“Loucura, loucura, loucura, loucura, loucura. Doença, doença, doença… Caixa d’água!”: é lícito que um realizador escreva elogiosamente acerca de sua própria obra?


Sem ter a intenção de responder ao que foi perguntado, mas de estimular o debate sobre a capacidade de um diretor tornar-se espectador apaixonado daquilo que efetivou, trazemos à tona o célebre exemplo do cineasta Neville D’Almeida, que, ao ser questionado sobre qual seria o seu filme favorito de todos os tempos, não titubeia: “Rio Babilônia” (1982, de Neville D”Almeida). E ele explica os porquês de amar tanto o próprio filme, no sentido de que, quando o revê, assiste a exatamente aquilo que desejou filmar. Faz sentido a apreciação, portanto? Para muitas pessoas, isso seria um indicativo de extrema vaidade. Qual seria a maneira menos problemática de demonstrar afeto por algo correspondente àquilo que foi intentado, em âmbito artístico/discursivo?
“O cinema [contemporâneo] deu uma encaretecida!” — ou de como são revigorantes os festivais de cinema independente!


Ocorrida entre os dias 24 de janeiro e 01 de fevereiro de 2025, a vigésima oitava edição da Mostra de Cinema de Tiradentes, no Estado de Minas Gerais, dá uma importante oxigenada no cinema brasileiro, no sentido de que exibe produções que vão na contramão das idéias fixas e chavões conteudísticos, quanto ao que é produzido ordinariamente. Evento que inaugura o calendário de encontros entre novos filmes, críticos e públicos, esta mostra chama positivamente a atenção pelo estímulo às narrativas inusitadas e/ou comumente rejeitadas – ou, mais que isso, pela exibição de obras em que se constata a ausência de narrativa (tradicional) e o questionamento ostensivo da mesma. Por isso, a temática que norteia a atual edição é uma pergunta: “que cinema é esse?”. As respostas possíveis surgem durante as exibições, conversas e debates acalorados.
Já dizia o imortal: “o passado é para refletir, não para repetir”


Na manhã de um domingo, 19 de maio de 2019, Luiz Rosemberg Filho morre, aos 76 anos de idade. Infelizmente, por ser um cineasta periférico num país subdesenvolvido, a noticiabilidade deste falecimento ficou restrita a nichos bastante restritos. Mas, antes de falarmos sobre ele, convém recapitularmos a extrema importância deste diretor em relação ao desenvolvimento expressivo do cinema brasileiro.