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O Brasil não estará imune

O Brasil não estará imune

O Brasil não estará imune.

Do excelente texto de Cristian Góes, emerge a raiz do grande conflito brasileiro: O Brasil para quem? O Brasil brasileiro do Ary Barroso, onde o mulato, símbolo máximo do sincretismo racial, é, por crítica, dito mentiroso, falso, mexeriqueiro (inzoneiro) no termo que rima com brasileiro. O Brasil para quem? Esse país que é o mesmo das lutas de classe, o mesmo das disputas eleitorais, em que a maioria eletiva mostra “seu valor” ou seu despudor a levar sucessivamente ao poder agentes contra os interesses mais profundos da identidade nacional brasileira.

E é este conflito que nos vem revelar o texto de Cristian Góes, o conflito da identidade, de se aceitar lusófono, de se querer africano, de se gostar mestiço, de se desejar mulato, de amar sua plurietnicidade, de se saber multifacetado, e gostar disto, gostar de si mesmo exatamente por isso .

A ‘imunidade’ que desentranhou das vísceras do monstro média, o nosso bom Cristian Góes, é um nariz levantado, uma repulsa, uma malquerença, e a raiz de toda indisposição brasileira em aceitar sua grandeza e se erguer grande, como é. De entender que somos o que somos, e que essa elite que se supõe branca, é mestiça. E vamos nos encontrar aí com Caymmi no seu São salvador, “… a terra do branco-mulato, a terra do preto doutor.” Este que é o verdadeiro Brasil. Não o supostamente europeu, ariano, branco. O Brasil é infinitamente mais do que isto que o querem uns quantos. Há que aceitá-lo na sua totalidade, em sua inteireza, tão maior e mais poderoso, englobando tudo, e plenamente semiológico.

E esta repulsa CPLPista (permitam-me o neologismo) é sintomática, é uma tentativa de corte com o passado, como se este não houvesse, e não nos moldasse.  Temos de voltar ao Ary, e abrir “a cortina do passado”, para aceitarmo-nos totalmente, e saber que só poderemos mudar o mundo junto com nossos irmãos de mesma língua, pondo “o rei Congo no Congado”, coroando-o, e entendo sua essência, porque o Brasil só será mesmo brasileiro, quando se entender “lindo e trigueiro”.

Texto de José Cristian Góes:
https://apatria.org/cplp/tracos-de-imunidade-brasileira-diante-da-lusofonia/


Imagem de uso gratuito em Pixabay

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Uma resposta

  1. Obrigado pelas palavras Helder. Você percebeu muito bem a questão da imunidade da elite brasileira diante da comunidade lusófona. Na verdade, uma isenção contra o próprio povo brasileiro, porém, como você bem escreve, há uma impossibilidade histórica e identitária do Brasil está imune de si mesmo. Grande abraço e obrigado mais uma vez.

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