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Há uma coisa que nos espera a todos no final da vida: a morte.

A morte tem tanto de tenebroso e assustador como de misterioso. O que nos sucederá após a nossa morte?

Há várias respostas; o que não faltam são respostas que – na verdade – são meras hipóteses de trabalho… Todavia, estas hipóteses de trabalho não podem ser testadas; nunca ninguém voltou dos mortos para nos contar como era. Mesmo aqueles que passaram por uma experiência de quase morte nos podem vir dizer como é depois da morte, porque – de facto – não morreram…

Haverá vida depois da morte?

Desde sempre, a humanidade, procurou explicações para o pós-morte e criou – na ausência das mesmas – mitos para nos mitigar essa ansiedade. Mas ainda hoje, após toda a nossa evolução científica, apenas temos uma certeza: nascemos, crescemos, envelhecemos e um dia morremos; um dia, tudo aquilo que nos animava desaparece para sempre.

Ou será que não?

Fisicamente é evidente que tudo terminou. Basta olharmos para vermos – e percebermos, quase transcendentemente – que havia ali algo que já não há mais; ficamos vazios – de alguma maneira -, despojados de uma qualquer energia que nos animava…

Há quem chame a essa energia animus…

Mas não pretendo entrar por esse caminho; não quero discutir as teorias sobre este assunto. E também não vou entrar pelo campo das religiões e crenças religiosas; não pretendo dissertar sobre as filosofias que justificam a nossa vida somente pela existência de uma entidade superior que tudo rege…

O que eu sei é que nós somos muito mais do que o nosso corpo físico. O nosso corpo físico é uma ferramenta; é a ferramenta que temos para interagir com o planeta onde estamos. E, como toda a ferramenta, requer manutenção para bem funcionar, uma reparação – de vez em quando –, alguns upgrades – talvez – e dessa forma permitir-nos-á interagir com o nosso meio ambiente até ao final da sua vida útil; uma vida útil que será tão maior quanto melhor for o nosso plano de manutenção. O nosso corpo físico é como um fato de astronauta… E é só; ainda que muito importante.

Aquilo que nós somos está dentro de nós; da mesma forma que o verdadeiro astronauta está dentro do fato. E o que é que nós somos?

Não; não estou a falar da mente e do cérebro. Estes fazem parte do corpo e são, como ele, instrumentos. Estou a falar de algo – ainda, pelo menos – não tangível: a alma.

Aqui há muito anos houve alguém que tentou provar a existência da alma; mas tudo o que provou foi que após a morte há um campo electromagnético que abandona o corpo; vai afastando-se até desaparecer. Se pensarmos que tudo é energia; a alma não seria excepção… Poderemos aceitar isto como uma prova – ainda que periclitante – da existência da alma?

Não sei…

Há quem veja esta questão da existência da alma como uma questão de crença religiosa. No entanto, eu discordo. A religião é uma criação humana, gerida por homens – maioritariamente – e por mulheres que estão focados em «vender» a sua filosofia aos outros, numa guerra – hoje – surda, apesar de noutros tempos ter dado lugar a conflitos sangrentos; algo que ainda hoje se verifica, de alguma maneira. Mas quanto à alma todos eles proclamam a sua existência. Logo, não é uma questão de crença religiosa, porque não é foco de desentendimentos…

Acreditam que existe uma alma?

A alma seria a entidade – se quisermos – para quem este fato de astronauta – a que chamamos corpo – foi criado; e logo seria a nossa verdadeira identidade.

A alma – dizem – nunca morre; tem uma vasta experiência universal e, de acordo com a reencarnação, já veio à Terra – e não só, mas para já fiquemo-nos por este nosso mundo – várias vezes; acumulando conhecimento. E isto é bizarro, porque nós não nos lembramos de nada… Contudo, se voltarmos à metáfora do fato espacial, talvez a bizarria se minimize…

Ainda há poucos dias, regressou à Terra, uma astronauta – Christina Koch – que passou 328 dias no espaço, a bordo da Estação Espacial Internacional. Sabem por que razão, numa das fotos, ela está ao colo de outras pessoas?

Porque não sabe andar…

É verdade! Há 328 dias, quando entrou na EEI, era uma pessoa 100% funcional, mas agora, depois de ter passado tanto tempo – quase um ano – sem andar, porque não necessitava de o fazer, o seu corpo vai ter de reaprender o processo de locomoção…

Será que não se passará algo semelhante com a alma quando entre neste fato especial; o nosso corpo?

E que dizer se o fato especial funcionar mal?

Às vezes, o fato traz defeitos… e outras vezes, somos nós quem o avaria; falhando manutenções, consumindo combustíveis inadequados, abusando da utilização aconselhada…

Se um astronauta tiver o azar de ter um fato espacial avariado, seja por que razão for, está em apuros; se não for ajudado, irá começar a perder capacidades, argúcia e, eventualmente, começará a ter atitudes incompreensíveis até ao momento em que todos os sistemas falhem e tudo redunde na sua morte… No entanto, se de alguma forma conseguir sair do fato espacial, tudo o que «morrerá» será o fato.

Ora eu acho que é isso que se passa com a nossa alma; ou melhor, connosco. O nosso fato vai avariando e nós vamo-nos vendo com menos capacidades para aceder às nossas memórias ancestrais, tendo se reaprender tudo como se nunca o tivéssemos sabido… Mas um dia o nosso fato falha; seja por razão for, falha. Pode falhar por avaria catastrófica, pode falhar por má utilização, pode falhar porque simplesmente chegou ao fim da sua vida útil… Um dia o nosso fato falha. E nesse dia nós desaparecemos; tudo o que permanece – ainda que temporariamente – é o fato que usávamos… E reparem se não parecemos – simplesmente – um invólucro vazio; como se o que ali estivesse fosse um fato espacial abandonado?

A nossa ansiedade para com o pós-morte deriva da confusão que fazemos entre o nosso fato e aquilo que nós somos; pois, para a maioria de nós, nós somos o fato. Tudo no nosso mundo vive em torno do físico, do palpável, do nosso corpo; nós idolatramos o corpo; ou seja, o fato. Por isso, quando o corpo acaba, deixa de funcionar, deixamos de ter algo com que nos identificar, e como não existe mais nada senão o fato, o corpo, inquieta-nos saber para onde vai tudo aquilo que existia naquele corpo.

Para onde será que vai?

Não sei ao certo…

Todavia, para quem acredita na existência da Alma, parte da resposta está dada; nada se perdeu: o ser que habitava o nosso corpo saiu e, tal com a Christina Koch, regressou a casa…

 

Imagem de Martinelle por Pixabay

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