Num mundo superpovoado não pode haver vazios demográficos, excessão feita aos desertos, e às florestas, é mesmo assim… Porque os vazios demográficos existem num país em função de faltas populacionais específicas, em geral decorrências de baixa taxa de natalidade, podendo ocorrer por outras circunstâncias, geográficas, que vão desde razões específicas de pouca hospitalidade, ocasionadas por faltas hídricas, ou características várias do território, até às de ordem cultural, ou religiosa. No mais devemos entender que esses vazios são um convite a que ocorra uma invasão.
Hoje há enormes pressões demográficas em vários pontos do globo, onde ocorrem problemas de sustentabilidade para populações com altos índices, ou onde haja falta de oportunidades (trabalho, escola, distribuição de bens) bem como das condições de salubridade (saúde, atendimento médico, e mesmo as condições que proporcionam atividades culturais de toda ordem) impulsionando a movimentação das populações, sobretudo as com excesso de gente, ou onde há manifesta miséria, ou guerras, ou ainda intolerância religiosa.
As pressões da superpopulação excitam dois movimentos consequentes, o primeiro a saída das gentes de seu território de origem, e o outro de atração para áreas onde hajam as oportunidades que buscam, sendo essas ricas e organizadas, bem como outras onde haja necessidade de braços para o trabalho, porque falta de gente, por alguma das razões que apontei, criando um movimento insurgente muitas vezes.
Com essas circunstâncias de desequilíbrio ocorrendo em vários pontos, os movimentos populacionais são cada vez mais frequentes, com as pessoas dispostas a abdicar de usas tradições, costumes e referências, para irem lançar-se na aventura de novas terras e novas vidas, na ânsia de encontrar melhores condições, ou de simplesmente se afastarem dos perigos ou impedimentos que as tolhem. Nunca antes se ouviu falar tanto de migrantes (imigrantes e emigrantes) refugiados, deslocados e por aí afora.
Em países onde hajam esses espaços tão desejados, é mister que tomem consciência da pressão a que estão sujeitos, e em vez de tentarem se opor a um fluxo imparável, buscando manter um afastamento obtuso, como se o problema não fosse com eles, e o problema é de todos nós, toca a todos nós, e num mundo globalizado todos devemos tomar nossa parte, acatar a situação, tentando por uma ordem conveniente no fluxo que se estabeleça. Primeiro porque se os países têm esses vazios demográficos, necessitam de gente que os preencha, segundo porque a pressão não irá desaparecer, mesmo porque o movimento de saída das gentes que buscam novos territórios continuará, sempre que não se extingam as causas que as impulsionam em seu primeiro movimento de se afastar dos problemas que as incomodam, e terceiro porque sempre, ainda, haverá incompatibilidades locais por muitas razões (culturais, religiosas, de costumes, etc…) e essas só não gerarão conflitos a jusante, se a recepção dos fluxos migratórios for acolhida. E nessa ideia de acolher se encontra a de direcionar, de orientar, de ajudar e ordenar o que esteja acontecendo, em proveito de todos.
Toda e outra qualquer perspectiva é errada, para não dizer estúpida. O que fez a União Europeia de pagar a Turquia para reter o fluxo migratório, o que pretende os EEUU com muros, ou com a pressão que coloca sobre o México para que esse contenha o fluxo que o atravessa rumo às fronteiras estadunidenses, a violência que fez a Hungria, os desequilíbrios do estabelecimento de campos de concentração de refugiados nos países limítrofes a guerras, como ocorre com os fronteiriços à Síria (onde perto de meio milhão não conseguiu fugir e morreu lá) ao Afeganistão, ao Sudão, e ainda outros 50 países em conflito, bem como os sem recursos hídricos, em distúrbios climáticos, ou em condição de miséria ou desequilíbrio institucional, como a Venezuela, a Colômbia e as Filipinas.
Os vazios não se poderão manter, e, países como Portugal, que necessitam como do pão para a boca de gente para preencher seus enormes vazios, apesar de tão pequeno, e menos pretendido pela fama de que dispõem outros países ricos como a Alemanha, que os torna polos de atração, mas cuja qualidade de vida não colhem a menor comparação com a qualidade de vida portuguesa, a trigésima quinta riqueza global, e o terceiro país mais seguro do mundo, nesta condição, só batido pela inóspita terra do gelo, ou por umas ilhas isoladas, perdidas no Índico, a Nova Zelândia, onde Moaris e britânicos com a fé cristã, vivem uma segurança forte, mas que não impediu que um louco fuzilasse várias dezenas dentro de duas mesquitas, massacrando-as, o que não ocorre em Portugal, que deve aproveitar-se dessas numerosas hordas humanas, para resolver seus problemas demográficos que geram diversos desequilíbrios no país, e que, a longo prazo, irão ser maiores pela falta de peso para fazer rodar as diversas estruturas que dependem de gente para se manterem, que vão desde os muitos serviços, até a sustentabilidade do sistema de previdência social. Gente é o sal da terra, a energia que move as engrenagens, a saúde das nações.
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