Divulgadores científicos mostram-se ignorantes em relação à religião


Há uma proliferação de influenciadores e divulgadores científicos brasileiros que estão numa cruzada contra aquilo que consideram práticas pseudocientíficas e também contra práticas religiosas supostamente danosas. Estes influenciadores tendem a ser extremamente pueris quando tratam da religião.
A cada novo festival, a repetição do mantra: “curta-metragem também é filme – e muito, muito bom”!


Em suas listas de final de ano, alguns críticos chegam a estabelecer categorias distintas para a divulgação dos filmes favoritos, de modo que os curtas-metragens são elencados separadamente, o que contribui para a manutenção do estigma que estas produções ainda enfrentam por parte do grande público: quantos filmes de curta-metragem (ou seja, até trinta minutos de duração), tu já viste numa sessão comercial de cinema?
“Liberem os homens e mulheres que existem dentro de vocês”: da importância de filmar a realidade e revelar as estrelas do dia a dia…


O documentário “Madeleine à Paris” (2024, de Liliane Mutti) documenta o cotidiano de Roberto Chaves, um dançarino baiano que migrou para a França há mais de trinta anos e, lá, organizou a versão internacional de uma tradição do sincretismo religioso brasileiro, que é a lavagem das escadarias de igrejas católicas, por adeptos do candomblé. Orgulhoso de seus traços quase andróginos, Roberto conta histórias de sua vida, como a primeira paixão por uma mulher e que seu pai era obcecado por sexo. Mas o que está em destaque é a organização da lavagem supramencionada de uma igreja.
Se o dissenso é tão importante, por que a dificuldade em aceitar críticas divergentes? [Ou: quem recebe um prêmio, nem sempre é o melhor em competição!]


Abordamos o caráter metonímico de um importante festival local, o CURTA-SE, Festival Íbero-Americano de Cinema de Sergipe, que, em sua vigésima terceira edição, ocorrida entre os dias 13 e 15 de janeiro de 2025, movimentou a cinefilia do menor Estado do Brasil. Não obstante a exibição de filmes interessantes, o anúncio da premiação, na derradeira noite do evento, deixou alguns espectadores frustrados, no sentido de que os seus favoritos não foram laureados, o que, mais uma vez, acontece: premiações levam em consideração critérios subjetivos – e, tal como acontece no Oscar, no Festival de Cannes ou em qualquer mostra artística, a lista de premiados traz consigo algumas reações revoltosas, principalmente quando os prediletos são menosprezados. Diferentemente da lógica esportiva, nesse tipo de situação, os critérios são bastante complicados…
“My English is not good. But my soul is better”: alguns comentários sobre a premiação do Globo de Ouro, em 2025…


A frase aspeada, neste título, foi pronunciada pela atriz brasileira Fernanda Montenegro, em 24 de janeiro de 1999, quando ela manifestou o seu contentamento pelo Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro, entregue ao já clássico “Central do Brasil” (1998, de Walter Salles). Mais de vinte e cinco anos depois, na mesma premiação, Fernanda Torres, filha da referida personalidade, recebe, na noite de 05 de janeiro de 2025, o prêmio de Melhor Atriz Dramática pelo filme “Ainda Estou Aqui” (2024, de Walter Salles). O diretor é o mesmo, em ambos os longas-metragens, o que chama a atenção para uma questão referente à influência de determinados cineastas em premiações internacionais.
Sobre a importância de averiguar as benesses da literatura ‘pop’ [4/4] e a safra atual de filmes brasileiros: “tu sabes me dizer onde fica este endereço?”


Aproveitamos esta deixa para finalizar a nossa série de artigos sobre a quadrilogia de filmes baseada nas novelas reunidas no livro “Um Ano Inesquecível”, conforme iniciado aqui: baseado em “Amor de Carnaval”, da carioca Thalita Rebouças, “Um Ano Inesquecível: Verão” (2023, de Cris D’Amato), tanto quanto os demais títulos da cinessérie, efetiva mudanças consideráveis na adaptação. Neste caso específico, elas são mui alvissareiras, no sentido de que o texto original é o menos interessante da coletânea. O filme, por sua vez, é divertido na maneira como nos faz torcer por Inha (Lívia Inhudes), a filha de um político conservador de cidade de interior…
Sobre a importância de averiguar as benesses da literatura ‘pop’ [3/4]: “quer moleza? Estude [Ciências] Humanas”!


O truísmo que apregoa que todo mundo tem direito à liberdade de expressão, numa democracia, desemboca, atualmente, na proliferação de discursos de ódio, de inversão de valores considerados canônicos e de ode inassumida à extinção da humanidade. De que adianta continuar escrevendo, num contexto como esse? Chega-se o momento de falar sobre a adaptação cinematográfica da novela “A Matemática das Flores”, da blogueira e escritora Bruna Vieira, que deu origem ao longa-metragem “Um Ano Inesquecível” (2023, de Bruno Garotti & Jamile Marinho).
Sobre a importância de averiguar as benesses da literatura ‘pop’ [2/4]: “minha pele é preta para combinar com a cor de meus cartões de crédito”!


Para além de suas intencionais limitações distributivas – é um “filme de nicho”, voltado ao público adolescente –, “Um Ano Inesquecível: Outono” (2023, de Lázaro Ramos) escancara preconceitos indisfarçados do público pagante, que reclama da “infidelidade” do roteiro quanto ao texto original e que, a despeito das personalidades envolvidas, contribui para que o filme não seja tão visto quanto merece.
Sobre a importância de averiguar as benesses da literatura ‘pop’ [1/4]: “alguém já parou para pensar que ‘Inferno’ e ‘Inverno’ são quase a mesma palavra?”


O lançamento, em 2015, do livro “Um Ano Inesquecível”, composto por quatro novelas românticas, cada uma delas concernente a uma estação do ano, animou parte do mercado editorial destinado ao público infanto-juvenil, mas gerou alguma desconfiança entre críticos literários sisudos, que rejeitam tramas intencionalmente escapistas. O mesmo ocorreu quando, em 2022, foi anunciada, pelo serviço de ‘streaming’ Amazon Prime Video, a produção e o posterior lançamento de uma quadrilogia de filmes, baseados nas novelas em pauta.
“Por isso, o menino não fala: ele sente a tensão” — assim na Turquia como no Brasil!


No documentário “Os Maus Patriotas” (2024), o diretor Victor Fraga – que também esteve presente no evento – interroga o cineasta Ken Loach e, em determinado momento, pergunta-lhe se um realizador socialista pode servir-se de algum gênero que não seja o realismo. O filme turco “Rocinante” (2023, de Baran Gündüzalp) responde, na prática, de maneira mui similar ao que diz o britânico…
“Se alguém me perguntasse ‘qual é a tua religião?’, eu responderia: ‘a infância’!”


“Saudade Fez Morada Aqui Dentro” (2023, de Haroldo Borges) é um filme que faz jus à potência poética de seu título. A despeito de acontecerem situações que, noutro tipo de desenvolvimento tramático, poderiam desencadear conflitos duradouros (uma briga entre namoradas, a própria cegueira de Bruno, a cena em que ele é abandonado por Ângela num local ermo), o roteiro – escrito pelo diretor e por Paula Gomes – é marcado pelo improviso, por uma impressionante naturalidade nas atuações, a ponto de, em inúmeros momentos, pensarmos tratar-se de um documentário.
“Quando eu alçar o vôo mais bonito da minha vida/ Quem me chamará de amor, de gostosa, de querida?”: uma resenha musical.


Contendo quatorze faixas, compostas parcial ou integralmente pela cantora Liniker, “Caju” inicia-se de maneira intimista e dançante, com a faixa-título sobre uma paixão intensa, em que ouvimos ruídos de alto-falantes, em japonês, no que parece ser um aeroporto. O eu-lírico pergunta ao seu interlocutor quem estaria esperando por ela ali, pedindo para que seja diminuído o fluxo de viagens e eventos. “Será que você sabe que, no fundo, eu tenho medo de correr sozinha e nunca alcançar?”, ressalta a letra. É difícil não ser conquistado pelo tom confessional desta canção!
“…E o rio, como qualquer ser vivo, também pode morrer”: ou de como pesquisas acadêmicas são importantes, mas não se configuram automaticamente em estética cinematográfica de resistência!


É motivo de grande noticiabilidade que o documentário em longa-metragem “Velho Chico, a Alma do Povo Xokó” (2024, de Caco Souza) tenha sido selecionado para uma das mostras competitivas da quinquagésima segunda edição do Festival de Cinema de Gramado. O orgulho sentido pelos sergipanos quanto a esta indicação, entretanto, não deve olvidar uma série de problemas constitutivos em relação à feitura do filme em pauta…
O uniforme cafona da equipe olímpica brasileira e o manto tupinambá


O Brasil enviou, neste mês de julho, seus melhores atletas para os Jogos Olímpicos de Paris. Muita gente ficou indignada com a cafonice das roupas fornecidas pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) para os seus 277 atletas participarem da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos. Mas será que nós brasileiros estamos nos conformando diante de tanta cafonice? Será que houve um embotamento geral da nossa sensibilidade estética?
O sabor de remédio da inteligência artificial


À complexa área de estudos que convencionamos chamar de “inteligência artificial” podemos atribuir uma ascensão meteórica nos últimos poucos anos. Tão certa quanto a admiração que mantemos por tudo o que ela pode proporcionar é a convicção de que os maiores avanços ainda nem chegaram a nós, o grande público. Entre sentimentos de apreço e […]
“Eu pensei que ela fosse virgem!”: quando lembramos das pornochanchadas cariocas, o sexo é mesmo o maior problema?


Dentre os filmes brasileiros que superaram a difícil cifra de meio milhão de espectadores em 1978, o longa-metragem em episódios “Pintando o Sexo” (1977, de Egydio Eccio & Jairo Carlos) aparece entre eles. Trata-se de um filme moralmente ignóbil e associado aos piores aspectos do que hoje entendemos como “machismo estrutural”. O próprio título do filme, com uma menção oportunista ao erotismo, surge como falso problema, no sentido de que a sexualidade, se devidamente exercida e/ou liberada, poderia estimular um proveitoso debate político, no que tange à prerrogativa de interação benfazeja entre os indivíduos.
“O sertão tá em todo lugar”? Ou quando um filme brasileiro não é necessariamente “nacional”…


Ao contrário de outras cinematografias nacionais, em que o “data de nascimento” diz respeito à primeira exibição pública, no Brasil, privilegia-se a filmagem. O que isso implica?
Interrompeu-se a marcha de vida de uma grande militante orgânica. Mas o seu exemplo fica, bem como a crença numa “democracia diferente no Brasil”: eis uma homenagem cinebiográfica!


Nascida em Portugal e emigrada para o Brasil, a fim de fugir da ditadura salazarista, Maria da Conceição Tavares afirmava que “tornou-se raivosa” neste país, em razão de uma sucessão gritante de derrotas: acreditava plenamente na instauração de uma “democracia multirracial nos trópicos”, conforme descrevia o antropólogo Darcy Ribeiro [1922-1997], e insistia que “aqueles que não se preocupam com quem paga a conta não são economistas sérios, mas tecnocratas”. Uma grande formadora de líderes, portanto.
“Dinheiro, eles têm. Mas bonitos, não são, não!”: afinal, a privatização enfeia!


Em 2014, a cineasta alagoana Nara Normande e o realizador pernambucano Tião realizaram um curta-metragem extraordinário, chamado “Sem Coração”, no qual um garoto de classe média, em férias numa praia paradisíaca, conhece uma garota apelidada daquela maneira, que se dispõe a ter experiências sexuais com os meninos que a ofendem diariamente. Nove anos depois, os diretores expandiram essa trama, acrescentando novos personagens e contando com a eloqüente presença de Eduarda Samara como a personagem-título, mais uma vez.
Considerações sobre a Reforma Tributária Brasileira


Vamos falar sobre a Reforma Tributária brasileira, que foi promulgada pelo Congresso no último dia 20/12? A Reforma Tributária tem como objetivo simplificar e unificar os tributos federais, estaduais e municipais, substituindo cinco impostos por dois tipos de Imposto de Valor Agregado (IVA). Além disso, a reforma prevê algumas mudanças e exceções nas alíquotas, incidências […]