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Dia Mundial do Rock: roqueiros reaças, falácias e negacionismo

Dia Mundial do Rock: roqueiros reaças, falácias e negacionismo

No dia 13 de julho é comemorado o Dia Mundial do Rock, que apesar do nome só é lembrado no Brasil. A data foi escolhida por conta do megaevento Live Aid, organizado em 1985 por Bob Geldof e que reuniu grandes nomes do pop/rock mundial. Um desses nomes foi o cantor Phill Collins, que sugeriu durante sua apresentação que aquele dia entrasse para a história como o “Dia Mundial do Rock” [1]. Funcionou. Pelo menos no Brasil.

O rock faz parte da minha vida e é meu estilo musical preferido há muitos anos. Mas não é exatamente sobre rock que pretendo falar e sim sobre roqueiros. Mais especificamente sobre roqueiros reacionários. E também sobre falácias e negacionismo. Para isso, vou usar o exemplo do cantor Marcelo Nova, ex-vocalista da banda Camisa de Vênus, relembrando sua entrevista em um Dia Mundial do Rock durante a pandemia de coronavírus que assustou o planeta e vitimou, em quatro anos, mais de 7 milhões de pessoas ao redor do Globo. Só no Brasil, no mesmo período, foram mortas mais de 700 mil pessoas [2].

Roqueiros reaças

Vez ou outra, por conta de alguma declaração política feita por algum músico, surge no debate público falas a respeito da figura do “roqueiro reaça”, sempre carregadas com um certo tom de indignação e surpresa, vindas de gente que se diz espantada com o fato de um roqueiro ser reacionário, de direita ou conservador. Muita gente que se entende de esquerda ou progressista fala em decepção por causa de velhos roqueiros como Eric Clapton, Morrissey, Marcelo Nova, Lobão, Digão (da banda Raimundos) e Roger Moreira (Ultraje a Rigor), que adotaram posições reacionárias e até negacionistas (principalmente no período pandêmico).

Mas a figura do roqueiro reaça não deveria impressionar tanto, não deveria ser vista como um exemplo de pessoa contraditória. Por várias razões. Primeiro, porque quem se espanta com o roqueiro reaça, achando-o contraditório, ou não conhece a história do rock e não sabe que desde sua popularização, na década de 1950, o gênero sempre esteve vinculado a uma classe média branca, ou bota muita fé no “progressismo” das classes médias brancas no Brasil e no mundo.

A classe média branca tem um potencial para o reacionarismo mais do que comprovado. Movimentos como o fascismo e o nazismo foram disseminados e consolidados em grande medida com base na força da classe média branca europeia. Nos Estados Unidos, onde o rock surgiu, mesmo bebendo da fonte da música negra e de artistas negros, logo em seu nascedouro esse gênero musical foi rapidamente embranquecido, e a indústria musical elegeu Elvis Presley, um branco, como o “rei do rock”. Não cabe aqui nenhuma crítica a Elvis como artista, muito menos uma acusação de que ele próprio seria racista. Não é isso! Aliás, Elvis chegou a abrir espaço para artistas negros em sua carreira. A questão é o que a escolha de um artista branco como ídolo maior de um estilo musical de origem negra revela sobre a indústria e, principalmente, sobre a sociedade.

Mas isso foi na década de 1950. De lá para cá muita coisa mudou, certo? Mais ou menos. Basta ver o hall da fama do rock ao longo de sua história. Quantos ídolos do gênero são negros, pardos ou mulheres? São poucos os exemplos. A grande maioria é homem branco mesmo.

Também não estou afirmando que a classe média branca é necessariamente reacionária, mas que é preciso cautela quanto às expectativas políticas progressistas depositadas sobre ela. Se rappers como Emicida, MV Bill ou Mano Brown se tornarem reacionários e negacionistas no futuro, eu até ficaria um pouco surpreso, já que há anos o rap – principalmente esses artistas citados – possuem forte identificação com as periferias, onde está a grande maioria da classe proletária. Mas Marcelo Nova, Roger Moreira ou Digão “virarem” reacionários não me espanta em nada e não deveria causar espanto em ninguém.

Esperar progressismo de roqueiros de classe média branca é só uma derivação político-musical do imaginário do branco salvador. Pode acontecer? Claro! Mas quando acontece é lucro.

Outra razão pela qual não deveria haver grandes expectativas políticas em relação aos roqueiros e nem grande espanto com roqueiros reacionários é porque ícones do rock brilham muito jovens. Em geral, não dá para esperar que jovens roqueiros, sem militância e/ou formação política, sejam seres iluminados. Tom Morello, ex-guitarrista do Rage Against the Machine/Audioslave e cientista político formado por Harvard, é exceção. Não por ser algum tipo de ser iluminado, mas por ter militância e formação. Em geral, sendo jovens, sem formação política e sem militância, normalmente as abordagens políticas das obras de jovens roqueiros são feitas com base em senso comum e com uma abordagem um tanto superficial.

Por exemplo, quando Cazuza cantava “Ideologia, eu quero uma pra viver”, usava o termo “ideologia” partindo do senso comum. Se formos um pouco mais criteriosos com o uso do termo “ideologia” a partir das ciências sociais e da filosofia, o verso de Cazuza é bem questionável. Ele não poderia dizer que quer uma ideologia, porque, na verdade, todo mundo tem ideologia. Não se escapa da ideologia. Então não faz sentido ele querer uma coisa que já possui (embora não a perceba).

Outro exemplo de senso comum é “Geração Coca-Cola”, canção da Legião Urbana e uma colcha de retalhos de rebeldia inconsistente. Ou vai me dizer que “crianças derrubando reis” e “filhos da revolução” quer dizer algo muito além de um conflito geracional? Não há nenhuma crítica à exploração de classes ou a algo estrutural com mais profundidade. E, sinceramente, não precisa haver. Roqueiros são músicos da cultura pop. Fazem parte de nossa história e compuseram a trilha sonora de nossas vidas. E isso basta, porque isso já é muito.

Falácias

Vamos relembrar um caso concreto vindo de alguém conhecido por ser um roqueiro reaça: Marcelo Nova. No ápice da pandemia, o músico foi entrevistado em um programa jornalístico regional da Rede Globo e sua declaração chamou a atenção pela autenticidade e sinceridade [3] (o que nada tem a ver com estar correto, como veremos). A pauta era justamente o Dia Mundial do Rock, e a pergunta do apresentador foi a seguinte: “Marcelo, nessa pandemia, o que você produziu durante esses meses de isolamento e de quarentena?”

A resposta do roqueiro foi um verdadeiro desabafo de um artista que quer e precisa subir aos palcos para trabalhar. O que é justo. Porém, sem querer bancar o chato, mas já sendo, é necessário apontar e analisar alguns equívocos em sua fala. Isso porque houve muita gente que aplaudiu o que ele disse como se ele fosse um exemplo louvável de rebeldia, liberdade e pensamento independente.

Disse Marcelo Nova, em resposta ao apresentador: “Veja bem, isolamento parcial, porque eu não me submeto a esses ditames do ‘fica em casa, fica em casa’. Eu vejo quem eu quero, eu abraço quem eu quero. E eu vou morrer. Se não morrer de covid, vou morrer de câncer, atropelado, assassinado (…). Eu não trabalho graças a medidas governamentais. Eu não trabalho há um ano e meio”.

O músico prossegue e começa a disparar críticas ao então governador de São Paulo, João Dória: “No Natal passado, o governador João Dória decretou um estado de vermelho, roxo, preto, sei lá, e a população de São Paulo ficou trancada em casa, enquanto ele foi pra Miami, fazer compras nas boutiques de luxo. Qual é a mensagem que um governador passa para a população ao agir dessa maneira? É simples: ‘fique em casa, seu babaca. Fique aí com seu álcool em gel, sua máscara e seu distanciamento, porque eu vou pra Miami. Eu vou curtir sem máscara, sem medo, sem nada. Eu vou curtir a vida, porque eu tenho o poder. E você, babaca, você obedece”.

Marcelo Nova finaliza sua fala fazendo comparações entre as medidas de distanciamento social e regimes totalitários e um suposto modo como a mídia estaria disseminando um pânico que seria importante para um tipo de controle governamental. Entretanto, o mais importante aqui são as críticas ao ex-governador de São Paulo. Quando o músico, motivado por uma insatisfação em relação às medidas restritivas, faz ataques a Dória como sendo um governante hipócrita que propõe uma coisa e faz outra bem diferente, o que Marcelo Nova está fazendo é adotando um tipo de falácia lógico-argumentativa. As falácias podem ser de vários tipos, e há diversas listas de tipos de falácias disponíveis na internet [4].

Uma falácia é um raciocínio incorreto que nos desvia daquilo que realmente importa ser discutido. É algo que nos tira o foco, nos distanciando da lógica e da possibilidade de analisar um problema de forma racional. O debate público está tomado de falácias. Por serem psicologicamente persuasivas, as falácias tendem a deformar o debate público, a opinião pública e a nossa própria cognição. Aos poucos, nossas ideias e opiniões sobre os mais diversos temas passam a ser construídas com base em raciocínios falaciosos, o que é extremamente nocivo e nos impede de resolver os problemas.

Quanto à entrevista do cantor e suas críticas a Dória, direi algo que pode parecer absurdo para alguns: é perfeitamente possível alguém ser hipócrita e ainda assim ter razão. Vejamos:

Imagine a seguinte situação: eu vou à empresa onde você trabalha para dar uma palestra sobre direção defensiva e os riscos da combinação de álcool e direção. Eu mostro para você e seus colegas de trabalho estatísticas que apontam para o aumento dos riscos de acidente conforme a quantidade de bebida alcoólica que o condutor ingeriu. Mostro também os efeitos do álcool no cérebro e termino com frases de efeito: “Álcool e direção não combinam”. “Se beber, não dirija”.

Após a palestra, ao final do expediente, todos da empresa vão para um bar ao lado, e eu vou junto. Eu aviso, mais uma vez: “Quem vai dirigir deve ficar só no refrigerante, ok?!” Entretanto, eu mesmo começo a beber uma cerveja após a outra. Os funcionários da empresa observam esse meu comportamento. “Provavelmente é porque ele não está dirigindo”, pensam. Só que após eu pagar a conta, tiro do bolso uma chave que parece ser de um carro, saio cambaleando de bêbado do bar, abro a porta de um carro e vou embora, dirigindo todo torto.

Imediatamente você pensa: “esse palestrante é um hipócrita!”. E, de fato, neste caso eu sou mesmo. Propus aos funcionários de uma empresa algo que eu mesmo não faço. Palestrei sobre regras que eu não cumpro. Entretanto, eu ser hipócrita não muda o fato de que álcool e direção são realmente uma combinação perigosa. O uso de bebida alcoólica prejudica, sim, os reflexos e aumenta os riscos de acidente. Há evidências abundantes sobre isso, fato que não vai mudar por causa do meu mau comportamento. Ou seja, é perfeitamente possível alguém ser hipócrita e ainda assim ter razão.

Voltando à fala de Marcelo Nova, apontar uma suposta hipocrisia de João Dória não muda em absolutamente nada a eficácia comprovada das medidas restritivas de distanciamento social. Apenas serve para nos desviar do foco. Em vez de discutirmos e compreendermos uma medida eficaz de combate à pandemia e defesa da saúde pública, passamos a tratar da suposta hipocrisia de um governante. Aqui não cabe saber se Dória foi mesmo ou não a Miami, quais as razões da viagem ou se ele tomou os cuidados necessários durante essa viagem (caso ela tenha de fato ocorrido). A existência ou não da viagem, assim como as circunstâncias em que ela foi feita caso tenha existido, não muda a necessidade do distanciamento social. O raciocínio proposto pelo cantor é falacioso, pois desvia o debate do verdadeiro problema: a contenção da pandemia.

Se uma pessoa, motivada pela indignação diante da hipocrisia de um governante, decidir que por conta disso vai sair na rua e se expor como se não houvesse um vírus mortal pela cidade, além de pôr a sua vida e a dos outros em risco, estará incorrendo em um erro lógico. Da mesma forma, no exemplo que propus da palestra sobre álcool e direção, se você pensar: “Esse palestrante é um hipócrita! Eu vou beber e dirigir igual a ele. Que se dane!”, estará você também incorrendo em um erro lógico e pondo a sua vida e a dos outros em risco. Minha hipocrisia não muda certos fatos. Álcool e direção são uma combinação perigosa! As falácias também são! Não significa que criticar a hipocrisia de alguém não seja uma discussão válida. Só que é uma outra discussão.

A falácia usada pelo cantor na entrevista é conhecida pelo nome de “tu quoque”, cuja tradução do latim é literalmente “você também”. Outro nome dado a ela é falácia “de apelo à hipocrisia”, justamente porque o debatedor foge do foco e opta por apontar uma suposta hipocrisia de outra pessoa. Ela faz parte da lista de falácias que apresentamos acima. Apesar do raciocínio falacioso, por conta de sua entrevista Marcelo Nova foi exaltado como algum tipo de rebelde de espírito livre, que não se submete aos “ditames” da mídia, das instituições, do estado, da ciência ou seja lá o que for. O problema é que da mesma forma que é possível ser hipócrita e ainda assim estar certo, também é possível ser rebelde e estar errado.

Um dos vídeos que mostra essa entrevista enaltecendo o cantor afirma na legenda que “A Globo esqueceu de combinar o roteiro com o convidado e paga mico ao vivo com uma aula contra lockdown”. A proposta do vídeo é mostrar que Marcelo Nova deu “uma aula”, contestando com sua suposta rebeldia uma imposição de lockdown. Acontece que não havia lockdown nenhum no Brasil. O que houve por aqui foram algumas medidas restritivas que eram reforçadas ou flexibilizadas a cada mês na medida em que o número de casos confirmados de covid aumentava ou diminuía, assim como o número de leitos ocupados na rede de saúde dos estados e municípios aumentava ou diminuía. Medidas restritivas sempre reforçadas e flexibilizadas conforme o cenário ia mudando. Isso não é lockdown. Em países como Itália e Reino Unido, sim, houve lockdown. Aqui temos um outro exemplo de falácia, conhecida como “espantalho” (também consta na lista que apresentamos), que consiste em exagerar as ideias, situações e argumentos que se quer combater, para ficar mais fácil de atacá-los. Ao exagerar chamando as medidas restritivas de lockdown, ficaria mais fácil atacar essas medidas.

Negacionismo

Marcelo Nova é, portanto, um negacionista. E um negacionista orgulhoso. Mas o que é negacionismo? O conceito é comumente entendido como “o ato de negar-se a acreditar em uma informação estabelecida em áreas como a ciência e a história” [5] ou mesmo “a escolha de negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável” [6]. José Luiz Ratton, em seu “Dicionário dos negacionismos no Brasil”, explica que ao tratarmos do negacionismo

Estamos falando de realizações coletivas em que práticas de negação transformam-se em formas completamente diferentes de ver o mundo, indo além da recusa da verdade e produzindo outra verdade, que se pretende superior, busca evitar a publicização de desejos secretos, suposta e provavelmente inconfessos para a coletividade, pois incapazes de acomodar diferenças, alteridade, respeito ao outro (RATTON, 2022, p. 198).

Há uma variação de negacionismos, que nos últimos anos vêm sendo estudados e categorizados por pesquisadores de diversas áreas em todo o mundo: negacionismo climático, negacionismo científico, negacionismo histórico etc. Todos bem explicados no livro “Dicionário dos negacionismos no Brasil”. A explicação de Ratton traz elementos interessantes para analisarmos a fala do cantor Marcelo Nova. Ratton destaca, por exemplo, que o negacionismo evita a publicização de certos desejos.

Sabemos que a indústria do tabaco, que fomentou e deu forma ao negacionismo na segunda metade do século 20, quer vender mais cigarros. Sabemos também que a cadeia industrial ligada aos combustíveis fósseis quer manter suas atividades produtivas e continuar lucrando. Mas diante de evidências sobre os malefícios do cigarro à saúde e sobre as mudanças climáticas antropogênicas (fruto da ação humana), não basta assumir claramente, em alto e bom tom, o desejo de continuar lucrando independentemente dos problemas ocasionados. Representantes da indústria tabagista não podem abertamente dizer: “Veja bem, sabemos que cigarro faz mal e te mata lentamente, mas continue comprando cigarro e fumando, pois precisamos do seu dinheiro. Obrigado por fumar”. Isso não basta. É preciso patrocinar iniciativas que gerem dúvidas e controvérsias junto à opinião pública sobre evidências científicas que a indústria considera inconvenientes para seus negócios.

No caso individual de Marcelo Nova, a coisa é mais justificável e menos inconfessável. Trata-se de um músico que quer trabalhar. Isso é absolutamente legítimo. Mas é preciso separar as coisas. É justificável uma pessoa tornar pública a sua necessidade de trabalhar. O que não dá é para ela despejar raciocínios falaciosos e negacionismo científico para defender o próprio direito ao trabalho. O fato é que vivíamos uma situação extraordinária diante de um vírus mortal contra o qual não havia vacina. Isso obviamente requeria sacrifícios, e os principais afetados por esses sacrifícios – dentre eles trabalhadores dos setores de turismo e cultura, por exemplo – precisavam do amparo de políticas públicas. O problema é que o Brasil vivia um governo em nível federal que pouco se importava com políticas públicas e preferia incentivar negacionismos do que assumir sua responsabilidade na administração do prejuízo e no amparo às vítimas e a milhões de trabalhadores. O negacionismo do governo federal era uma forma de ele se esquivar do problema. E o cantor Marcelo Nova aderiu a esse negacionismo, talvez por julgar insuficiente apenas dizer que queria trabalhar.

Mais do que aderir ao negacionismo, o roqueiro demonstrou orgulho dessa sua atitude. E aqui vem a cereja do bolo. Em uma outra entrevista, ele reivindica a figura de Jesus Cristo como forma de enaltecer suas próprias atitudes e opiniões negacionistas [7]: “Eu sou negacionista como Jesus Cristo era negacionista. Ele negava o poder do Império Romano. Era um sujeito que negava, rapaz. Governo com ele? Ele mandava tomar no cu! Jesus era um negacionista e eu também sou. Me nego a aceitar ordens de quem quer que seja”.

Além de falacioso e negacionista, Marcelo Nova mostra aqui que também é anacrônico. Em história, anacronismo é quando alguém pega um conceito de uma época, elaborado dentro do contexto dessa época, e tenta aplicá-lo a uma outra época em que aquele contexto que possibilitou o surgimento do conceito sequer existia. É o que muitos fazem, por exemplo, ao tentar aplicar os conceitos de esquerda e direita, surgidos na Revolução Francesa, a questões medievais ou da Antiguidade. O negacionismo é um fenômeno de nosso tempo que está relacionado à produção de negação de ditames da ciência moderna. No tempo de Cristo não existia ciência moderna. Não dá para simplesmente chamar de negacionista todo mundo que ao longo da história negou alguma coisa. Mas o anacronismo é assunto para outra ocasião.

Confesso que por essa eu não esperava. Nunca imaginei que alguém fosse reivindicar Jesus Cristo para legitimar o próprio negacionismo. Mas aí está um dos grandes desafios daqueles que se propõem a combater o negacionismo: nunca sabemos qual será o próximo devaneio. A imaginação humana é extraordinariamente potente. É por isso que teorias conspiratórias costumam ser tão criativas. A mente humana voa longe. Isso é maravilhoso, mas também desastroso. Pode dar muito certo na literatura e nas artes, mas pode também dar muito errado na política e na ciência. Nunca sabemos onde brotará a próxima flor de lótus do negacionismo na imensidão pantanosa da inventividade humana.

Referências:

SZWAKO, José; RATTON, José. Dicionário dos negacionismos no Brasil. Recife: Cepe, 2022.

[1] Entenda por que o “Dia Mundial do Rock” só é celebrado no Brasil

https://www.radiorock.com.br/2023/07/13/entenda-por-que-o-dia-mundial-rock-e-celebrado-no-brasil/

[2] Pandemia da covid-19 completa 4 anos…

https://www.poder360.com.br/coronavirus/pandemia-da-covid-19-completa-4-anos/

[3] A Globo esqueceu de combinar o roteiro com o convidado

https://www.youtube.com/watch?v=PZPGYvOpwzE

[4] “Não cometerás nenhuma dessas 24 falácias lógicas”

https://papodehomem.com.br/falacias-logicas/?fbclid=IwAR0MD_398R7Vy8M_UsxHPCC8EeWh8eDXPMl7U5usiohLA-uLDsuAF2SNTDA

[5] Negacionismo

https://mundoeducacao.uol.com.br/curiosidades/negacionismo.htm

[6] Negacionismo

https://pt.wikipedia.org/wiki/Negacionismo#cite_note-1

[7] Marcelo Nova é negacionista de uma forma diferente

https://www.youtube.com/watch?v=XrCP7GRjKrI

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