Espaço para a intervenção cívica…
Não sei quantos me seguem; se são muitos, se são poucos, mas – sejam quantos forem – conto com todos para ajudarem a espalhar esta mensagem…
A mensagem não é muito complicada ou complexa; contudo, pode ser difícil de assimilar. Não porque requeira o uso excessivo do processo de raciocínio ou porque dependa de conhecimentos académicos que possam não estar ao alcance de todos; mas porque requer, não uma, mas várias habilidades que a humanidade – de há uns anos para cá – tem chutado para canto: responsabilidade; humildade; compaixão; união…
Sim; venho falar do novo vírus Corona: COVID 19.
A OMS classificou, na passada quarta-feira, a situação do mundo como Pandémica. É verdade…
Recordo-me de outras situações no passado – as vacas loucas, a gripe suína, a gripe das aves, Ébola, SARS; todas elas passaram sem que este nosso cantinho tivesse sido muito afectado. Contudo, a única coisa em comum, entre esta e aquelas situações, é a atitude dos Media, excelsos em alarmar a população, porque – perdoem-me – é só isso que os media fazem, por estes dias, numa busca insana e incompreensível por audiências, esquecendo-se de que se isto der por torto as audiências baixarão e não haverão alarmismos que os salvem…
Há coisa de umas duas semanas, enquanto atravessava a ponte Vasco da Gama – por alguma razão – tive uma estranha sensação e disse de mim para mim:
«E pá! Desta vez isto é a sério!»
E esse meu momento de lucidez e – porque não – de clarividência está, infelizmente, a comprovar-se.
Sim! Isto está a acontecer e não há como ignorá-lo; desta vez, a doença não nos passou ao lado e a Pandemia está instalada.
Mas é, o COVID 19, assim tão mau?
Depende das perspectivas…
A taxa de mortalidade é baixa, quando comparado com outros; há muita gente a tratar-se com paracetamol e outras coisas simples. E, visto assim, parece nem merecer preocupação… Contudo, é muito mais contagioso que qualquer um dos outros anteriores e isto quer dizer que tem uma capacidade infeciosa muito grande; é isto que o torna perigoso. Porquê?
Não sei…
Vejamos; em Itália, por exemplo, uma só pessoa, num funeral, infectou 60… Saibam – outro exemplo – que se uma pessoa infectada com o COVID 19 espirrar para uma superfície, toda e qualquer pessoa que tocar nessa superfície nas 8 horas seguintes poderá ficar contaminada e, sem que o saiba, no espaço de 24 dias – o tempo de incubação da doença, embora já tenha ouvido e lido outros números -, cada uma dessas pessoas, poderá estar a contaminar outras pessoas e outros espaços… Façam as contas; estou certo de que perceberão a perigosidade que referi.
Então qual será a atitude correta a ter?
Neste momento, eu tenho visto dois tipos de atitudes e – na minha opinião – ambas erradas.
Por um lado, temos aqueles que metem um saco na cabeça e enfiam-se num supermercado a fazer compras como se o mundo acabasse amanhã; por outro, temos os outros que vão para praia ou para festas temáticas do Corona vírus em recintos fechados. Ou seja, uns estão em pânico e outros estão-se nas tintas.
A atitude correta é o caminho do meio que – sei lá porquê – é uma coisa que a humanidade, há muito, deixou de saber fazer e que é algo tão simples como aplicar ponderação aos seus actos.
É verdade que o COVID 19 é tratável, mas é também verdade que é muito contagioso. E isto quer dizer que não vamos ser irresponsáveis e achar que não nos tocará, mas também não vamos assustarmo-nos e achar que iremos morrer se o apanharmos porque – com se tem visto – a taxa de mortalidade é baixa.
«Ah e tal… O que é que tens que ver com a forma como eu me preocupo e me protejo, ou não, do COVID 19?»
Desculpa?! Já leste o que escrevi?
O problema não és tu, nem sou eu; não é o individuo… O problema é que pela irresponsabilidade de uma pessoa, durante 24 dias, o vírus espalhar-se-á por onde quer que essa pessoa irresponsável vá… E isso é grave.
É grave porque, vejam – acredito que alguém já tenha feito as contas, porque eu cá não as sei fazer -, se o COVID 19 se espalhar dramaticamente, chegará um momento em que não existirão recursos para administrar os tratamentos – aparentemente – básicos com que o tratam e, nesse momento, sim; estaremos todos perdidos…
Mas se, até lá, todos tivermos a responsabilidade de fazer a nossa parte, ser humildes o suficiente para entendermos que apesar de sermos apenas uma pessoa podemos ser determinantes para este combate, ter a compaixão de entender os outros ao nosso redor e saber vê-los como irmãos de guerra que estão no mesmo barco que nós e a lutar da mesma maneira, teremos o espírito de união que nos poderá tornar no maior antivírus da História da humanidade.
O COVID 19 é contagioso, mas não necessariamente mortal, e a melhor maneira de o combater é tirar-lhe o contacto com a matéria infectável: nós.
Por isso, vão lá ao baú, tirem o pó à Responsabilidade, à Humildade e à Compaixão e unam-se a todos nós neste gigantesco combate pela sobrevivência: lavem as mãos afincadamente; espirrem e tussam para os cotovelos; fiquem em casa sempre que possível; evitem aglomerados; e, acima de tudo, lembrem-se, não corram riscos desnecessários, porque com isso estão a arriscar também a saúde dos vossos entes queridos, dos seus amigos, dos conhecidos, dos colegas, dos vizinhos…
Vamos, todos juntos, assumir – e vencer – este desafio que a Natureza nos atirou para cima; talvez o maior de sempre da Era Moderna.
nota final: os tempos de incubação e as horas de sobrevivência do vírus fora do corpo humano, referidos no texto, são aqueles de maior alcance; e, embora neste momento – em que ainda não se têm certezas nenhumas consolidadas – já existam outros números, menores, mas não menos preocupantes, optei por usar os primeiros para enfatizar a gravidade da situação