A minha incursão nas redes sociais deu-se em 2008, por motivos de promoção do meu livro; publicado, então, pela Papiro Editora. Sob essa motivação criei um blog e um perfil no facebook.
Nestes 11 anos, entretanto, criei grupos e páginas – no Facebook -, site, blogs e mais blogs, tenho uma conta no Instagram e outra no Linkdn. E porque é que eu fiz isto?
Porque criou-se a ideia de que se não estamos nas redes sociais não existimos. Será mesmo assim?
A verdade é que eu estou nas redes sociais e, ainda assim, não existo. Não existo, porque, depois do trabalho árduo que tenho tido na divulgação dos meus trabalhos como escritor, continuo sem ter um número minimamente interessante de seguidores; e atenção que não me estou a referir aos seguidores profissionais – há pessoas que seguem tudo o que mexe -, estou a referir-me a pessoas que de facto se importam. Por isso, estar nas redes sociais não basta…
Tenho constatado que as pessoas com maior volume de seguidores, excluindo as celebridades, são pessoas que existem muito para lá das redes sociais; para quem a rede social é apenas uma forma de alargar o número de pessoas a que se chega, porque o verdadeiro trabalho é feito, não diria cara a cara, mas de corpo presente: em palestras; workshops; cursos…
E há ainda aqueles que praticamente nem têm presença nas redes sociais…
Podem dizer que eu devo estar a fazer alguma coisa mal; ou, então, que não sou interessante…
É a vossa opinião, neste momento, sem me conhecerem… E mesmo que a mantenham depois de me conhecerem, é-me igual, porque eu conheço-me e sei o que valho; e valho bem mais do que muita gente que agora anda aí nas bocas do mundo. Seja como for, eu desafio o maior guru das redes sociais – e há muitos, pelo que se vê – para me vir apontar falhas na minha estratégia …
O que eu quero dizer é que as redes sociais também criaram um fenómeno de auto-preservação. Não sei se isto foi inconsciente, se não, mas a verdade é que toda a gente que está nas redes sociais assume-se como uma autoridade num determinado assunto e apresenta-se com uma série de actividades sonantes. E todos eles têm o seu método para garantir o sucesso – seja em que área for – e depois – vai-se a ver – e o que todos têm são opiniões sustentadas meramente na sua experiência pessoal. O resultado disto, numa primeira instância, é a perseguição dos mesmos métodos por toda a gente e, numa segunda, no afogamento inevitável na rede social…
Milhares de pessoas morrem afogadas todos os dias nas redes sociais: molham os pés; vão entrando até à cintura; e depois uma corrente fenomenal arrasta-os para águas profundas. De repente não conseguem ver outra coisa que não a rede social; nem lhes passa pela cabeça que pode existir vida fora da rede… Ou seja, as redes sociais, através dos seus elementos, vão enredando toda a gente fazendo crer que é ali que está a solução para tudo e que só ali se poderão encontrar respostas para o seu problema – seja ele qual for…
Um ponto de ordem: estou a referir-me ao fenómeno do marketing digital…
Já vos passou pela cabeça que todos esses gurus – os que o são e os que pensam que são – podem não querer que vocês tenham sucesso?
Afinal, o vosso sucesso ditará – potencialmente – menos sucesso para eles. E é por isso que – talvez – pode haver algum segredo que eles não vos revelem. Mas adiante…
Mais recentemente tenho-me apercebido disto: as redes sociais estão cheias de gente que sabe tudo. Esta gente sempre existiu; toda a gente conhecia esses Chico-espertos. Mas com a internet, citando Umberto Eco, os imbecis conquistaram tempo de antena… Não lhes levem a mal, porque é provável que não o façam com intenção; talvez sejam incapazes de entender que são profundamente incompetentes naquilo em que se acham competentes. Seja como for, a grande verdade, é que a vida vive-se nas ruas; com pessoas e com suporte material…
Por isso, façam aquilo que fizerem nas redes sociais, de nada servirá se não tiver uma projecção cá fora; as redes sociais não são um fim em si – a solução única para o sucesso -, como nos vendem, mas um apoio para nos fazer chegar mais longe.
É por isso que começo a ponderar abandonar a forma como tenho usado as redes sociais… Quero viver, estar com as pessoas, ter obra factual e material e daí em diante…
No entanto, vou manter-me por lá, porque – afinal e ainda – dizem que quem não está nas redes sociais não existe…