O 2020 está quase a acabar. É frequente, quando chegamos ao final de um ano, voltar as costas ao ano que finda e dar graças por isso; ainda que todos saibamos que esta é apenas uma data, uma fronteira, criada pela humanidade para marcar o momento que alguém decidiu ser o momento em que o novo no ano começa. No entanto, 2020, de facto, não deixa saudades e 2021 começará com uma grande carga de expectativas quanto ao futuro porque, pela primeira vez – desde o fim das Grandes Guerras -, vivemos um momento de incerteza quanto à sobrevivência; mesmo que não seja a imediata. Eu faço votos para que 2021 – não pedindo muito, ou talvez pedindo -, pelo menos, nos devolva tudo aquilo que 2020 nos tirou: saúde e liberdade.
Contudo, não posso dizer que 2020 tenha sido muito duro comigo… 2020 não me levou ninguém que fosse importante e não me infectou – a mim e a ninguém próximo – com COVID-19…
E, para além disso, na Big Picture – como dizem os americanos -, o Grande Confinamento, para quem quiser, trouxe um amplo conjunto de dados de estudo para as mudanças que urgem ser feitas na sociedade para o bem de todos nós; nomeadamente a nível ambiental. Para os mais esquecidos, recordo que – em apenas três semanas – graças aos níveis mais baixos de poluição, os canais de Veneza retornaram-se transparentes e os Indianos – para muitos, pela primeira vez – viram os Himalaias; isto significa muito para um mundo onde as autoridades há dezenas de anos dizem que este retrocesso é quase impossível.
O 2020 fez ainda muito mais: fez-nos olhar para dentro de nós; fez-nos olhar para os outros; fez-nos ter noção do tempo; fez-nos – a muitos de nós que viviam nas redes sociais – regressar ao mundo; fez-nos dar valor às pequenas coisas; trouxe-nos a oportunidade de ponderarmos sobre nós e o nosso papel no mundo… E isto são tudo coisas que – no final de 2019 – ninguém diria que aconteceriam
Talvez 2020 tenha mesmo sido o fim de qualquer coisa…
Certo é que nada vai voltar a ser como antes e quem ainda persistir nesse caminho será melhor que desista e abrace as mudanças que aí vêm, porque elas vão vir; inexoráveis. Vai haver quem as receba, vai haver quem as combata e vai haver quem a elas resista; é sempre assim… É um processo que demorará anos, mas que ninguém se esqueça que as crianças de Hoje são os governantes de Amanhã e que este governantes do amanhã são as crianças a quem um dia, quando acordaram, disseram: a partir de agora não podes dar beijinhos a ninguém nem tocar nas pessoas…
Feliz Nova Era!
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