No âmbito das comemorações do centenário do nascimento de José Saramago, o Centro Cultural e Galeria Anjos Teixeira, no Funchal, exibiu na passada quinta-feira, dia 25 de agosto, pelas 19h00, o documentário “José e Pilar” (2010).
Importa recordar que esta sessão integra o conjunto de iniciativas intituladas “Palavra Resistente. Com Saramago”. De acordo com nota informativa enviada às redações, estas iniciativas realizam-se todas as terças e quintas-feiras, ao fim da tarde, até ao final do mês de agosto.
Após a exibição, segue-se a análise do documentário mais ambicioso sobre o Prémio Nobel da Literatura. “José e Pilar”, documentário dirigido por Miguel Gonçalves Mendes, foi lançado em novembro de 2010, cinco meses após o falecimento do escritor português. Por esse motivo, Saramago não chegou a assistir à versão final do filme.
As filmagens decorreram entre 2005 e 2009, ainda que a narrativa apenas se desenrole entre fevereiro de 2006 e dezembro de 2008. No documentário, que tem pouco mais de duas horas de duração, Saramago é filmado no seu quotidiano, na sua casa, nas suas relações de proximidade, nos seus conflitos e contradições, no seu trabalho criativo, nas suas iniciativas públicas e na sua intervenção cívica e política. No decorrer das filmagens, os passos do casal Saramago são acompanhados, quer seja na sua casa em Lanzarote, nas Ilhas Canárias, ou nas suas viagens pelo mundo, onde o escritor era homenageado. O documentário acompanha, ainda, o processo de criação da obra A Viagem do Elefante, o décimo quinto romance do escritor. Assim, divulga o novo livro que o autor iria começar a escrever.


Numa fase final do projeto, o brasileiro Fernando Meirelles e os espanhóis Pedro Almodóvar e Augustín Almodóvar integraram a produção de “José e Pilar”, que apresenta um retrato fiel da vida de José Saramago e Pilar del Río, com cenas reveladoras e polémicas da personalidade do galardoado escritor.
O documentário foi eleito o melhor documentário do Festival Cineport de 2011, tendo conquistado a mesma distinção pela Academia Brasileira de Cinema, que também lhe atribuiu os prémios de melhor montagem e melhor banda sonora original. Além disso, esta produção conquistou os prémios de melhor documentário segundo o público na 34ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo e na 2ª Mostra de Cinema Visões do Sul. Este filme foi, ainda, indicado ao Óscar de Melhor Filme Estrangeiro por Portugal.
Imagem de capa: D.R. Fonte: Centro Cultural e Galeria Anjos Teixeira