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O golpe de Estado e uma incógnita.

O golpe de Estado e uma incógnita.

Quando a Livraria Hachette pensar em atualizar o livro que editou em 1963 sobre Os Golpes de Estado, hoje muito já em falta para brasileiros, 1964, portugueses, 1974, e muitos outros, como o que culmina agora com o dos americanos do norte, 2021; terá de convidar outro historiador, uma vez que Jean Dumont faleceu em 2001, e terá de rever detalhadamente a história destes golpes recentes, que, por êxito ou desgraça, querem ser entendidos como outra coisa, que não são, sendo apenas Golpes de Estado, ainda que depois possam efetivamente ter evoluído, e se ter transformado em outra coisa, como sói acontecer.

Os golpes de Estado terminam ou em êxito, como o 18 Brumário de Napoleão, ou em rematada desgraça como a tentativa de Catilina. Já o de 6 de Janeiro de 2021, terminou com a morte dos quantos que bravamente defenderam o Capitólio contra os golpistas, tudo já provado e comprovado, decorrido mais de um ano que as investigações começaram e tiveram, evidentemente, a conclusão óbvia. Mas o “House select committee”, a Comissão parlamentar, o fez cautelosamente ouvindo mais de um milhar de testemunhos, e analisando 140 mil documentos, não deixou margem para dúvidas nas suas conclusões, as quais continuará aprofundando no trabalho de apuramento dos fatos: Foi uma tentativa falhada de GOLPE DE ESTADO. Já tinha dito no mesmo dia no artigo É Golpe, e há seis de janeiro próximo passado no artigo Foi em Reis há um ano, artigos que muitos dos órgãos com os quais contribuo não quiseram publicar, aí a força de Trump.

Um golpe com detalhada preparação prévia.

A única justificação possível para o incitamento popular para que o golpe obtivesse apoio, era acusar haver fraude nas eleições, e este processo começou cedo, mesmo antes do que “deveria” começar, quando ainda não se sabia dos números apurados, mas Trump sabia que ia perder, assim, então, seria esta a única maneira de permanecer na Casa Branca, a que foi encontrada por um ‘presidente’ em apuros vários, para além do eleitoral então em curso, uma vez que sabia que não iria ganhar as eleições, só o golpe era solução para si. E logo a seguir, quando foi informado que não havia fraude alguma, o que não o conteve de manter a narrativa de fraude (que soube desde sempre ser uma mentira) continuou insistindo na única centelha que poderia despoletar as forças que acreditava iriam obter o “bom” desfecho do golpe que estava planeado e em movimento desde há muito (Apreciem os depoimentos). O que, por outro lado, não evitou que ele mesmo tentasse fraudar as eleições, tendo ligado pessoalmente para vários chefes de apuração de votos em diversos Estados cuja margem era pequena para Biden, visando que eles “encontrassem” a diferença, os números de votos misteres para o fazer ganhar. Não resultando essa via, insiste na versão de fraude dos Democratas (igual a que ele tentou e não conseguiu concretizar) insistindo à exaustão na cantilinária de que havia um processo de fraude eleitoral em curso. Toda vez que falava como Presidente da Nação mais poderosa do globo, insistia; o que culminaria no comício de 6 de Janeiro, realizado há muito pouca distância do Capitólio, para, como último recurso, tentar impedir por modos violentos a certificação da Vitória do Presidente Joe Biden (STOP THE COUNT e a recontagem já tinham sido antes tentadas, o que fez um pré-aquecimento das hostes), certificação que se iria dar em poucas horas após o comício.

Tudo preparado adrede, desde o local, passando pelos convidados escolhidos que foram ao comício (os violentos Oath Keepers, e Proud Boys, a quem tinha mandado aguardar meses antes) , às palavras de incitamento, o desligar o rádio dos policiais do Capitólio, para que não pudessem pedir reforço, a afirmativa no final do discurso: “Eu irei acompanha-los.” Tudo medido, tudo preparado previamente, dolosamente.

Quando a Hachette for fazer a atualização de seu livro sobre os Golpes de Estados, este miserável golpe americano estará lá, mácula no currículo da Democracia Americana, porém incontornável, uma vez que o próprio establishment dos Estados Unidos da América, oficialmente, já o reconheceu; logo entrou para a lista, o que resta saber é com qual conclusão ficará.

Uma incógnita.

Nestes tristes dias que vivemos desde que começou este terceiro milênio, surgiram forças absurdas, ridículas algumas, mas perigosas, e, ademais, ainda outras que pensávamos definitivamente mortas e enterradas, estão aí de volta, com variadas feições e intenções, promovendo a desordem, trazendo o caos, em diferentes perspectivas manifestas. Dão-se coisas tão repugnantes como pogroms, acontecimentos tão insólitos como os ‘mass shootings’, surgem figuras tão ridículas quanto o criador de frangos Himler, criador também dos Einsatzgruppen, e dos campos de extermínio, e surgiram ainda outras figuras tão medonhas como Mussolini, Hitler, Ivan, o terrível, Napoleão etc… Estão por toda parte.

Temos, no caso do autor intelectual e moral, bem como incitador do golpe de Estado americano, essa figura sinistra e miserável, uma mistura abjeta, recoberta de chanttily para enganar, mistura de Himler, Mussolini, Napoleão, Hitler, acrescida da incompetência que nenhum desses humanos desprezíveis teve, pois eram muito competentes, o Sr. Donald Trump é um equívoco mais que tudo, mas que continua andando por aí.

E nesse seu existir político todo o perigo. Quantas conversas terá tido ele com os generais do Pentágono para tentar começar uma guerra? Eles conseguiram-na evitar, dizendo que não lhes obedeceriam as ordens, os EEUU não são a Rússia, mas foi o momento mais baixo da presidência americana. Quantas tramas fez com outros líderes, de Putin a Xi e Bolsonaro, passando pelos Saud? E os muitos acordos que descumpriu, de Paris à NATO e a ONU? A instabilidade que causou e gerou, a miséria que disseminou, o caos da Ordem mundial que criou, e agora está transformada noutra, abrindo as portas a muitos autocratas, mas a política, como um processo em movimento, releva e esconde tudo isso. 0k. É a Democracia. Já a tentativa de golpe, não, a incitação a violência, o faltar ao juramento de respeitar a Constituição, o ludibriar o povo, a tentativa de fraude, crimes comprovadíssimos pelo Comitê, não dão margem para outra coisa que sua condenação. A incógnita é até quando manter-lhe-ão num estatuto que ele não tem? Seu estatuto é mais que tudo o do falsário, do mentiroso, média de 56 mentiras por dia, todos os dias em que esteve na Casa Branca, o do golpista, do criminoso que ele é. Até quando?

“There will come a day when Donald Trump is gone, but your dishonor will remain.” diz a lúcida Liz Cheney do Wyoming, para seus colegas republicanos que o mantiveram e o mantêm, cegos, pensando só nas suas próprias eleições. Posto que essa criatura Tump, aterroriza, intimida, falsifica, engana, criando facções fiéis. Até quando?

Imagem de Jorge Guillen por Pixabay 

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Uma resposta

  1. Permanecendo a incógnita na invasão do Capitólio, porém temos que em outro crime cometido pelo mesmo agente, o sr Trump, o de apropriação indébita de documentação classificada, se vai aclarando a sequência criminosa praticada por este desqualificado cidadão no exercício da presidência . Sugiro a leitura da documentação: Case 9:22-cv-81294-AMC Document 64 Enteredon FLSDDocket 09/05/2022, cinco de Setembro, são 24 páginas. Os dois assuntos são correlatos tendo em vista, para além do autor criminoso comum aos dois casos, que ambas as ações criminosas são manifestas no intuito do abuso de poder na expectativa de o manter a qualquer preço.

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