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Os escandinavos e a emergência da monarquia inglesa

Os escandinavos e a emergência da monarquia inglesa

Antes da chegada da ofensiva escandinava às ilhas britânicas, reinava Offa (757-796), em Mércia, autointitulado “rei dos ingleses”. Sobre o seu reinado sabe-se que tinha um tratado comercial com Carlos Magno, que emitiu um código de leis, e que as fronteiras do seu reino se debatiam com os celtas.

O seu sucessor conseguiu extinguir as rebeliões em Kent e em Ânglia do Leste, sub-reinos de Mércia, mas não fora suficiente para assegurar a coesão do reino. Em 802, Egberto de Wessex, tornou-se rei e também se virou contra Mércia. Investiu e conseguiu tornar-se seu soberano. Era também monarca da Nortúmbria, Kent e Ânglia do Leste.

Durante os últimos anos do seu reinado, a ofensiva viquingue dinamarquesa assumiu proporções preocupantes. Tomaram Mércia e Nortúmbria, ficando apenas independente o reino de Wessex, governado por Alfredo, “o Grande”. Depois de algumas negociações e pagamentos de tributos aos dinamarqueses, Alfredo manteve a sua autonomia, porém, por pouco tempo, pois os dinamarqueses acabaram por investir contra ele. Apesar das derrotas, Alfredo conseguiu recuperar e oferecer resistência.

O chefe dinamarquês dessa ofensiva, Guntram, que também se tinha tornado num soberano, opta por negociar com Alfredo. Guntram concordou aceitar o cristianismo e governar os territórios de leste, nomeadamente a Nortumbria (que viria a denominar-se Danelaw), enquanto Alfredo ficou com a Mércia ocidental e a área a sul do rio Tamisa. Quando Guntram se estabelece em Danelaw, sucede uma migração de escandinavos para a zona leste de Inglaterra.

Alfredo criou uma Marinha e organizou o Exército na base de um soldado por cada unidade de terra, consolidou alianças através da contração de matrimónios e construiu vilas fortificadas com o seu filho Eduardo, “o Mais Velho”. Estas fortificações foram construídas em locais estratégicos, geralmente a 25 km umas das outras, dentro de Wessex e nas suas fronteiras. Os fortes eram mantidos pelo trabalho dos distritos e muitos deles acabaram por se desenvolver em grandes cidades. Alfredo foi um patrono da cultura, detendo cópias de obras da época, tais como a Preocupação Pastoral, de Gregório, O Grande, Sete Livros de História Contra os Pagãos, Consolação da Filosofia, e foi provavelmente responsável pela compilação da Crónica Anglo-Saxónica.

Em termos da administração do poder régio, Alfredo tinha emitido um código de leis que incorporava os estatutos dos seus antecessores, incluindo os reis de Mércia. Embora contemplasse as instituições tradicionais como o “preço de sangue” (wergeld) e a compensação pessoal por danos, também procurou fortalecer a posição do monarca. Por exemplo, permitiu a vingança dos familiares excepto quando conflituava com as obrigações que cada um tinha para com o seu senhor.

Entretanto, Eduardo, “o Mais Velho”, toma a Mércia dinamarquesa, e expandiu a sua organização em vilas por essa área. Foi sucedido por Athelstan, que a dota de um código de leis que estabeleceu a organização por “shires” (condados). Athelstan instituiu uma multa para os senhores que recusavam fazer justiça a homens livres, forçando os seus súbditos a apelar ao tribunal real, todavia, também penalizava aqueles que recorriam ao tribunal do rei, sem primeiro o terem feito ao seu senhor. Expulsou os escandinavos da Nortúmbria, encetou campanhas militares na Escócia, e forçou os reis da Gália a aceitarem a sua soberania e a pagarem tributo anual. Foi ele o primeiro governador inquestionável da Grã-Bretanha.

Em 955, após a sua morte, reacende-se o separatismo nórdico, mas rapidamente termina com a extinção da linhagem Norse. Edgar, “o Pacificador” (959-975), promoveu um conjunto de reformas monásticas e é o primeiro rei a denominar-se “de Inglaterra”.

NICHOLAS, D. (1999). O Ocidente Carolíngio: A Europa nos séculos VIII e IX. In A Evolução do Mundo Medieval. Sociedade, governo e pensamento na Europa: 312-1500. Lisboa, Publicações Europa-América.

 

 

Imagem: Athelstan, King of England. https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/bf/Athelstan.jpg

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