Decorreu nos passados dias 3 e 4 de fevereiro, a 2ª edição da “Think+ 2022 International Conference on Tourism, Teaching and Technology: a Comprehensive Approach”, organizada pelo Instituto Superior de Administração e Línguas (ISAL), que reuniu sessenta e três investigadores oriundos de oito países, nomeadamente, Brasil, Croácia, Grécia, Índia, Itália, Paquistão, Portugal e República Checa. A Língua oficial do evento foi o Português.
A “THINK+ 2022” é uma iniciativa sem fins lucrativos, organizada pelo ISAL, em parceria com o Instituto Iberoamericano de Compliance (Brasil), o Centro de Estudos de Bioética e a Ponte Editora – através da Revista E3 e d’A Pátria – tendo por objetivo a promoção da investigação e reflexão científica sobre as áreas do Conhecimento, Aprendizagens, Tecnologia, Inovação e Competitividade, aplicadas aos setores do Turismo e da Gestão Empresarial.
Em nota enviada às redações, refere-se que, na sessão de abertura deste congresso Dorita Mendonça, Diretora Regional de Turismo, em representação da Secretaria Regional de Turismo e Cultura (RAM), teve a oportunidade de destacar que, “o perfil do turista mudou como consequência da pandemia”. A decisora pública, em declarações à RTP-Madeira e Antena 1-Madeira, realçou que, “o turista de hoje é mais jovem e mais amigo da tecnologia”. A diretora regional além de agradecer à organização pelo convite e pela iniciativa relacionou no evento, que os conceitos de Turismo, Educação e Tecnologia, demonstrando como estes três domínios se associam.
A oradora principal do congresso foi Cândida Carvalho, presidente do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira, que realizou uma intervenção na sessão inaugural, debruçando-se sobre “Os problemas éticos no Turismo médico”. A investigadora defendeu a realização de “campanhas de sensibilização para as preocupações éticas com a saúde global”, alertando para a necessidade de realizar “mais estudos sobre os impactos do turismo médico no país”. Poderá rever o primeiro dia do evento aqui.
Turismo, Inovação e Sustentabilidade em debate
O primeiro painel temático do evento, dedicado ao Turismo, Inovação e Sustentabilidade, teve a moderação de Sancha de Campanella, Vice Diretora Geral do ISAL. Neste painel intervieram Cristina Abreu, investigadora do Business Research Unit (BRU-ISCTE) e docente do ISAL, e os professores universitários Manoel Gustavo Neubarth Trindade e Silvio Bitencourt da Silva, docentes na UNISINOS (Brasil).
Nesta ocasião os investigadores partilharam a opinião de que modelos sustentáveis de desenvolvimento turístico, assentes na valorização patrimonial e da natureza (Cristina Abreu) e por meio de inovações sociais (Silvio Bitencourt da Silva) potenciam uma melhoria na performance dos destinos e vantagens competitivas.
Ensino e Tecnologia
No segundo painel da noite, dedicado ao Ensino e Tecnologia, além da intervenção de Fabrizio Bon Vecchio, presidente do Instituto Ibero-americano de Compliance e Co-Chair do evento, contou também, com a participação de dois colunistas d’A Pátria e membros da equipa diretiva e editorial do grupo Ponte Editora, Cristina Vaz de Almeida, professora universitária, doutora em Ciências da Comunicação, com especialidade em Literacia em Saúde e Editora-Chefe do Jornal Investigação Médica (JIM) e Eduardo Leite, Vice-Presidente da Escola Superior de Tecnologias e Gestão da Universidade da Madeira, onde é também professor adjunto e investigador integrado do CITUR e diretor da Ponte Editora. A mesa foi moderada por Luís Sardinha, Coordenador Geral da Ponte Editora e Co-Chair da THINK Conference.
Cristina Vaz de Almeida, identificou alguns dos riscos e benefícios das tecnologias, para as aprendizagens e para o desenvolvimento de competências, conferindo várias perspetivas futuras. A investigadora destacou que, de acordo com os objetivos do desenvolvimento sustentável da UNESCO (4), “a Educação deverá ser inclusiva, de qualidade e equitativa e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos”. A oradora apontou várias “inquietudes perante um mundo complexo”, destacando a necessidade de novas habilidades: “perceber e navegar no digital”; “ter mais conexões sociais”; “usar melhor as nossas emoções” e “pensar com mais cuidado”.
Eduardo Leite, destacou que, no campo da Educação, todos estão “a falhar nalguma coisa”, acrescentando que, temos vindo a demonstrar que, para “o modelo capitalista é mais difícil fazer o seu reset do que extinguir o mundo”. O orador alertou para o facto de considerar o atual modelo de desenvolvimento tecnológico e social esgotado, apontando que os conceitos subjacentes às discussões das futuras gerações, serão o “pós-capitalismo e o pós-trabalho”.
Cerca de duas dezenas artigos em discussão nas sessões paralelas
Os trabalhos estenderam-se até perto das 23h00 (hora de Lisboa), dando a oportunidade aos mais de sessenta investigadores internacionais apresentarem os seus estudos, em várias sessões paralelas. Os resumos dos trabalhos serão publicados na Revista E3 – Revista Economia, Empresas e Empreendedores na CPLP, publicada pela Ponte Editora. As sessões foram moderadas por Andreia Carvalho e Luz Silva, docentes do ISAL.
Destacam-se alguns dos estudos apresentados:
- “Communication and linguistic skills in a digital environment: are higher education students prepared for today’s job market?”, da autoria de Andreia Carvalho, Cláudia Afonso, Ivana Jurković, Tanja Badrov e Vassilia Kazamia;
- “Effect of computer programming on mathematical understanding of engineering students”, de Ankit Gupta, Sumaira Ashraf e Mónica da Silva Cameirão;
- “Decision Supporting Models in Tourism: a literature review”, de Arturo Gomes e Élvio Camacho;
- “The importance of emotional intelligence in contact employees in the tourism and hotel sector: a literature review”, de Carolina Azevedo Menezes;
- “ItaCzech: sharing economy in the accommodation Sector: Is there enough space where to live?”, de Anna Placereani e Karolína Mikulová;
- “Tourism sector: accommodation and seasonality”, de Rodolfo Dias, Marco Figueira, Luís Fernandes e João Pinto;
- “Sustainability in tourism”, de João Freitas, Luís Abreu e Tiago Caires;
- “Mischaracterization of the tourist destination”, de Filipa Santos, Daniela Craijdan, Carolina Vieira, Soraia Nunes e Francisco Vieira;
- “A salvaguarda do património cultural e a reabilitação urbana: instrumentos instrumentos de desenvolvimento sustentável das cidades”, de Diogo Goes;
- “Turismo em parques urbanos de metrópoles brasileiras”, de Aldira Raquel Paula Maia;
- “Planejamento de roteiros de turismo pedagógico”, de Rosaline Ferreira de Oliveira;
- “O estudo da motivação dos turistas: apresentação de um case study”, de Mónica Fernandes Camacho e Nélio Sequeira;
- “Estratégias de adaptação das empresas de animação turística, organização de eventos e congressos em tempos de crise pandémica – estudo de caso”, da autoria de Cláudia Caetano;
- “Empresas de pequeno porte do setor hoteleiro e a LGPD”, de Fabrizio Bon Vecchio e Aicha de Andrade Quintero Eroud;
- “O impacto das tecnologias da informação e da comunicação no direito penal”, de Emanuela de Araújo;
- “Compliance em sustentabilidade e tecnologia aplicado ao turismo ambiental brasileiro”, de Max Silva Araújo.
Os estudos intitulados “Tourism sector: accommodation and seasonality”, “Modelos de Suporte à Decisão em Turismo: uma revisão da literatura” e “Estratégias de adaptação das empresas de animação turística, organização de eventos e congressos em tempos de crise pandémica – estudo de caso”, foram os vencedores das melhores apresentações de “conference papers”.
Mesa empresarial concluiu a edição de 2022
No último dia do evento decorreu uma “mesa redonda” moderada por Élvio Camacho, Doutor em Gestão, professor universitário e coordenador da Licenciatura de Organização e Gestão Hoteleira do ISAL. Esta mesa teve como oradores António Jardim Fernandes, vice-presidente da Associação de Promoção da Madeira, Jorge Veiga França, presidente da direção da Associação de Comércio e Indústria do Funchal e Paulo Pereira, presidente da delegação regional da Ordem dos Economistas. Poderá novamente assistir à mesa redonda aqui.
Jorge Veiga França referiu que a academia pode desempenhar um importante papel reflexivo para a decisão sobre “onde se pode melhorar o produto turístico”, destacando a importância da valorização do “product” e do “place” no marketing estratégico turístico, para uma abertura a “novos mercados e novos segmentos”. O orador destacou a necessidade de continuar a apostar na qualificação e que a digitalização pode constituir uma oportunidade perante uma “escassez dos recursos humanos” especializados. “A pandemia provou que nós conseguimos fazer uma revolução naquilo que eram os meios tradicionais de captação de turistas”, referiu ainda.
António Jardim Fernandes, destacou que no início da pandemia, “a promoção através dos meios digitais permitiu manter um contacto permanente com os turistas e com os tour operadores”, permitindo a rápida reativação do setor. O orador destacou que, durante a pandemia, houve uma alteração dos mercados emissores, dando ênfase ao mercado do leste europeu. Referiu ainda que “o perfil do cliente mudou: tornou-se mais jovem, mais informado, mais digital” e por isso, em termos promocionais “foi preciso criar conteúdos para esse tipo de público” .
Já Paulo Pereira deu ênfase ao atual contexto macroeconómico e os seus impactos na economia regional, nomeadamente na área do turismo. O presidente da delegação regional da Ordem dos Economistas realizou uma introdução ao tema do debate, procurando identificar em que condição económica e financeira estará o cliente/turista “nos próximos tempos”, porque, segundo considera, este é “um facto muito importante para percebermos a predisposição que (o potencial cliente) tem para viajar e para gastar, e em que mercados”. O orador apontou o crescimento da inflação, a desvalorização da libra em relação ao euro, a despesa com a transição digital e energética e a tensões político-militares, como causas prováveis para a diminuição do rendimento disponível para o turismo e lazer.
Paulo Pereira destacou a necessidade de adaptação das unidades hoteleiras ao novo público, alertando, no entanto, para a dificuldade no acesso ao financiamento para realização dessas “obrigações de investimento”, colocando novos “desafios para as empresas”, perante um “mercado de difícil acesso ao capital”.
Sancha de Campanella, Vice Diretora Geral do ISAL concluiu a conferência agradecendo a todos os intervenientes e destacou os resultados alcançados nesta segunda edição: “onze keynote speakers; dezasseis apresentações; trinta e cinco autores; trinta e cinco membros do comité científico; sessenta e três participantes de oito países” aos quais se soma uma audiência de mais de três centenas visualizadores online.
Fotos D.R. Joana Martins / Cortesia ISAL