Existem algumas pessoas que construiriam uma linguagem arrojada, carregada de significados, ilustre e com a qual poderiam fazer grandes coisas. Mas não é isso que se passa…
Em vez disso, tornaram-se donos de uma verborreia perniciosa, dura, crítica, feita para aleijar…
As razões profundas pelas quais construíram aquela sua talentosa habilidade – provavelmente – estarão encerradas em escuros traumas infantis ou problemas sérios de rejeição social; e não me interessam. Ninguém, por muito sofrimento que tenha atravessado na vida, ganha o direito inalienável de ser incorreto para com os outros; não há desculpas para se ser intratável. O ser intratável é um traço de personalidade que se desenvolve como aos outros e – regra geral – terão havido, durante o seu desenvolvimento, sucessivos alertas, de pessoas próximas ou não; e que terão sido ignorados, conscientemente, porque este tipo de gente sente que é dona da razão e que o mundo está contra eles… Iria até mais longe: entendem que todos os outros são parvos.
Conhecem alguém assim?
Estou certo de que conhecem; se não pessoalmente, conhecem-nos das redes sociais e afins…
Esta gentinha passa o dia à procura de coisas sobre as quais possa dizer mal e criticar e, assim que as encontram, parasitam-nas como se fossem fungos da pior espécie; e conseguem – muitas vezes – transformar erros inocentes, palavras bem-intencionadas – ou até gralhas – em verdadeiros escândalos que só eles, donos da tal verborreia, seriam capazes manipular e transformar nisso mesmo…
Eu não sou contra a crítica, todos temos o direito de dizermos o que pensamos, mas não temos o direito de ofender todos os outros que – por sinal – também expressam a sua opinião, embora seja contrária à nossa; e, muito menos, só por causa disso. No entanto, é frequente estas pessoas recorreram à adjectivação depreciativa, ora do conteúdo ora do autor, dessas opiniões diferentes, justificando-se com coisas de significado macro e pouco concreto e recorrendo a uma linguagem intrincada, educada e sonante; como convém a quem se assume como senhor da Verdade.
Quando me sucede isso, quando tenho a infelicidade de me cruzar – no éter – com esses refugos da humanidade, fico com ganas de lhes fazer o mesmo; mas depois sinto que isso seria uma perda o meu tempo. Para que eu os atingisse, de alguma maneira, eles teriam de ser donos de alguma vergonha, ter noção de educação, possuir bom senso e serem capazes de ouvir outras coisas para além daquela voz – certamente irritante – que lhes grita na mente a patranha de que são eles as pessoas mais inteligentes do mundo…
Por isso, resolvi vir aqui dar-vos um conselho. Quando isto vos acontecer – e o mais certo é que aconteça – perdoem-lhes; são parvos bem-falantes. São como aquelas pessoas que usam perfume para disfarçar o mau cheiro; sabem?
É isso mesmo… E, da mesma forma que àqueles o perfume não esconde que se é um porco, também o bem falar, a estes, não esconderá que se é parvo. São parvos convictos: nada há a fazer… E, para que se faça justiça, é só esperar pelo dia em que alguém – por ironia – lhes faça o mesmo que eles costumam fazer…
Enquanto isso, não se amofinem: deixem-nos andar por aí a desperdiçar oxigénio…
Imagem de Barroa_Artworks por Pixabay