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Sou louco e surfo ondas no mar de ódio

Sou louco e surfo ondas no mar de ódio

Um adulto e uma criança ao pular num mar de espuma tem atitudes diferentes ao buscar a saída.

O adulto, crescido, constituído de crenças e vícios e ciente das dificuldades da vida, busca colocar o pé no chão para caminhar e sobreviver ao mar de espuma.

Penso que colocar o pé no chão representa sua preocupação com o concreto e as coisas palpáveis, sendo esse pensamento oriundo do conhecimento adquirido durante os anos.

Pois bem, imediatamente a sensação de diversão, gerada pelo mergulho na mar de espuma, é substituído pelo instinto de sobrevivência, qual seja sair de uma situação que não tem controle.

Paralisado diante do óbvio, o adulto se vê dentro do problema e não percebe as soluções mais fáceis.

Ao buscar o fundo da mar, afunda ainda mais e aumenta a angústia de não resolver o problema. Por consequência, quanto mais fundo na busca do chão (solução), maior a ansiedade para resolver o problema.

A criança inocente e pura, sem travas geradas pelo conhecimento que tolhe sua imaginação e criatividade, intuitivamente não pensa em tocar o chão, inclusive porque, provavelmente, não terá altura suficiente para alcançá-lo. Nesse “vazio” de conhecimento, a criança, normalmente, escolhe a opção mais simples: nadar no mar de espuma.

Seu espírito jovem e atitude empreendedora faz com que se movimente no meio das espumas como um peixe nada sem resistência do mar.

Numa postura diferente do adulto, portanto, sem as amarras do conhecimento, a criança facilmente chega no ponto originário, o qual o adulto nomeia de porto seguro, e, como não se despiu da alegria, volta a mergulhar no mar de espuma. Aos poucos ela aprimora sua técnica e torna o processo mais agradável e divertido.

Assim é como vivemos.

Uma imensidão de regras nos restringe de uma evolução comportamental, sensorial e sentimental, o que causa impacto direto na forma como lidamos com o novo e diferente. Não criamos ou pensamos, apenas seguimos as regras que aprendemos.

Quando crescem algumas crianças se tornam adultas e, por conseguinte, são amarradas ao conhecimento que baliza toda sociedade sem imaginação, preconceituosa e sem senso de coletivo.

Por outro lado, algumas crianças adquirem o conhecimento sem perder o contato com a curiosidade e imaginação, logo não se tornam “adultas”. Normalmente, a sociedade regrada e sistemática, nomeia estas crianças de imaturas ou loucas, por não se adequarem ao mundo adulto..

Na atual sociedade globalizada e permeada de pré conceitos e preconceitos, o louco é aquele não vive no mundo das regras. O louco é aquele que fala o que não se deve falar ou escrever.

Não podemos confundir o louco, com os atuais Governantes, que são insanos e utilizam a linguagem para manter o controle daqueles que se identificam ao tipo de discurso.

Para o louco as regras são alucinações impostas e incompreendidas de um mundo diferente do seu.

Loucamente vive com as pessoas como se fossem iguais. Desprendido de preconceitos, constituídos por pré conceitos, aprendidos ou impostos pela sociedade em vigor, o louco brinca com um leão como se brincasse com um gato, abraça ou beija outro ser humano independente da crença, raça ou nacionalidade.

Não entende o que é certo ou errado, porque age mais de forma sensorial, o que faz sua vida ser baseada em bom senso e não no senso comum.

Loucamente acredita que a verdade é o dito e que a mentira não tem sentido, porque é adulto falar algo diferente do real.

A vontade de escrever decorreu das insanidades que estou a observar nesse período de um mês. Diversos adultos, presos às regras de soberania, utilizam as redes sociais para construir oceanos não cheios de espuma, mas sim de ódio.

Num filtro social insano, jogam pessoas nesse mar de ódio e criam ondas de ofensas, que afogam seres humanos.

Infelizmente, uma parte que supera as ondas e saem do mar de ódio, também são adultos e não conseguem sair ilesos, ocasionando danos colaterais irreparáveis e a aplicação da Lei de causa e efeito, ou seja, alimentando a sinergia no mar de ódio e provocando, um ciclo vicioso de ondas.

Os loucos se divertem com o mar de ódio e torcem para um swell de ondas gigantes, porque assim a diversão será maior. Desta forma, aprendem com a experiência, sem deixar que o conhecimento iniba o bom senso de tratar os outros de forma igual.

Loucamente retornam para sociedade como se nada tivesse acontecido, afinal surfar uma onda no mar de ódio desestressa e não define quem você é.

A democracia não é o governo do povo, mas, sim, o governo do interesse de grupos adultos com acesso ao Poder. 

Como escreve o autor, Francis Fukuyama, no livro Ordem e Decadência Política:

“O estado de direito e a responsabilidade democrática, afinal, são meios alternativos de limitar o poder e, na prática, costumam se apoiar mutuamente.”

Esse apoio mútuo, qual seja regras e conhecimento adulto, se tornou um modo de autoproteção para manutenção do Poder adulto e exclusão dos loucos, quiçá criminalização, da sociedade.

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