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La vida loca

La vida loca

Tenho visto que muitas pessoas continuam a sua saga pré-pandémica. Para muita gente, tudo se manteve na mesma, após o regresso à normalidade. Para eles, não há nova normalidade; está tudo igual…

Também eu, por vezes, caio nessa esparrela de achar que está tudo na mesma, mas não está; e basta olhar em volta. Há avisos, por todo o lado, alertando para a necessidade de manter a distância social e a etiqueta respiratória… Para quem, como eu, aprecia Ficção Científica e Fantástico – género literário e cinéfilo onde se encaixam as histórias pré e pós apocalípticas – é impossível olhar para estas coisas e não sentir uma certa ressonância com aquelas narrativas. E não se trata de um pensamento pessimista; é a constatação de que isto está a acontecer mesmo e não é a criação da mente de um escritor ou argumentista, embora pudesse existir um cartaz – como já vi no instagram – onde se lesse: 2020, escrito por Stephen King e realizado por Quentin Tarentino.

Em todo o mundo, aproximamo-nos do 1% de infecções; neste momento temos 0,13%. Talvez me achem com uma perpectiva negativa… Vejamos, esta semana falamos em 9 milhões de infectados, a semana passada referiam-se a 8 milhões… A este ritmo, estimo que dentro de 61 semanas – lá para meados de 2022 – chegaremos aos 70 milhões de infectados: 1% da humanidade. Isto, é claro, se até lá não se encontrar vacina ou não ganharmos – todos – mais juízo…

Tenho esperança nisso da vacina. Até porque, se alguns dos fãs das teorias da conspiração tiverem razão, e isto for uma virose criada em laboratório, algures, já haverá um antídoto para a mesma. Mas, mesmo que assim não seja, é do interesse de toda a humanidade encontrar uma resposta ao COVID19; e, por isso, acho que todas estas divergências que temos visto, entre a gente com poder, acabarão por ser vencidas pelo bom senso da gente que realmente trabalha sobre este assunto e, juntos, encontrarão algum tipo de resposta. Era bom, todavia, que fosse mais cedo do que tarde, porque estas coisas das pandemias, estas previsões e estimativas nunca são directas; os cálculos são sempre considerando progressões geométricas e não as simples. E, dito isto, as 61 semanas poderão ser menos; e quando atingirmos o 1% da humanidade, também não saberemos – agora – dizer qual o comportamento do COVID; que, por essa altura, terá já duas novas versões: o Covid20 e o Covid21.

Não venho aqui para ser o pessimista de serviço… Este texto pretende apenas ser um alerta para as pessoas que – durante a Quarentena – andaram a pintar arco-íris e a cantar «Andrà Tutto Benne» que quarentena pode ter acabado, mas não está tudo bem; nem vai ficar tudo bem só porque sim. Todos temos que fazer a nossa parte e isso significa continuar a ter os mesmos cuidados…

Quando analiso o comportamento das pessoas, fico com a sensação, de que a maioria confundiu decisões administrativas e políticas com posições sobre o estado da pandemia; e que quando o governo levantou o Estado de Emergência e começou o desconfinamento entendeu que já não havia qualquer pandemia…

É verdade que possa ter existido alguma precipitação na abertura da economia – aqui e no mundo inteiro -, mas a economia não pode ficar eternamente parada; e as pessoas têm medo do que possa vir se isso acontecer. Mas para que esta medida de retoma económica funcione, as pessoas têm de se manter responsáveis, manter a etiqueta respiratória e a distância social. Contudo, isso não se verifica; basta ir a uma esplanada para ver mesas com mais de 6 pessoas, todos amarfanhados, em cima uns dos outros, cumprimentando-se com dois beijos, abraços e apertos de mão…

Esta irresponsabilidade a que assisto, faz-me considerar que o nosso «bom comportamento», elogiado em tudo o mundo, veio da simples imposição da ordem por parte do estado; e faz-me pensar naquelas correntes que dizem que as pessoas não sabem ser livres, não sabem o que é Liberdade, confundem Liberdade com libertinagem e anarquia… Infelizmente, olhando aos factos, parece ser assim, mas eu acho que não. Acho que tudo aquilo que se passa é que as pessoas ainda não perceberam que ser livre implica ser-se responsável por si próprio e por aqueles que nos rodeiam; ao fim e ao cabo, a liberdade de uns acaba na liberdade dos outros e vice-versa.

Se não atinarmos todos – e depressa – o confinamento regressa; e volta tudo à estaca zero… E porquê? Porque não se soube ser responsável!

Ah! E há ainda outra coisa… O que vai regressar, também, com tudo isso, é ordem imposta pelo estado, pelo tempo que for necessária e que pode tornar-se a norma; e quando demos por ela, mesmo sem vírus, assim fica. Um estado quer um povo obediente; é mais simples assim, principalmente em situações de crise…

Por isso, pensem nisto tudo, da próxima vez que quiserem ir a uma esplanada ou para a praia, a meio da noite, beber uns canecos, porque são jovens e a vida é para ser vivida; ponderem se querem viver tudo agora, num arrepio, ou se preferem ir vivendo, por muito anos, essa vida locca.

Disclaimer: estas opiniões são minhas, pessoais, decorrentes daquilo que me é dado a observar, dos meus saberes, do exercício da minha liberdade de pensamento e não são – agora, ou em momento algum – resultado da posição de qualquer órgão, instituição, media – online ou não –  utilizado para a veiculação das mesmas.

Imagem de Christopher Kuszajewski por Pixabay 

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