Há algum tempo atrás foi realizada uma iniciativa no Brasil denominada #SOUPROFESSOR. Espero ter mais oportunidades de falar mais sobre a mesma no futuro porque, para além de ser o titulo deste texto, acredito que de alguma forma exequivel a ideia deve ser trazida para Angola.
Como professores, precisamos de ensinar tudo o que sabemos, enquanto há tempo. Se nada sabemos, se nada temos para ensinar, porque nada aprendemos, de quem nos queria ensinar algo, então, morreremos vazios, mas não com o vazio certo, porque a vida deve servir para nos esvaziar-mos, servindo outros que connosco aprendem, não de nós, vertendo para o mundo tudo o que de bom há em nós, ensinando o que aprendemos, e aprendendo também.
Fazendo menção a uma das minhas músicas preferidas: “Vem, que eu quero lhe ensinar o que aprendi, mas eu quero aprender também.” (Música para quem quiser ouvir é ‘Gentileza gera Gentileza’ da banda Via Jah).
Humildemente falando – e com um sorriso no rosto – existem, na minha opinião, duas classes de pessoas. A primeira classe é constituída pelos professores. A segunda classe é constituída por todas as outras pessoas.
A missão maior, a maior obra que, qualquer ser humano é capaz de deixar como legado, para a humanidade, é uma obra pedagógica.
A minha paixão pela literatura é um reflexo da pedagogia ou aprendizado que recebo de todas as artes.
A arte ensina-me. Quer seja literatura, artes plásticas, ou artes performativas, sinto-me sempre um espectador que aprende.
Com a arte aprendo sobre mim, sobre a profundidade do que sinto, do que penso, do que conheço, sobre mim.
Ler um livro é muito diferente de escrevê-lo. Professores escrevem livros. Professores, leem muito mais livros do que escrevem, mas professores escrevem muito.
O professor e o escritor partilham a ausência de expectativa sobre a sua criação. Criar uma história que faça sentido, tenha um fio condutor, tenha uma moral, um principio-meio-e-fim.
O professor como o escritor, é fiel à missão de deixar em aberto a todas interpretações a veracidade da qualidade do esforço de criação.
Os professores como os escritores, são adorados por alguns, odiados por outros, a melhor memória de algumas vidas, inspirações para algumas trajetórias.
Os professores executam performances como o fazem também os artistas performativos, e têm no seu destino a vontade de impactar quem os escuta, observa, absorve, lê.
Ser professor é ensinar tudo o que sabemos mas, como os artistas, é preciso encontrar o palco certo, e ter alguma sorte.
No palco errado, por muito boas que sejam as intenções, a missão do professor pode ser amputada, ridicularizada até.
Termino, com palavras que não são minhas mas sim de grandes professores.
Victor Hugo: “Nada é mais poderoso do que uma ideia que chegou no tempo certo.”
Martin Luther King: “O tempo é sempre certo para fazer o que está certo.”
Amos Alcott: “O verdadeiro professor defende os seus alunos contra a sua própria influência.”
O professor, vive com estas três frases em frente dos olhos, e na ponta da língua, e ao meditá-las pergunta-se: o que é que faz de mim um(a) professor(a)?
E ao fazer essa pergunta lembro-me talvez daquele que é sem dúvida um dos maiores professores de sempre, Ariano Suassuna. Foi ele quem disse: “A arte, para mim, não é um produto de mercado. Podem me chamar de romântico. A arte para mim é missão, vocação, e festa.”
#SOUPROFESSORANGOLA