Hoje venho falar de emoções; daquelas que nem sabemos que temos até ao momento em que é tarde demais…
Sabem do que falo?
Não. Não estou a falar de amor – pelo menos do carnal; não me refiro aquele frenesim apelidado de “borboletas na barriga” que é não saber se somos correspondidos numa paixão. Do que falo então?
Falo do amor maior: daquele que pode ser sentido por todos e por toda a gente; por pais; por filhos; por irmãos; pela família; por amigos; por namorados e namoradas; por mulheres e maridos; por homens e por mulheres; por animais; por plantas; por nós próprios… É a esse que me refiro.
Só este amor se estende para lá da derradeira fronteira; a morte. E a pena por não se ter vivido esse amor enquanto ele importava, enquanto ele podia fazer a diferença, é o remorso que fica, o peso que – por vezes – ameaça sufocar-nos sob a impossibilidade de nos redimirmos…
Eu tenho coisas assim; acho que todos temos… E, como toda a gente – talvez – , só me apercebi disso quando a minha voz – as minhas palavras – já não podiam alcançar quem eu precisava de alcançar…
E agora?
Agora, vou espiando esta dor fininha que – quando vem – fatia a minha alma, um pouco de cada vez; numa tortura que me imponho por sentir arrependimento pelo que não fiz, um dia…
Por isso, se amam alguém desta maneira que descrevi, não deixem para a última da hora demonstrá-lo; façam-no já. Tornem o mundo dessa pessoa mais bonito, porque – quem sabe – essa pessoa precisa do vosso pedido de desculpas, do vosso amor, do vosso carinho, da vossa compreensão, da vossa companhia…
Vá… Vão lá. Já! Porque um dia, quando lamentarem não terem ido – por terem muito que fazer, porque não vos apetece, por orgulho, medo ou culpa -, será tarde; e, então, essa emoção que tanto, por todos, podia ter feito, de nada servirá a mais ninguém…