isolado. Pelo contrário: é cercado de jovens motivados – e atravessados por inevitáveis contradições sociais –, que o ajudam a pôr em prática os seus ataques contra a violência ditatorial. Porém, o filme parece duvidar da melhor abordagem ativista: por vezes, adere às táticas de guerrilha baseadas na lógica do “olho por olho, dente por dente”; na grande maioria das cenas, opta por digressões familiares que não funcionam a contento.
“O povo está para a guerrilha como a água está para o peixe. Quem quiser acabar com o peixe, deve primeiro acabar com a água”…


Já foi dito, nesta coluna, que o terror é um gênero cinematográfico eminentemente político. A audiência ao filme guatemalteco “La Llorona” (2019, de Jayro Bustamante) – indicado ao Globo de Ouro 2021 de Melhor Filme em Idioma Estrangeiro – confirma de maneira grandiosa esta afirmação. Sobretudo porque o roteiro assume esta relação num viés perturbador: o que assusta no filme são os fantasmas de genocídios contemporâneos, ainda insuficientemente enfrentados pela História…
Por fora, o embate; por dentro, a simbiose. Ou o dilema de um gênio, para além da apoteose de sua criatura…


Nesta entrevista, o diretor é confrontado por uma das perguntas mais recorrentes (e mal-intencionadas) de sua vida: “quem é mais importante, José Mojica Marins ou Zé do Caixão?”. Como se fosse possível dissociar um de outro, e vice-versa. Para atender aos propósitos fílmicos, José Mojica Marins, o personagem, responde que ele, o criador, seria o mais importante. Será o pressuposto para uma brilhante persecução entre criatura e criador, num roteiro com múltiplos pontos de fuga horroríficos.
A propósito de um ou mais curtas-metragens: um ‘corpus’ filmográfico que desnuda o Brasil atual!


Aloysio Raulino (1947-2013) é um dos mais conceituados diretores de fotografia do cinema brasileiro e possui uma fundamentada carreira no cinema documental de curta-metragem, em relação à qual convém traçarmos alguns dolorosos paralelos com a situação atual do Brasil…
Resistência e deboche: o cinema pornográfico de Alfredo Sternheim (1942-2018)


Falecido em 06 de dezembro de 2018, aos 76 anos de idade, o paulistano Alfredo Sternheim foi um dos mais importantes cineastas da Boca do Lixo, região de volumosa produção cinematográfica que ficou estigmatizada pelo erotismo, não obstante ter erigido um modelo autogerido de financiamento que desafiou as interdições da Ditadura Militar brasileira nas décadas de 1970 e 1980.